03 nov 2016

Pesquisa mostra avanço na agropecuária sustentável brasileira

Por Embrapa Meio Ambiente*

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Pesquisa patrocinada pela Rede de Fomento de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, elaborada pelo Kleffmann Group, com acompanhamento técnico da Embrapa Meio Ambiente (SP), demonstrou grande adesão do setor agropecuário brasileiro ao uso de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Brasil.

De acordo com os dados, ocorreram consideráveis incrementos na adoção de sistemas ILPF no Brasil nos últimos anos. Entre os pecuaristas, apenas nos últimos cinco anos, o aumento foi de 10%. Entre os produtores de grãos o crescimento tem sido de 1% a cada cinco anos.

Resultados mostram um alto nível de adoção tecnológica com consequentes benefícios associados à melhoria da eficiência dos sistemas produtivos e de sua capacidade adaptativa aos possíveis efeitos negativos da mudança do clima. Por meio da pesquisa é possível diagnosticar a adesão dos produtores rurais brasileiros à intensificação produtiva sustentável com sistemas agrícolas integrados. O avanço significa o incremento da capacidade adaptativa dos sistemas produtivos diante dos desafios impostos pela mudança do clima, além de potencializar ganhos biológicos e econômicos decorrentes do aumento da eficiência dos sistemas produtivos. Todo este esforço contribui para o cumprimento das metas assumidas de forma voluntária pelo Brasil perante a Organização das Nações Unidas (ONU) na COP-15 e revisadas em Paris na COP-21.

O compromisso brasileiro é de diminuir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de 36,1% a 38,9% até 2020, tendo como base as emissões de 2005. O acordo foi incorporado na Política Nacional sobre Mudanças no Clima (Lei nº 12.187/2009), por meio dos Planos Setoriais de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas.

No setor agropecuário, os compromissos foram estabelecidos pelo “Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura”, também denominado Plano ABC.

Saiba mais

  • O Plano ABC estabeleceu mudança progressiva na trajetória de emissões de gases de efeito estufa via adoção de tecnologias capazes de promover a redução da intensidade de emissões de gases de efeito estufa ou o incremento de remoções. Um dos investimentos é no sistema de produção integrada, como o sistema ILPF, cujo objetivo estabelecido foi a ampliação em quatro milhões de hectares no nível de adoção deste sistema até 2020, representando um potencial de estoque entre 18 e 22 milhões ton. CO2eq.
  • A ratificação do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima pelo governo brasileiro, em 2016, fortaleceu ações do referido Plano, incluindo em sua “Contribuição Nacionalmente Determinada (INDC)” o incremento de mais cinco milhões de hectares com sistemas ILPF, totalizando nove milhões de hectares até 2030.
  • ILPF é uma estratégia que contempla os componentes lavoura, pecuária e silvicultura em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área, bem como as suas variações. Integram essa estratégia diversos sistemas de produção e tecnologias associadas atuando em sinergia proporcionando não apenas ganhos na produção e produtividade, mas também benefícios ambientais e sociais.
  • Carbono em solo agrícola é sinônimo de fertilidade.
  • A manutenção da fertilidade em solos tropicais é um desafio que envolve um processo continuado de planejamento e gestão. Uma gestão estruturada e de longo prazo fomentando a manutenção da fertilidade em solos tropicais irá potencializar benefícios estruturais.
  • A mudança do clima pode impor novos desafios para o setor agrícola, em função da vulnerabilidade do setor. Apenas com investimentos em ciência e tecnologia será possível dispor de alternativas para contrabalancear possíveis impactos negativos.
  • Ganho em resiliência e a disponibilidade de opções tecnológicas são estratégias-chave para assegurar a competitividade do setor agrícola em um mercado extremamente competitivo e desafiador.
  • A Rede de Fomento a ILPF é uma parceria público-privada formada pelas empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker, Syngenta e a Embrapa. Seu objetivo principal é o de acelerar uma ampla adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária floresta por produtores rurais como parte de um esforço visando a intensificação sustentável da Agricultura Brasileira. Iniciada em 2012, a Rede, que é co-financiada pelas empresas privadas e pela Embrapa, apoia uma rede com mais de 100 Unidades de Referencia Tecnológica distribuídas em todos os biomas brasileiros e que envolve a participação de 19 centros de pesquisa da Embrapa.

