*Da Ascom SENAR/MS
O dia de campo realizado pelo programa Mais Inovação do SENAR/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural reuniu na manhã de sábado (12), 160 pessoas na propriedade Sanguessuga, no município de Miranda. A iniciativa promovida por intermédio da parceria com o Sindicato Rural levou produtores, acadêmicos e pesquisadores para acompanhar e visitar os experimentos realizados pelo segundo ano, no sistema de integração lavoura-pecuária.
O trabalho realizado na propriedade com atividade em pecuária de corte foi iniciado em 2014 com plantio de 10 cultivares diferentes de soja em uma área que atualmente soma 150 hectares. Com apoio da pesquisa fornecida pelo curso de agronomia da UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e a Fundação MS, o produtor contabilizou uma produtividade de até 58 sacas por hectare no último ciclo da oleaginosa.
Na avaliação do anfitrião, Massao Ohata, que recebe assistência técnica e gerencial do SENAR/MS há dois anos, o dia de campo é uma oportunidade para que os produtores da região conheçam os experimentos de agricultura e possam diversificar a produção. “Resolvi oferecer o espaço para que as equipes de pesquisa da UEMS e da Fundação MS realizassem experimentos com a soja, pois, Miranda está carente de informações sobre agricultura. Apesar da chegada de várias tecnologias, precisamos identificar quais serão mais eficientes para nossa região”, explica o empresário rural.
O presidente do Sindicato Rural de Miranda, Adauto Rodrigues de Oliveira, avalia que a iniciativa de Ohata comprova a eficácia da parceria realizada entre as instituições de pesquisas e do programa de metodologia de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial oferecido pelo SENAR/MS. “A união da pesquisa científica e da assistência técnica do Mais Inovação faz com que os produtores sintam-se mais seguros em ampliar as atividades na propriedade. Tanto que já temos 12 empresários rurais participando do programa e mais pessoas demonstrando interesse em participar”, afirma.
Diversificação da atividade rural – Um dos produtores que recentemente aderiu ao programa Mais Inovação é proprietário da fazenda Iguaçu em Aquidauana, Zelito Alves Ribeiro. Ele ressalta que já iniciou uma plantação de 15 hectares de soja, mas já possui experiência de 11 anos no cultivo de milho para alimentação dos bovinos. “Nossa região é formada por municípios antigos que sempre tiveram na pecuária sua atividade principal e acredito ser fundamental modificar nossa cultura de produção. Como observamos aqui na fazenda Sanguessuga, a implementação da integração lavoura-pecuária adequada ao clima e solo da região pode ser uma alternativa rentável e produtiva se for feita com assistência adequada”, argumenta.
O assessor técnico do SENAR Nacional, Mateus Tavares, participou da visita e considera que o experimento realizado em Miranda será uma vitrine para outras propriedades interessadas em investir nos sistemas integrados de produção. “O dia de campo demonstrou que as tecnologias de integração são ferramentas eficazes para o produtor, tanto no fator produtivo quanto econômico. As ações apresentadas aqui foram positivas e o proprietário reforçou a importância de buscar o conhecimento e assistência técnica especializada, preconizados em outros programas como o ABC Cerrado que começou esse ano em Mato Grosso do Sul”, acrescenta.
Segundo o superintendente do SENAR/MS, Rogério Beretta, o dia de campo realizado em Miranda valida o comprometimento dos envolvidos em promover a difusão tecnológica no estado. “É gratificante verificar a atuação de cada um dos parceiros e a credibilidade no trabalho realizado aqui. Reunir 160 pessoas interessadas em aprender mais sobre sistemas produtivos comprova que o SENAR/MS está cumprindo sua finalidade de tornar-se um modelo de gestão sistêmica capaz de contribuir para o desenvolvimento agropecuário do Estado”, aponta.
Pesquisadores dedicados – O diretor executivo da Fundação MS, Alex Melotto, explicou aos presentes que o experimento da fazenda Sanguessuga evidencia como é possível aliar a diversificação e rentabilidade, sem mudar o ramo de atividade. “Os resultados que vocês estão observando nessa propriedade se devem em grande parte, a confiança do produtor que resolveu acreditar na efetividade do trabalho científico. Ele ampliou o plantio de 30 para 150 hectares, está produzindo pastagem de qualidade para sua criação e apresentando aos vizinhos que diversificar não é mudar de atividade e sim, agregar opções produtivas”, observa.
O engenheiro agrônomo e professor doutor da UEMS em Aquidauana, Francisco Eduardo Torres destacou que a visita ao experimento é um exemplo prático para os alunos sobre o que é ensino, pesquisa e extensão. “Convidamos nossos alunos que hoje somam 90 participantes para compreender a importância da pesquisa científica aliada a experimentação prática. No caso da integração lavoura-pecuária, tivemos que identificar qual o cultivar de soja que se adequava as condições de altitude, solo e regime de chuvas e o resultados podem ser utilizados não apenas aqui, mas para toda região, considerada de transição entre os biomas Cerrado e Pantanal”, esclarece.
Um dos acadêmicos da UEMS, Marcos Vinicius de Barros Pinto, acompanha a evolução do plantio desde o início do ciclo, em 2015. Ele cursa o 9º semestre de Agronomia e revela que participar do projeto de extensão na fazenda Sanguessuga foi enriquecedor. “Acompanhei todas as etapas do plantio e meu foco é o acompanhar e controlar as ervas daninhas que surgirem na lavoura. Estou satisfeito com a oportunidade de utilizar os conhecimentos teóricos obtidos na sala de aula e percebo que esse contato prático amplia meu olhar sobre quais áreas posso trabalhar depois de formado”, conclui.