08 jul 2016

Série de seminários sobre o PRADAM começa pelo Pará

*Do SENAR Brasil

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Os princípios e tecnologias de produção sustentável no bioma amazônico preconizadas pelo Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (PRADAM) – parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Brasil), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa – começaram a ser apresentadas para produtores, técnicos e estudantes nesta quarta-feira (6/7).

O primeiro seminário de sensibilização do projeto reuniu, aproximadamente, 200 pessoas, na sede do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá. Representantes do SENAR, da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) e do Mapa falaram sobre as quatro tecnologias oferecidas pelo PRADAM: Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Sistema Plantio Direto (SPD), Florestas Plantadas e Sistemas Agroflorestais (SAFs).

Carlos Xavier

Para o presidente da FAEPA, Carlos Xavier, o bioma amazônico vem sendo explorado nas últimas décadas, mas outras iniciativas do Sistema CNA/SENAR, como o Projeto Biomas, já demonstraram que a região pode servir de vitrine tecnológica para o desenvolvimento de atividades agrícolas com retorno econômico. Ele ressalta que a pecuária é a principal atividade dentro do agronegócio do Pará e que o PRADAM vai contribuir para que se possa fazer recuperação de áreas degradadas e aumentar a capacidade de animais nas pastagens. “Em qualquer atividade econômica você precisa agregar tecnologia e vamos aprender a fazer isso aqui, inclusive para dar resultado para o nosso País. Não tenho dúvidas de que teremos resultados altamente satisfatórios”.

Walter Cardoso

Na opinião do superintendente do SENAR-PA, Walter Cardoso, o PRADAM contribuirá de uma maneira efetiva para correções de situação referentes à proteção do ecossistema e para que os produtores obtenham uma melhor “performance” na sua atividade. “O projeto está exatamente condizente com a proposta do SENAR no estado do Pará e do SENAR Nacional. A nossa grande preocupação, como um todo, é levar aos produtores e trabalhadores rurais os bons ensinamentos para que eles possam desenvolver com sucesso o seu empreendimento agropecuário. Todo projeto que possa realmente contribuir para que o produtor rural tenha um melhor retorno econômico e social não só para si, mas como para a sua família também, nós apoiamos e vestimos a camisa”. Ele também entende que o PRADAM vai contribuir perante as cobranças dos órgãos governamentais, especialmente no que diz respeito às reservas florestais, áreas de conservação permanente, ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e ao Licenciamento Ambiental Rural (LAR).

Durante o seminário, os participantes também puderam aprender ainda mais sobre as práticas do projeto em duas palestras ministradas por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental. “Sistemas agroflorestais: alternativa à diversificação, segurança alimentar e conservação dos recursos naturais” foi o tema abordado por Débora Veiga de Aragão. Já Moacyr Dias Filho falou sobre recuperação de pastagens e iLPF.

Matheus Ferreira

O coordenador nacional de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR, Matheus Ferreira, observa que além de disseminar os conceitos das tecnologias de uma forma “aplicável” para os participantes, os seminários têm a finalidade de acabar com a resistência que às vezes existe em relação a esse tipo de práticas e mostrar que elas são viáveis, rentáveis e trazem grandes benefícios para quem as utiliza. Ferreira observa, ainda, que o PRADAM tem outra função relevante: desmistificar a ideia de que a exploração agropecuária na Amazônia desmata e promove o trabalho escravo “Quando se fala em região amazônica como um todo, existe um grande interesse de todos os países do mundo. O que PRADAM também quer mostrar é que existem formas sustentáveis de se produzir sem degradar o meio ambiente e que as áreas estão sendo preservadas, respeitando a legislação e, sobretudo, com ganho para o produtor rural”.

Além dos eventos de sensibilização que acontecerão nos outros estados integrantes da iniciativa (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão e Rondônia), está sendo organizada uma turma de capacitação com 60 técnicos de ATeG (10 de cada estado participante). O primeiro módulo do treinamento vai ocorrer no dia 11 de julho, na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). Com carga horária de 180 horas/aula, a programação prevê conteúdo tecnológico, metodológico e gerencial.