16 ago 2016

Com planejamento, integração pode ser aplicada em qualquer tamanho de fazenda

Por Revista Globo Rural*

w_Fazenda Anna Sophia - Foto Cleber Gellio

A adoção da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) pode revolucionar o perfil das propriedades rurais. “Das grandes às pequenas, sem distinção”, enfatiza o pesquisador Carlos Eugênio Martins, da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG). Em Minas Gerais, pequenos produtores, como o pecuarista Márcio José de Resende, de Coronel Xavier, viram mudar suas chácaras radicalmente. “Isso aqui era só grama e rabo de burro (erva daninha invasora de pastos)”, lembra. “Hoje, tenho pasto recuperado, pastagem farta e uma safra de madeira para ser aproveitada.”

Na propriedade de 26 hectares, familiar, a adoção da ILPF aconteceu na safra 2009/2010. Leonardo Calsavara, da Emater-MG, entidade que participou da implantação do sistema no sítio, lembra que, naquela época, o custo por hectare da ILPF foi de R$ 2.200. “No primeiro ano, só a produção de milho foi suficiente para cobrir os custos iniciais e gerou um resíduo de R$ 600 por hectare”, diz.

Na propriedade, foram plantados milho, braquiária e eucalipto. As vacas leiteiras passaram a produzir 600 litros de leite por dia após três anos de implantação. “Foi possível preservar a Reserva Legal, pois a madeira (originária da desrama) tornou a fazenda autossuficiente em madeira.”

Em Mar de Espanha (MG), o produtor Vicente Machado também adotou o sistema. “Compramos o sítio em 1979 e, com o uso intensivo dos pastos, ele ficou degradado e eu sem dinheiro para recuperar a área, de 120 hectares”, diz. “Com a ILPF, foi possível recuperar os pastos e ter solo adubado para plantar milho e braquiária. Hoje, a vaca vem comer capim na ponta, não é mais tratada no cocho. É ela quem escolhe o que quer comer, quando quer e quanto quer comer. Só foi preciso mudar nossos hábitos.”

Dúvidas frequentes

1 É possível adotar o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em pequenas propriedades?

A integração lavoura-pecuária-floresta é um sistema que adapta-se a qualquer tamanho de propriedade, desde que as condições edafoclimáticas (características do clima e solo) não sejam restritivas. É importante lembrar que o plantio consorciado de milho com capim (jaraguá e colonião), nas décadas de 1950 e 1960, foi prática comum na implantação manual de pasto nas “roças de toco”, portanto, pode ser adotada em pequenas áreas. Mas, em propriedades com uso intensivo de máquinas agrícolas e insumos, a escala de produção pode ser determinante da viabilidade econômica do sistema. É preciso ter planejamento eficiente, gestão competente e envolvimento de uma equipe multidisciplinar.

2 Existe um programa de financiamento ou linha de crédito para quem deseja adotar o sistema ILPF na propriedade?

A ILPF é uma das tecnologias incentivadas pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC), criado em 2010 pelo governo federal e que concede créditos para quem adota técnicas agrícolas sustentáveis. A taxa de juros é de 5,5% ao ano. O prazo de pagamento pode chegar a 15 anos. O Programa ABC também incentiva a adoção de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, recuperação de áreas degradadas, plantio de florestas e tratamento de resíduos animais.

3 Como selecionar a espécie florestal para compor o sistema? Existem outras espécies de árvores recomendadas para o sistema ILPF além do eucalipto?

As espécies arbóreas devem ser escolhidas de acordo com a adaptação ao local, arquitetura da copa, facilidade de estabelecimento, exigências do mercado, ritmo de crescimento, tipo de raiz, controle de erosão e escorrimento superficial de águas da chuva, sombra para animais e compatibilidade com pastagens e gado. A espécie de maior potencial de utilização em ILPF é o eucalipto, graças a seu rápido crescimento, oferta de clones adaptados a diferentes regiões, copa rala, elevado rendimento econômico e usos múltiplos com a produção de madeireiros e não madeireiros. Outras espécies sendo utilizadas são acácia, paricá, pinho cuiabano, mogno africano, cedro australiano, canafístula, grevílea ou pínus. Também há pesquisas com mogno brasileiro e teca.

4 Como determinar o espaçamento ideal de árvores e a quantidade de linhas e renques?

Existem arranjos diferentes, de acordo com perfil, localização e objetivos da propriedade. O arranjo mais simples e eficaz é o de aleias, em que as árvores são plantadas em faixas (linhas simples ou múltiplas) com espaçamentos amplos. A distribuição das faixas de plantio das árvores é realizada preferencialmente no sentido leste-oeste e deverá ser em curvas de nível, impedindo a erosão do solo e a perda de água por escoamento superficial.

5 Existem limitações físicas ou geográficas para a implantação do sistema ILPF, como geadas, seca ou terrenos declivosos, arenosos ou muito úmidos?

