18 set 2017

Observatório ABC lança estudos sobre custos econômicos e situação da Agricultura de Baixo Carbono no Brasil

No próximo dia 27, às 9h30, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Observatório ABC lançará dois estudos que analisam a estratégia brasileira para a Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Trata-se dos estudos “Impactos Econômicos e Ambientais do Plano ABC”, primeiro trabalho a mensurar os custos econômicos e os benefícios ambientais para a implantação do Plano ABC, e “Análise dos Recursos do Programa ABC”, uma atualização da contratação pelos produtores rurais desta linha de crédito para agricultura de baixo carbono no ano-safra 2016/17. Estes estudos oferecem contribuições para o Brasil potencializar suas metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do setor agrícola.

O estudo “Impactos Econômicos e Ambientais do Plano ABC” desenvolveu um modelo econômico-ambiental capaz de simular os efeitos da implementação das metas do Plano ABC até 2020 para recuperar 15 milhões de hectares (Mha) de pastagens degradas e expandir o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) em 4 Mha, duas das metas do Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC). Além disso, estima as emissões GEE conseguidas ao final das implantações. Os resultados que serão apresentados constatam que os custos econômicos são menores do que o previsto pelo governo federal.

“Esses dados são cruciais para o planejamento e o monitoramento dessa importante política pública. Queremos mostrar como o Brasil desperdiça seu potencial de mudança quando subutiliza ou perde o foco em suas estratégias já desenhadas, mas que precisam de uma atenção especial”, afirma Angelo Gurgel, coordenador do Observatório da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Observatório ABC).

Já o estudo “Análise dos Recursos do Programa ABC”, apresenta um acompanhamento e monitoramento do Programa ABC, além dos dados por linha de financiamento, base estadual e fonte dos recursos desembolsados. O estudo ainda traz um histórico do programa e uma análise de seu papel para o atingimento das metas de redução de emissões nacionais. O principal resultado mostra que o Programa ABC vem perdendo força, tanto do ponto de vista do total disponibilizado pelo governo federal quanto do total efetivamente contratado pelos produtores rurais no campo.

“No evento, apresentaremos uma série de recomendações para o fomento do Programa ABC entre os produtores rurais, objetivando o entendimento deles sobre os benefícios da agricultura de baixo carbono para sua atividade. Além disso, incentivamos a expansão das tecnologias do Plano ABC na agropecuária brasileira, contribuindo para a sustentabilidade do setor e segurança alimentar futura da sociedade”, finaliza Gurgel.

Além da apresentação dos estudos, o evento contará com abertura do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do GVagro e um debate entre especialistas do agronegócio. Entre eles, Celso Manzatto, responsável técnico da Plataforma ABC da Embrapa, André Nassar, diretor de Estratégia e Novos Negócios do Agroicone e Pedro Alves Correa Neto, diretor do Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e da Produção Sustentável do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

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12 set 2017

SENAR contribui para preservação do Bioma Cerrado por meio do Projeto ABC Cerrado

Mapa mostra distribuição dos produtores atendidos pelo projeto nos oito estados que fazem parte da iniciativa.

O SENAR contribui para o desenvolvimento da agropecuária e do Cerrado brasileiros por meio da capacitação de produtores rurais nas tecnologias de baixa emissão de carbono com foco na produção sustentável. Esse é o Projeto ABC Cerrado, que iniciou em agosto de 2017 a segunda fase da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) para mais 400 propriedades rurais nos estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Este ano, o SENAR já capacitou 1.370 produtores em 110 turmas nos oito estados que fazem parte da iniciativa: Distrito Federal e nos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí e Tocantins. A tecnologia mais procurada é a Recuperação de Pastagens Degradadas, seguida da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). “A procura pela Recuperação de Pastagens confirma a tendência com a tomada de recursos da linha de crédito do ABC, onde a maioria do recurso é destinada a essa tecnologia”, explica o coordenador do ABC Cerrado, Mateus Tavares.

Segundo ele, a degradação das pastagens acontece principalmente pelo manejo inadequado da pastagem como, por exemplo, as altas taxas de lotação do pasto aliada a uma baixa prática de reposição de nutrientes nos solos. “A capacitação do SENAR vem ensinar ao produtor exatamente isso, a fazer o manejo adequado da produção de forrageira e a nutrir o solo para mantê-lo saudável e garantir a alimentação do rebanho.”