Evento reuniu centenas de pessoas em Marabá

Muitos benefícios com o PRADAM

Josenir Nascimento

O superintendente do Mapa no Pará, Josenir Nascimento, salienta que “cultura de recuperação de áreas degradadas” já é muito forte no Sul e Sudeste e é extremamente importante que o PRADAM traga isso para a região da Amazônia. “O maior patrimônio que é um produtor tem é a sua terra. Quando ele desenvolve um trabalho tecnificado para recuperar as suas áreas, ele está recuperando o seu patrimônio e isso é extremamente importante porque vai gerar mais renda e dar mais qualidade de vida para o produtor”. Outra vantagem que Nascimento enxerga no projeto é atender a uma demanda do mercado internacional, que prefere comprar de áreas certificadas e de origem, onde são conhecidas as práticas ambientais que os produtores utilizam.

Fábio Alves

Fábio Henrique Alves, que atua com técnico no SENAR-PA há mais de 15 anos, avalia que o principal benefício do PRADAM será a recomposição florestal e o alinhamento com as novas tecnologias de baixa emissão de carbono que são preconizadas pelo mundo. Segundo ele, o projeto poderá trazer vantagens tanto para grandes e médios produtores, através da recuperação de pastagens degradadas e do plantio de florestas plantadas, como para pequenos, que por meio da associação com serviços agroflorestais poderão obter uma fonte de renda extra durante todo o ano. Alves alerta que o principal desafio será promover uma mudança de paradigma em relação a uma cultura antiga que ainda existe na região que é a “derruba, queima e planta”. “Estamos trabalhando com algo que é meio ingrato que é a transferência por inveja. Nós vamos numa propriedade, aconselhamos um produtor que tenha um pouco mais de flexibilização, fazemos um trabalho lá e depois de dois ou três anos, quando esse produtor começa a ter retorno, a gente chama os outros pra mostrar que dá certo. Um produtor com outro produtor se entende melhor do que a gente ficar só falando de técnicas”.

Maurício Filho

O produtor rural e diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá, Maurício Fraga Filho, conta que quando a sua família chegou na região vinda de São Paulo, em 1973, era comum abrir áreas e “derrubar mato” para a pecuária. Mas agora isso mudou. Na opinião dele, o PRADAM, além de recuperar áreas degradadas e torná-las mais produtivas, terá o importante papel de evitar com que novas terras se degradem, o que vai estimular ainda mais o potencial produtivo da pecuária na região, que tem ótimas condições climáticas para a atividade o ano todo. “Tanto como pecuarista como diretor do sindicato, nós temos um interesse muito grande nesse projeto, mas o desafio sempre é financiamento. Precisamos de dinheiro para desenvolver esse projeto e reformar pastos. Cada vez os bancos exigem mais documento e isso dificulta um pouco o acesso ao crédito. Dinheiro tem, mas a dificuldade burocrática é o maior problema para a gente hoje”, afirma ele, que trabalha com recria e engorda de gado na região de Marabá.


06 jul 2016

Produtores do Pará conhecem detalhes de tecnologias de baixa emissão de carbono em seminário do PRADAM

*Do SENAR Brasil

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Mais de 200 pessoas participaram do primeiro seminário de sensibilização do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (PRADAM), que aconteceu em Marabá, no Pará, nesta quarta-feira (06/07) durante a programação da Exposição Agropecuária de Marabá (Expoama).

Os participantes assistiram a duas palestras de pesquisadores da Embrapa sobre a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e a importância da Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia, tecnologias de baixa emissão de carbono.

O coordenador de Assistência Técnica e Gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Matheus Ferreira, esteve no evento em Marabá e explicou a importância desse projeto, por telefone logo cedo no Canal do Produtor TV.

O próximo seminário ocorrerá nesta sexta-feira (08/07), em Rio Branco, no Acre. O evento é gratuito e acontecerá no auditório da Federação da Agricultura do Estado do Acre (FAEAC), das 8h às 12h30.