Em solos declivosos, a principal limitação é a mecanização, mas é possível o uso de implementos com tração animal e a distribuição das faixas de árvores deve ser realizada em curvas de nível. Nas demais situações, já existem conhecimento e tecnologias adaptadas para diferentes condições edafoclimáticas.

6 O produtor que adotar o sistema ILPF deve fazê-lo em toda a área?

Se o produtor não tem experiência com ILPF, recomenda-se começar em áreas menores para conhecer os processos e práticas necessárias e, além disso, minimizar riscos financeiros.

7 É verdade que o eucalipto retira muita água do sistema ILPF?

O eucalipto não consome mais água por unidade de biomassa produzida do que qualquer outra espécie vegetal. O consumo de água de uma floresta de eucalipto é em torno de 900 a 1.200 milímetros por ano.

8 O componente florestal (F) do sistema ILPF é obrigatório em todos os casos?

Não. O conceito de ILPF adotado pela Embrapa, por exemplo, engloba modalidades sem árvores (integração lavoura-pecuária) e com árvores.

9 Depois de quanto tempo é possível obter retorno econômico com a adoção da ILPF?

Em sistema de integração lavoura-pecuária, em dois anos é possível obter retorno positivo. Nos sistemas agrossilvipastoris, dependendo das práticas silviculturais adotadas, os retornos positivos podem ser obtidos entre quatro e oito anos.


10 mai 2016

VITRINE TECNOLÓGICA SUSTENTÁVEL PERMITE PESQUISA EM PECUÁRIA DE CORTE E RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

*Por Embrapa Meio Ambiente

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Um projeto de longa duração para realização de pesquisas e difusão tecnológica na área da Agrishow foi apresentado durante a 23ª edição da Feira, pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A Vitrine Tecnológica Sustentável terá foco no desenvolvimento e transferência de tecnologia em pecuária de corte e recuperação de áreas degradadas, por meio do uso da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

O projeto prevê a implantação do sistema ILPF em uma área de 44 hectares que ficará dentro da Agrishow até 2028 e será de responsabilidade da Agência, por meio de seus polos regionais e do Instituto de Zootecnia (IZ), e da Embrapa Meio Ambiente. O projeto total é estimado em R$ 3 milhões. A Apta e a Embrapa buscam parcerias com instituições privadas para a execução dos trabalhos.

O projeto foi lançado em 28 de abril de 2016, o objetivo da parceria é gerar, consolidar e promover tecnologias para a produção de bovinos de corte nas fases de recria e terminação em sistemas integrados. A expectativa é que na área sejam apresentadas oportunidades de uso eficiente do solo, considerando a recuperação de áreas degradadas ou em degradação e a renovação de áreas canavieiras.

O evento reuniu a organização da Agrishow e empresas participantes da Feira, como a empresa John Deere, que manifestou interesse em participar do projeto.

Os pesquisadores também querem mostrar aos produtores rurais a importância de incluir culturas anuais ou de ciclo longo em áreas exclusivas para pastagem. “A inserção de soja e eucalipto nessas áreas contribuem para a produtividade animal e vegetal, melhoria das condições do solo e sustentabilidade de sistemas de produção de carne. Com o sistema ILPF o produtor também diversifica sua renda. A Vitrine Tecnológica Sustentável servirá como um modelo que possibilitará o conhecimento do agricultor das novidades da pesquisa para melhorar sua produção”, afirma Renata Helena Branco, pesquisadora e diretora-geral do IZ.

De acordo com o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, o lançamento da área, que realizará pesquisa e servirá para difusão tecnológica, é um momento histórico. “Estamos muito confiantes com a realização desse projeto, que terá impactos efetivos na produtividade e sustentabilidade ambiental. As parcerias com o setor produtivo são fundamentais para a concretização desse projeto e temos a pretensão de achar que quem vier para ele, se dará muito bem, pois integraremos os conhecimentos das nossas instituições”, afirmou. Segundo Jardim, uma das diretrizes propostas pelo governador Geraldo Alckmin é aproximar a pesquisa do setor produtivo.

A expectativa é que sejam avaliados na área sistemas de sucessão de culturas que incluirão soja para a produção de grãos e milho consorciado com capim para produção de silagem, inseridas em áreas de plantio de eucalipto e mogno africano.

Os sistemas de ILPF e integração lavoura-pecuária ILP têm como vantagens a melhoria na qualidade da pastagem, o aumento do conforto animal, da conservação do solo e a diversificação da fonte de renda do produtor. O principal benefício é a recuperação de pastagem, essencial para fornecer os nutrientes necessários à alimentação animal e evitar processos de degradação, como a erosão. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo estima que 4,8 milhões de hectares de pastagens estejam em estágio mediano de degradação e outros 1,5 milhão em estágio avançado em todo o Estado de São Paulo.