Tavares reforça que o SENAR vai realizar ainda 80 turmas para cumprir a meta deste ano na segunda fase do projeto. “A execução do projeto está dentro da meta para a fase. Agora estamos coletando os questionários de linha de base que vão subsidiar a pesquisa que indicará a efetividade da capacitação e da ATeG na implantação das tecnologias ABC nas propriedades rurais”, conta. Os questionários serão aplicados em Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Maranhão. “Também estamos promovendo dias de campo para apresentação de resultados com produtores atendidos pela Assistência Técnica e Gerencial na fase 1”, completa.

O Projeto ABC Cerrado é uma parceria do SENAR com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Embrapa, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas do Banco Mundial. A iniciativa visa sensibilizar o produtor rural para a utilização de práticas agrícolas de baixa emissão de carbono. As tecnologias são Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária Floresta, Sistema Plantio Direto e Florestas Plantadas. Do início do projeto até agora, o SENAR já capacitou mais de três mil produtores e 1.570 propriedades receberam Assistência Técnica e Gerencial.


29 ago 2017

Plataforma online ajuda proprietários rurais a financiar recuperação vegetal

Por Observatório ABC*

Com financiamento do BNDES, produtor terá acesso a recursos para ficar em dia com exigências do Código Florestal

Produtores rurais de todo o país contam agora com um novo método para o financiamento da recuperação vegetal de suas propriedades. Lançada ontem (21/8), a plataforma online Canal do Desenvolvedor MPME simplifica e agiliza o acesso aos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para atendimento às exigências do Código Florestal. Entre as linhas disponibilizadas está o Programa ABC

Segundo informou Simone Scheider, técnica do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, em matéria publicada pela Agência Brasil, a ferramenta ajuda a montar um projeto e agilizar o pedido de financiamento. “Pelo site do Canal MPME, você consegue ver detalhado todas as linhas que podem ser utilizadas. O produtor pode ver quais são as condições do valor do empréstimo que quer fazer e pode encaminhar ao agente financeiro para fazer o financiamento. É uma porta”, afirmou.

Além disso, de acordo com Márcio Costa, gerente do Departamento de Meio Ambiente, como as determinações do Código Florestal devem ser seguidas por todo o Brasil, todo produtor rural, em algum momento, vai se ver diante da questão de recuperar a área e de saber se tem meios para financiar essas mudanças. “Nosso grande objetivo é pegar essa ferramenta online que já existe e dar uma dedicação para as linhas de crédito para recuperação vegetal, desde o pequeno proprietário até o grande”, explica.

A restauração prevista no Código Florestal será obrigatória para todo imóvel rural a partir de janeiro de 2018, após o encerramento das inscrições das propriedades no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Linhas de crédito

Para projetos negociados diretamente com o BNDES, o produtor pode optar pela linha Finem – Recuperação e Conservação de Ecossistemas e Biodiversidade (BNDES Ambiente), voltada a investimentos em projetos de restauração a partir de R$ 10 milhões, ou utilizar outras três linhas que englobam projetos de financiamento negociados com agentes financeiros do BNDES, nas chamadas operações indiretas, inclusive o Programa Agricultura de Baixo Carbono Ambiental (ABC), destinada a produtores rurais e cooperativas de produtores que precisam de investimentos de até R$ 2,2 milhões, com prazo de pagamento de 12 anos.

Outra linha de crédito disponível é o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), na qual proprietários rurais, posseiros e arrendatários podem solicitar empréstimos de até R$ 430 mil por ano agrícola para quitação em até oito anos. Já o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar para Restauração Ecológica (Pronaf Eco) oferece crédito de até R$ 165 mil por ano agrícola a agricultores e produtores rurais familiares pessoas físicas. O prazo de pagamento é de até 10 anos.

Os agricultores podem financiar projetos de recuperação e restauração vegetal, incluindo várias técnicas, entre as quais a cobertura da área degradada com mudas ou a condução da regeneração natural. O BNDES financia também mão de obra, viveiros de mudas, implantação de cercas, compra de máquinas e equipamentos.