Sobre o Projeto
O Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (PRADAM) é primeira parceria entre o SENAR Brasil e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). As ações são realizadas com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa, para disseminar práticas de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) na região amazônica.

O assessor técnico do SENAR, Mauro Muzell Faria, também falou sobre o PRADAM, ao vivo nesta quarta-feira (06/07) no estúdio do Canal do Produtor TV.

Assista à entrevista:

Acesse a agenda de eventos do PRADAM :

http://www.senar.org.br/abcsenar/pradam/

 


29 jun 2016

Visita técnica proporciona contato com tecnologias ABC e troca de experiências

*Do SENAR Brasil

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Os instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) que atuam no Projeto ABC Cerrado conheceram de perto, nesta quarta-feira (29), as tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistema Plantio Direto na unidade da Embrapa Cerrados, em Brasília. A visita técnica faz parte da capacitação que acontece durante toda esta semana na Sede do Sistema CNA/SENAR.

Além de ver de perto como funcionam as tecnologias, os instrutores participaram de palestras dos pesquisadores da Embrapa sobre os experimentos realizados e os resultados alcançados. “Recebemos muitas informações novas, de tecnologias que eu particularmente ainda não conhecia. Está sendo muito bom e poderei levar essas novidades para minha região e incentivar os produtores a adotarem essas tecnologias, porque atualmente ainda estamos atuando apenas com recuperação de pastagens”, conta o instrutor Danilo Alves Pereira, do SENAR Bahia.

Sebastião Pedro da Silva

O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro da Silva, destacou a importância dos instrutores terem esse contato com as tecnologias de baixa emissão de carbono e ressaltou qual delas é, para ele, a que está em evidência. “A integração Lavoura-Pecuária-Floresta é a tecnologia que está mudando e vai continuar mudando o patamar da produtividade brasileira pelas suas características produtivas”, disse.

Os instrutores saíram da visita animados com o conteúdo ministrado, que tratou também de forragicultura para recuperação de pastagens e plantas de cobertura para Sistema Plantio Direto.

Paulo Eugênio Cordeiro

Para o instrutor do SENAR Minas Gerais Paulo Eugênio Cordeiro, as tecnologias ABC vão ajudar o produtor a fazer melhor uso da terra, e a instrutora Alaise Lopes Martins acredita que no seu estado, o Piauí, a Recuperação de Pastagens vai se destacar entre tecnologias. “Isso vai acontecer devido à realidade do estado, não que as outras três tecnologias também não sejam importantes. De todo modo, o conhecimento adquirido nessa capacitação está nos dando embasamento para tentarmos provar para o produtor os ganhos que ele terá na produção adotando as tecnologias ABC e protegendo o meio ambiente, que é o que todos nós queremos.”

Ronaldo Trecenti

Na visão de Ronaldo Trecenti, consultor do SENAR em iLPF, que ministra o treinamento junto com outros dois profissionais,  a visita técnica na Embrapa fecha com chave de ouro o treinamento. “O que está sendo visto aqui é pesquisa em andamento, não publicada, essa experiência não está catalogada. O aluno não vai ver isso na faculdade nem em apostilas, só vindo aqui para presenciar, conversar e trocar experiências. Estar aqui é fundamental para eles que vão atuar levando capacitação para o produtor rural. Eu considero que a visita técnica é fechar o treinamento com chave de ouro.”

A capacitação dos instrutores ainda segue até sexta-feira, 1º de julho. Eles ainda terão aula sobre iLPF e Sistema Plantio Direto. “Após o treinamento os instrutores estarão prontos para ir a campo. Este é o segundo treinamento de instrutores e objetiva a atualização e formação de novos colaboradores para o projeto”, completa Mateus Tavares, coordenador do Projeto ABC Cerrado no SENAR.