O IZ iniciou, em 2015, o Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados (Propasi) com o objetivo de desenvolver uma pecuária intensiva, com sustentabilidade ambiental e respeito ao bem-estar animal, nas unidades de Nova Odessa e Sertãozinho, interior paulista. O Programa já contempla alguns projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com o objetivo de avaliar os diversos sistemas existentes, a influência de diferentes tipos de plantios na produção de forragem, bovinos de corte e leite e os impactos no solo e nas emissões de gases de efeito estufa. Também é objeto de estudo avaliar a produção do capim-marandu e o desenvolvimento das árvores de mogno africano em cultivo exclusivo – padrões comerciais – e em sistema ILP.

Parcerias

Durante o evento de lançamento, Paulo Herrmann, presidente da John Deere no Brasil, manifestou interesse em aderir ao projeto. Segundo Herrmann, o sistema ILPF gera a sustentabilidade ambiental, econômica e proporciona mais receita ao agricultor durante todo o ano. “Esse projeto é a grande revolução de recurso, pois possibilita trabalhar de maneira mais intensa as potencialidades dos campos tropicais. Produzir e preservar não são verbos antagônicos. Esta é uma oportunidade de montar um sistema que dê ao agricultor uma tranquilidade maior, para que ele fique mais protegido das intempéries, mitigue os riscos de clima e de mercado e tenha uma sustentabilidade econômica mais assegurada”, afirmou.

O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Francisco Matturro, também aprovou o projeto. Segundo ele, a Vitrine Tecnológica Sustentável estará inserida em um grande centro do agronegócio, a cidade de Ribeirão Preto. “Mas a grande vantagem é a parte técnica envolvida, com os pesquisadores do mais alto nível do IZ, APTA Regional, Instituto Agronômico (IAC) e Embrapa. Temos a oportunidade de transformar esta pequena propriedade, em uma grande vitrine, junto com a Agrishow, em que o público da feira poderá conhecer o programa funcionando, com os custos computados”, explicou.

 


09 mai 2016

ILPF DF MT É MAIOR DO BRASIL

*Por Diário de Cuiabá

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As ações adotadas pelo Governo do Estado para estimular a redução da emissão de gases de efeito estufa devem contribuir para expandir sistemas de produção sustentáveis. Mato Grosso já possui 870 mil hectares de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o que corresponde a quase um quarto da meta de 4 milhões de hectares estabelecida para todo o país até 2020.

Uma das medidas para o crescimento de áreas com diversos tipos de integração foi o ciclo de capacitação e workshop do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), o primeiro realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e finalizado nesta semana, com visita técnica à Fazenda 3M, em Poconé.

“O nosso objetivo era levar ao produtor, aos técnicos e projetistas, informação e conhecimento quanto ao programa, linhas de crédito disponíveis, como fazer a captação de recursos junto aos agentes financiadores, e conhecimento técnico para a elaboração de projetos. Queremos incentivar o emprego de tecnologias sustentáveis na produção”, ressaltou o secretário adjunto de Agricultura da Sedec, Alexandre Possebon.

O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), especialista em Fitotecnia, Flávio Jesus Wruck, destacou que Mato Grosso é um dos estados que está à frente na utilização de tecnologias do Plano ABC. “Hoje nós temos mais de 820 mil hectares de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em Mato Grosso. É uma área significativa. O Estado está chegando a quase um quarto da meta do país todo para 2020, que são de 4 milhões de hectares. Estou muito satisfeito com o empenho, com o empreendedorismo dos nossos produtores que buscaram essa tecnologia e continuam buscando”.

De janeiro a maio deste ano, a Sedec realizou workshops em 17 municípios e capacitações em cinco polos, totalizando 975 participantes para divulgar o Plano ABC, que integra as ações de políticas públicas do governo do Estado na promoção de ações que visam desenvolver o programa Produzir, Conservar e Incluir (PCI), apresentado pelo governador Pedro Taques durante a COP 21, em Paris.

O Plano ABC é uma política pública que apresenta o detalhamento das ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima para o setor agropecuário. O plano tem como meta reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE).

Os temas dos workshops e capacitação foram direcionados de acordo com a necessidade e característica de cada região do Estado. Foram abordados os seguintes temas: Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura Pecuária (ILP), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs), Sistema Plantio Direto (SPD), Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), Florestas Plantadas, Tratamento de Dejetos Animais e Adaptação às Mudanças Climáticas.