23 ago 2017

SENAR LANÇA VÍDEO SOBRE ILPF

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma das tecnologias do projeto ABC Cerrado

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é sinônimo de agropecuária moderna e sustentável que ocupa um espaço cada vez maior no país. É uma das tecnologias de baixa emissão de carbono incentivadas pelo projeto ABC Cerrado, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) em parceria com o Ministério da Agricultura e a Embrapa, com o apoio do Banco Mundial.

O vídeo mostra como funciona a iLPF e quais as vantagens que o produtor tem ao adotar a tecnologia. “O iLPF é uma evolução da agricultura tropical para que nós façamos aquilo que nunca foi feito no mundo ainda, uma integração no processo produtivo e operador de uma fazenda que lhe dê o máximo de resultados com seus recursos naturais. Você tem quatro safras. Isso não existe no mundo”, destaca o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, nos primeiros minutos do vídeo.

“Essa é mais uma ferramenta de disseminação de conhecimento que o SENAR disponibiliza para o produtor brasileiro que, além de conhecer mais sobre a tecnologia, vai ter a oportunidade de ver os resultados da iLPF em algumas propriedades”, explica o coordenador do Projeto ABC Cerrado, Mateus Tavares.

Assista ao vídeo: http://bit.ly/2irzodJ


23 ago 2017

Inoculante feito na propriedade rural aumenta produtividade de feijão-caupi em até 33%

Por Embrapa Agrobiologia*

O agricultor pode produzir seu próprio inoculante bacteriano que promove a fixação biológica de nitrogênio, gerando economia e aumento na produtividade da lavoura de feijão-caupi. Desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (RJ), a prática permite a fabricação na própria fazenda a partir de raízes das plantas. O estudo conduzido ao longo de três anos mostra que é possível alcançar um aumento de até 33% na produtividade das lavouras de feijão-caupi, ficando no mesmo patamar que a produção alcançada com o uso do inoculante comercial. “Nosso objetivo é levar ao agricultor familiar as vantagens da fixação biológica de nitrogênio”, esclarece a pesquisadora Norma Rumjanek, que coordenou a pesquisa.

A inoculação é uma técnica consagrada no Brasil para a cultura da soja, gerando economia da ordem de sete bilhões de dólares por ano. Para outras culturas de grãos, no entanto, está longe de atingir um patamar significativo, especialmente na agricultura familiar. A nova técnica não pretende substituir a utilização dos inoculantes comerciais, mas é uma alternativa para o pequeno agricultor que usualmente não tem acesso a esses produtos.

A vantagem proporcionada pela pesquisa é que, em vez de o produtor adquirir o inoculante comercial, ele pode fazer o seu próprio a partir de raízes noduladas. A técnica é simples: com o uso de um liquidificador doméstico, extrai-se o líquido das raízes finas noduladas de feijão-caupi e depois aplica-se esse extrato nas sementes antes do novo plantio. A proporção é de um para quatro, ou seja, com um copo do tipo americano (250 ml) de raízes, é possível inocular cerca de 800 gramas de sementes.

Além da vantagem de não haver custos para o produtor, como a prática aproveita as bactérias que já estão bem adaptadas às condições da área de produção, a possibilidade de sucesso é ainda maior, segundo os pesquisadores. “Esse tipo de preparação, ao conter nódulos ativos e raízes, veicula, além das estirpes que realizam a FBN, outros microrganismos localmente adaptados às condições de solo e clima, bem como às variedades locais”, explica a pesquisadora.

Norma Rumjanek enfatiza que o extrato deve ser obtido a partir de plantas cultivadas em solo com histórico de boa nodulação. “Em um solo rico em matéria orgânica, há mais chance de se encontrar maior quantidade de microrganismos”, pontua a pesquisadora. Ela explica que a eficácia da inoculação alternativa é decorrente do processo natural de seleção e também da presença da diversidade microbiana que desempenha uma série de funções benéficas para a planta como a solubilização de fosfato e o aumento da superfície radicular.