17 nov 2015

Sistemas de integração viabilizam produção em solos arenosos

* Da Embrapa

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Soja irrigada por pivô / Foto: Ricardo Carli

A redenção de milhares de pequenas e médias propriedades rurais localizadas sobre os 50 milhões de hectares de solos arenosos no Brasil pode se dar com a adoção de sistemas de integração, como indicam pesquisas da Embrapa. Ao menos 30 fazendas do Oeste de São Paulo têm apostado na rotação soja-capim, alcançando produtividades que chegam a mais de 70 sacas/ha em alguns pontos, algo até então considerado inviável para a região, com ganhos expressivos também em desempenho animal no período seco. Já na “Costa Leste” e no Sul de Mato Grosso do Sul, um novo formato de sistema de integração tem resultado em produtividades médias de carne de até 20 arrobas/ha. Os resultados surpreenderam porque produzir nesse tipo de solo sempre foi um desafio para pecuaristas e agricultores.

Região tradicionalmente pecuarista, o Oeste paulista é marcado por pastagens degradadas sobre solos arenosos, considerados limitadores da atividade agrícola por conterem baixo teor de argila e grande porosidade, o que dificulta a retenção de água e, consequentemente, de nutrientes para as plantas. “Dizem que solo arenoso é um filtro de água. Mas, pelo menos, podemos pensá-lo como um filtro de água melhor”, diz o pesquisador João Kluthcouski, o João K, da Embrapa Cerrados (DF).

Sob a orientação da Embrapa e da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), de Presidente Prudente (SP), e com apoio da cooperativa Cocamar (PR), a Fazenda Campina, em Caiuá (SP), passou a adotar o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) em 2013, iniciando a rotação de soja com braquiária numa área de 450 hectares, ocupada durante 15 anos por pastagens de baixa produtividade. A propriedade, pertencente ao Grupo Carlos Viacava, também agregou tecnologias como o sistema plantio direto e a descompactação do solo.

Depois de apenas dois anos de plantio da soja, os dados impressionam. Na safra de verão 2014/2015, apesar dos 29 dias de estiagem que alcançaram o período reprodutivo da leguminosa, a produtividade média foi de 39,6 sacas/ha, variando de 14,6 sacas/ha numa área com plantio convencional até 73,6 sacas/ha num talhão com plantio direto, algo impensável para a região.

No período de safrinha, foi plantado milho consorciado com capim-braquiária. Dessa vez, foram 54 dias sem chuva. A colheita novamente surpreendeu: média de 80,8 sacas/ha de milho com 13% de umidade do grão e média de 41,9 t/ha de milho silagem. “São dados inacreditáveis para uma área com altitude média em torno de 400 metros, considerada imprópria para a cultura do milho”, comemora o pesquisador.

A terceira safra, a de boi, foi garantida pelo pasto, que permaneceu verde mesmo no período mais seco do ano. A pastagem, que em 2013 suportava 0,5 unidades animal (UA – equivalente a um animal com 450 kg de peso vivo) por hectare, viu a taxa de lotação aumentar para 1,9 UA/ha em 2015. O índice é bem superior à taxa de lotação média nacional, que, de acordo com estimativas, não ultrapassa 0,7 UA/ha.

O ganho médio de peso foi de 0,6 kg/dia/animal, e houve registros de animais com ganhos de até 0,9 kg por dia sem qualquer suplementação adicional. A forragem de melhor qualidade também permitiu aumento do peso médio dos bezerros à desmama aos 210 dias: os machos ficaram 22 kg mais pesados e as fêmeas 14,5 kg.

Na safra passada, quase 40% da área produtiva da fazenda foi dedicada à soja, e o rebanho está maior que há três anos, quando o sistema ILP foi implantado. Diante dos resultados, a ideia é de que, com a implantação do sistema, metade da fazenda fique com lavoura de soja e a outra metade com pastagem durante dois anos, com rotação de 50% da área a cada ano.

“Quando completarmos o giro, o que vai levar de um a dois anos, teremos o máximo. Se conseguirmos aumentar a produção em 20%, já será um fenômeno. Tenho certeza de que teremos também um aumento substancial da produção de touros”, aposta o proprietário Carlos Viacava, que deve implantar o sistema em mil hectares na safra 2015/2016. “A propriedade, que antes só tinha receita advinda da pecuária, agora tem três fontes de receita”, completa o filho Ricardo.