LAVOURA-PECUÁRIA – Durante a visita técnica à Fazenda 3M, o administrador da propriedade, Raul Santos Costa Neto, contou a sua experiência de integração Lavoura-Pecuária (ILP). “Quando adquirimos a propriedade tivemos que buscar algo que agregasse valor à terra, era uma área de pastagem com 40% degradada, comprometida. Partindo disso elaboramos um projeto de plantio de soja integrado à pecuária, que sempre foi a nossa atividade, e já estamos no segundo ano do projeto e obtendo sucesso e estamos com boa expectativa para a próxima safra”.

A Fazenda 3M trabalha o ILP em parceria com mais duas propriedades e juntas somam 1,6 mil hectares com produção de soja e pecuária. A produtividade na safra 2014/15, já finalizada para o produtor, chegou a 63 sacas/ha.

O engenheiro agrônomo Nestor João Gambin, que atua como fiscal de projetos de um agente financiador, destacou o nível técnico da capacitação que vai ao encontro do que é necessário para a execução da sua atividade. “Me surpreendi, esses dois dias foram muito proveitosos. O nível abordado foi bem técnico, o que para a execução da minha atividade, que é a vistoria de lavouras, foi muito bom. Foram apresentadas informações relevantes para a execução da nossa atividade no dia a dia. Deu uma reciclada no conhecimento”.

Para a realização das rodadas do Plano ABC, a Sedec contou com a parceria da Secretaria de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf), Famato, Senar, Acrimat, Acrismat, Aprosoja, Banco do Brasil, Arefloresta, Superintendência Federal de Agricultura (SFA-MT/Mapa) e da Embrapa Agrossilvipastoril.

 

 

 


29 mar 2016

Projeto Biomas testa plantio de arroz, feijão-caupi e soja no Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta na Amazônia

*Por Embrapa Amazônia Oriental

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Novo plantio de arroz com outro em estágio mais avançado ao fundo.

O mês de março de 2016 está sendo marcado por diversas ações de plantio na área experimental do Projeto Biomas da Amazônia. Em dois anos, o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta já rendeu 3 safras de milho. Agora, os pesquisadores do Projeto Biomas experimentam o plantio de arroz, feijão-caupi e soja. “Tínhamos pequenas áreas ociosas em meio aos demais subprojetos de pesquisa na Amazônia envolvendo plantios de espécies eminentemente arbóreas. Em contato com a coordenação regional do Projeto Biomas foi possível instalarmos Unidades Demonstrativas no sentido de diversificar ao máximo as opções aos produtores com resultados bem realistas, pois que são conduzidos na própria área experimental” afirma o engenheiro agrônomo Dr. Roni de Azevedo, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e líder do experimento de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta no Projeto Biomas da Amazônia.

A área de 3,5 hectares destinados ao experimento teve o plantio da cultura anual milho com três cultivares comerciais, sendo uma variedade e dois híbridos de milho, no sentido de mostrar aos agricultores da região diferentes níveis tecnológicos e algumas das 477 cultivares de milho disponíveis no mercado aos agricultores na safra 2015/16.

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Milho recém-plantado em sistema iLPF com eucalipto de dois anos de idade

Caso as condições climáticas sejam favoráveis e possibilitem um bom desenvolvimento das culturas implantadas, futuramente os resultados serão demonstrados a agricultores, técnicos, professores e alunos da área agrícola da região. “Logicamente que nosso maior foco é o plantio de árvores. Contudo, a diversificação necessária aos produtores passa obrigatoriamente pela adoção de sistemas integrados de produção, onde as culturas anuais atuam compensando financeiramente o uso de áreas produtivas com árvores, pois que proporcionam renda nos primeiros anos enquanto a árvore se desenvolve. Esses testes, que nem eram previstos na concepção original do experimento, respondem de forma extraordinária a perguntas feitas pelos produtores que nos visitam, seja em visitas técnicas ou em dias de campo, sobre quais as melhores opções de plantio em sistemas como esse”, afirma o engenheiro florestal, Dr. Alexandre Mehl Lunz, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e Coordenador Regional do Projeto Biomas – Amazônia. “Essas culturas impulsionam a tecnificação agrícola nestas áreas, onde seus plantios aumentam exponencialmente a cada ano, e a produtividade potencial é amplamente atrativa”, complementa.

Sobre o Projeto Biomas

O projeto Biomas, fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é uma iniciativa inédita no Brasil e tem como objetivo identificar formas sustentáveis para viabilizar a propriedade rural brasileira considerando a árvore em seus sistemas propostos. Os estudos estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros.

O Projeto Biomas tem o apoio do SENAR, SEBRAE, Monsanto e John Deere, e o financiamento do BNDES.