Outra recomendação é que a aplicação se restrinja à unidade produtiva da qual tais nódulos são retirados, para evitar uma possível disseminação de microrganismos patogênicos. “Não se deve coletar raízes de áreas que tenham tido problemas de doença de solo, para evitar a disseminação de patógenos. Deve ser selecionada uma área sem histórico de quaisquer dessas doenças”, recomenda Rumjanek.

Em três anos de estudos, os pesquisadores montaram oito experimentos com feijão e feijão-caupi e nunca foram encontrados organismos causadores de doenças que pudessem ter vindo dessa inoculação. “Pelo contrário, as plantas de um modo geral foram mais saudáveis nesses plantios”, complementa a pesquisadora.

Auxílio no crescimento da planta

O processo de fixação biológica de nitrogênio é importante para suprir total ou parcialmente a demanda da cultura por nitrogênio, diminuindo a necessidade de utilização de adubo nitrogenado. Com o inoculante alternativo, o agricultor familiar vai poder potencializar este processo que ocorre naturalmente nas lavouras de feijão-caupi. “Além disso, o inoculante alternativo feito com extrato de raízes noduladas traz outros benefícios para a lavoura, como, por exemplo, a promoção de crescimento vegetal desempenhada pelos microrganismos”, explica Rumjanek.

A agricultura familiar é responsável por 60% da produção de alimentos no Brasil. Porém, em função do acesso limitado às tecnologias e do uso reduzido de insumos externos, os níveis de produtividade alcançados são, em geral, mais baixos do que os obtidos pela agricultura empresarial. Norma Rumjanek salienta que a aplicação de microrganismos benéficos, como os do grupo rizóbio encontrado no feijão-caupi, pode favorecer a reversão desse quadro, melhorando a produtividade sem elevar os custos de produção.

Produtores se entusiasmam com a técnica

Os produtores que conheceram a técnica ficaram entusiasmados. É o caso do agricultor familiar Umberto Barroso, da localidade de Santa Rosa, em Itaguaí (RJ). “Nunca tinha ouvido falar, mas vou experimentar. Todo conhecimento vale para aplicar e obter um produto mais natural e aumentar a produção”, afirmou. Barroso participou de um treinamento com outros 30 agricultores dos municípios fluminenses de Seropédica, Nova Iguaçu, Paracambi, Itaguaí e Magé.

O produtor rural Luiz Carlos Santos, sergipano que se instalou em Paty do Alferes (RJ) e lá mantém um sítio para produção de maracujá, aipim e algumas hortaliças, ainda não testou a inoculação alternativa, mas está entusiasmado com a possibilidade de aumento da produção. Ele já trabalhou com a cultura anteriormente e está confiante na nova técnica. “Eu vim da terra do caupi e já plantei aqui, mas nunca tinha ouvido falar desse inoculante. Vou testar para ver se funciona mesmo”, conta.

Em dois experimentos realizados durante a pesquisa com aplicação de raízes finas noduladas de feijão-caupi da variedade Costelão, em Seropédica e em Paty do Alferes, foram obtidas produtividades de 780 quilos por hectare e 1.360 quilos por hectare, respectivamente, com aumento médio de 20% em relação ao tratamento controle (sementes não inoculadas). As aplicações de inoculante ou de preparados à base de raízes finas noduladas resultaram em aumento de cerca de 70 caixas de vagens verdes (padrão Ceasa-RJ) para a região de Seropédica na colheita de inverno e de quase 200 caixas a mais, na região de Paty do Alferes, na colheita de verão.

Como obter o preparado de raízes finas noduladas

A prática desenvolvida pelos pesquisadores é simples. Porém, o agricultor precisa estar atento a algumas etapas do processo, como a seleção da área de onde serão obtidas as raízes finas noduladas, pois devem possuir bom histórico de ocorrência de nódulos e não ter registro de doenças.

Para obter o extrato de raízes finas, o ideal é fazer um pré-plantio das sementes em vasos ou canteiros com solo da área que será cultivada. A partir dessa nova planta é que será feito o inoculante alternativo. “É importante utilizar nos canteiros ou nos vasos as sementes da mesma cultivar ou variedade de feijão-caupi que serão empregadas na lavoura programada”, explica Rumjanek.