João K aponta que o segredo está no uso do capim-braquiária e no sistema plantio direto, além do uso de mata-broto, um implemento agrícola usado na descompactação do solo. Outro fator de sucesso foi o deslocamento do período de enchimento de grãos ao efetuar a semeadura em novembro, em vez de outubro. “Plantando mais tarde, escapamos do veranico”, explica o professor Edemar Moro, coordenador do curso de especialização em ILPF da Unoeste.

Moro estima que entre cinco mil e dez mil hectares estejam atualmente cultivados com soja a partir do sistema ILP no Oeste paulista. Ele lembra que haviam casos isolados de uso do sistema na região até 2011, quando a universidade passou a promover dias de campo na fazenda experimental em Presidente Bernardes (SP) e em propriedades rurais como a Fazenda Campina, em parceria com a Embrapa, a Cocamar, empresas integrantes da Rede de Fomento à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e outras. “Estamos conseguindo mudar a mentalidade dos pecuaristas da região”, afirma.

“Mostramos aquilo que era considerado impossível: fazer, em 12 meses, três safras sem irrigação, em solos arenosos com apenas 9% de argila, até então considerados inaptos para a agricultura e a pecuária. Os solos arenosos estão distribuídos em várias regiões do Brasil e são a próxima fronteira agrícola. E os sistemas de integração são a única solução conhecida até o momento para esse tipo de solo”, completa João K.

Novo formato de sistema integrado

Em Mato Grosso do Sul, a equipe liderada pelos pesquisadores Júlio Cesar Salton, da Embrapa Agropecuária Oeste (MS), e Ademir Zimmer, da Embrapa Gado de Corte (MS), validou o Sistema São Mateus (SSMateus), novo formato de sistema de integração apropriado para a região da Costa Leste de Mato Grosso do Sul, de solos predominantemente arenosos. O diferencial é que, após a correção da fertilidade, a sequência da rotação começa pela pastagem (pasto-soja).

O novo formato possibilitou o aumento da produtividade média de carne de seis arrobas/ha para 20 arrobas/ha. E, na mesma região, considerada inadequada para a produção de grãos, é possível obter uma média de 50 sacas de soja por hectare. “Com o início da rotação pela pastagem, há tempo adequado para que os corretivos reajam no solo, o sistema radicular da pastagem construa uma estrutura de solo favorável à manutenção de umidade e forneça a palha necessária para o plantio direto da soja”, explica Salton.

Um modelo parecido está sendo levado ao sul de Mato Grosso do Sul, na região de Naviraí, tradicional em pecuária de corte. Por meio de um projeto nacional de pesquisa e transferência de tecnologias (Rede de Fomento em ILPF e Macroprograma da Embrapa), foi montada uma Unidade de Referência Tecnológica (URT), em parceria com Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul).

Os últimos números da produção da pecuária indicam que o sistema de integração pode ser a saída para a região: em Naviraí, há cerca de 180 mil cabeças de gado. Antônio José Meireles Flores, gerente do departamento agronômico da Copasul, lembra que o número já foi maior (240 mil cabeças), e que existem cerca de 100 mil hectares ocupados por milho, soja, mandioca e cana-de-açúcar, a maior parte arrendada por pecuaristas a agricultores.

Segundo Salton, a região está ampliando a área cultivada com soja e milho em solos de textura média a arenosa, que, sem tecnologia adequada, não são propícios à agricultura. “A chance de perda nas lavouras é muito grande. Para aumentar a possibilidade de sucesso, é preciso colocar em prática o sistema integrado com pasto”, afirma.

O diretor vice-presidente da Copasul, Yoshihiro Hakamada, ressalta que a URT trará benefícios para a região, que precisa recuperar cerca de 80% das áreas com pastagens. “Com as pesquisas focadas na realidade local, vamos aumentar a área de grãos, diversificar a propriedade, melhorar a fertilidade do solo e a produção de carne, além, é claro, de valorizar a propriedade”, diz.

Nos 31 hectares reservados para a URT na Copasul, os trabalhos de recuperação dos pastos começaram em 2014, com uso de corretivos e incorporação ao solo e com o cultivo, em diferentes áreas, de soja, milho, milho consorciado com Brachiaria ruziziensis, mandioca, eucalipto e com a pastagem BRS Piatã, que serão avaliados ao longo das safras.

O ganho de peso do gado é monitorado a cada 60 dias em duas áreas: uma com pasto degradado e outra com pasto recuperado (BRS Piatã) em outubro/novembro de 2014. Na primeira avaliação, os resultados não apresentaram diferenças significativas, pois o ganho médio de peso foi de 0,199 kg/dia/cabeça na área de pastagem degradada e de 0,208 kg/dia/cabeça na área de pasto recuperado. Já na segunda avaliação, a recuperação do pasto já mostra o seu valor: enquanto o gado na área degradada perdeu em média 0,030 kg/dia/cabeça, os animais da área recuperada obtiveram ganho médio de 0,536 kg/dia/cabeça.

Hakamada lembra que a região de Naviraí tem uma pecuária tecnificada, com carne de qualidade, participando, inclusive do Programa de Apoio à Criação de Gado para o Abate Precoce (Novilho Precoce), vinculado à Secretaria de Estado da Produção. “O gado daqui é o Nelore, e o frigorífico da região abastece também outros estados brasileiros e exporta para outros países. Com a ILP, com certeza a qualidade e o mercado ficarão ainda melhores”, acredita.

E, para quem ainda tem dúvidas quanto à viabilidade do investimento, Ademir Zimmer lembra que a ILP e a ILPF abrem novas fronteiras para culturas anuais em solos considerados marginais. “A ILPF é um investimento e não um gasto, como alguns ainda pensam. A primeira safra de soja, por exemplo, já se paga e ainda cobre os custos da recuperação das pastagens”, enfatiza.

Embrapa Cerrados
Breno Lobato (MTb 9417/MG)
cerrados.imprensa@embrapa.br
Telefone: (61) 3388-9945

Embrapa Agropecuária Oeste
Sílvia Zoche Borges (MTb- 08223/MG)
agropecuaria-oeste.imprensa@embrapa.br

Telefone: (67) 3416-9742
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/


02 jul 2015

Dia de Campo no Maranhão trata de tecnologias para redução de CO2 no Matopiba

*Do SENAR Maranhão

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Técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Maranhão (SENAR-MA) participaram esta semana, no município de São Raimundo das Mangabeiras, do I Encontro de Integração Lavoura Pecuária Floresta e do Plano ABC na região do Matopiba.

O Encontro ocorreu na fazenda Santa Luzia, do produtor Osvaldo Massao, situada a 25 quilômetros da sede, e que atualmente funciona como referência para ambos os projetos. O objetivo do encontro foi essencialmente mostrar as tecnologias ILP (Integração, Lavoura e Pecuária) e ILPF (Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta) aplicadas com sucesso naquela área rural.

Participaram do evento a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Norte, Cocais, Floresta e Cerrados, representantes da prefeitura local, lideranças políticas e produtores rurais. Do SENAR-MA participaram a veterinária Aline Saldanha e o gerente de Assistência Técnica, o agrônomo Epitácio Rocha, além dos supervisores do Mapito, Rozalino Aguiar Júnior e Edivaldo Franco Amorim.

Luiz Coelho, gestor do projeto Plano ABC (Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura), também participou do dia de campo de forma efetiva.

De acordo com técnicos e pesquisadores da Embrapa, a iniciativa serve para que outras instituições percebam a importância de uma atividade caracterizada de baixa emissão de carbono, aliando sustentabilidade, produtividade e rentabilidade.

Ainda de acordo com os organizadores do evento, até o final deste ano, serão realizados no estado dois seminários sobre o Plano ABC, cuja função é sensibilizar seus participantes sobre a importância deste programa para o estado. ”A nossa participação nesse dia de campo em São Raimundo das Mangabeiras foi importante para estreitarmos as relações entre as instituições parceiras na divulgação e promoção das práticas produtivas de baixa emissão de carbono, fundamentais no contexto do agronegócio”, destacou a veterinária do SENAR, Aline Saldanha.