23 mar 2016

Fórum sobre Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono mostra em Goiás e Santa Catarina os benefícios em investir no tratamento de dejetos

*Do Projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono

Eventos foram realizados em Rio Verde/GO e Concórdia/SC nos dias 03 e 17 de março

O mês de março marcou o início dos fóruns sobre Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono que serão realizados em 2016. Os eventos aconteceram em dois polos suinícolas do País.

Rio Verde – Goiás

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O estado de Goiás tem uma suinocultura recente em relação às outras regiões brasileiras. Atualmente, possui cerca de cem mil matrizes, das quais 70% estão em granjas integradas com agroindústrias. Os resíduos dos animais tem sido utilizados como biofertilizante nas pastagens. Com relação ao biogás, embora haja muitas granjas com biodigestores instalados, ainda existe um potencial para crescer ainda mais na geração dessa energia renovável.

Visando sanar problemas, procurar soluções economicamente viáveis e conhecer a importância de reaproveitar os dejetos animais, cerca de 120 participantes estiveram no Fórum sobre Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono realizado na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Rio Verde (ACIRV), no dia 03 de março. Esse foi o primeiro evento realizado em 2016 e a terceira edição do fórum, que já passou por Marechal Candido Rondon/PR e Belo Horizonte/MG.

O fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Felipe José de Carvalho Correa abriu o ciclo de palestras mostrando os principais pontos do Plano ABC e do projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono, destacando a importância de debater o tema no estado.

“O MAPA reconhece que o agronegócio no estado de Goiás vem desenvolvendo de forma rápida, em especial na suinocultura, e sabemos que um grande problema que a ser enfrentado é a diminuição da emissão de dejetos. O evento trouxe alternativas interessantes que farão com que os resíduos se transformem em retorno econômico e geração de energia”, disse.

Na sequência, o consultor do projeto Cleandro Pazinato Dias destacou as tecnologias de produção mais limpa na suinocultura brasileira e do estado. Segundo Pazinato, os produtores de suínos da região têm um perfil novo e empreendedor ao adotarem tecnologias de ponta com rapidez. “Um estado com um perfil desse não poderia ficar de fora de um fórum tão importante para a suinocultura brasileira. Foi necessário deixar claro para o produtor alguns meios que são relevantes para validar novos investimentos e caminhos dentro do rol de tecnologias que são amigas da natureza”, destaca.

O tema “A geração de Renda a partir dos Dejetos da Suinocultura: Biofertilizante, Biogás e Energia Elétrica” foi abordado pelo consultor do projeto Fabiano Coser que abordou formas de reaproveitar os dejetos dos animais. “O aproveitamento econômico dos resíduos na produção de suínos é importante. Hoje existem tecnologias que permitem total economia, tanto dos efluentes, seja na forma de biofertilizante líquido ou sólido, como na utilização desses efluentes por meio da biodigestão e produção do biogás e sua transformação em energia térmica e elétrica. Realmente, fecha-se um ciclo com o aproveitamento econômico desses resíduos”, destaca Coser.

Por fim, o assessor de agronegócio do Banco do Brasil, Silvio Americo Ladeira Fernandes, falou sobre as oportunidades de financiamento e linhas de crédito para tecnologias de baixa emissão de carbono.

O produtor de suínos Alceu Antônio destacou a importância do fórum. “A suinocultura sem um programa ambiental decente não cumpre seu papel. O fórum é importante para conhecer as tecnologias e as possibilidades de trabalhar com os dejetos dos animais, tudo que viemos aprender em relação a esse tema aliado à melhoria do meio ambiente é fantástico”, diz.

Concórdia – Santa Catarina

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O estado catarinense é o berço da suinocultura brasileira e se destaca como o maior produtor, consumidor e exportador de carne suína no país. Devido a essa importância, o estado foi escolhido para a realização do fórum sobre Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono, que aconteceu na Embrapa Suínos e Aves, no dia 17 de março, em Concórdia.

Entre os palestrantes dessa edição estavam o Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura, Sidney Medeiros, que abordou o projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono e o Plano ABC, o representante do Banco do Brasil, Alexandre Petry, convidado para destacar as linhas de créditos existentes para o tratamento de dejetos, os consultores do MAPA Fabiano Coser e Cleandro Pazinato, além do pesquisador da Embrapa Paulo Armando Victoria, que falou sobre as tecnologias de tratamento de dejetos na suinocultura.

Coser ressaltou a importância do fórum em Santa Catarina. “O estado é o maior produtor de suínos do País, e a ação do fórum aqui se justifica muito por concentrar um grande número de pequenos produtores que buscam por soluções ambientais economicamente viáveis. Fazer na Embrapa, que é a casa da pesquisa, no centro de Suínos e Aves foi importante justamente para tentar trazer um pouco mais do conhecimento da casa para agregar as soluções que estão sendo levantadas pelo projeto e levar alguns recursos tecnológicos para os produtores, principalmente, os pequenos”, destaca.

Para a chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, a suinocultura de baixa emissão de carbono forma mais renda para o produtor e possibilita um ganho ambiental. Segundo ela, o fórum leva ao produtor informações sobre as tecnologias e as pesquisas realizadas pela Embrapa ao longo do tempo.

“Faz parte da Embrapa puxar essa questão para os produtores que não estão incluídos. Um dos nossos grandes desafios é a transferência de tecnologia, pois nosso maior produto é o conhecimento. São várias demandas e tipos de atores que temos que chegar e muitas vezes atingimos uma porcentagem, mas devido ao grande contingente, que são os pequenos produtores, acabamos não atingindo. Como é um fórum itinerante, tem a oportunidade de participarmos em várias regiões. Somos um centro nacional de pesquisa e muitas vezes ficamos restritos a uma região, como Santa Catarina. Então, a oportunidade de ir a locais como o Centro-Oeste, por exemplo, onde a suinocultura está crescendo muito atraída pelos grãos é muito importante para poder ajudar e trazer nossa contribuição para os produtores de outras regiões”, explica.

O produtor de suínos Renato Baccin esteve presente e ressaltou a importância do evento para o cotidiano do seu trabalho. “Temos que parar de pensar que o dejeto é um problema e buscar soluções para agregar valor”, diz.

O evento em Concórdia contou com 90 participantes. A próxima edição do fórum será no município de Lucas do Rio Verde, estado do Mato Grosso, no dia 1º de abril de 2016.


23 mar 2016

Embrapa lança oficialmente a Plataforma de monitoramento ABC

*Da Embrapa Meio Ambiente

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O presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes lançou, no dia 21 de março, a Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa.

Situada nas instalações da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), a Plataforma tem o objetivo monitorar da redução das emissões de gases de efeito estufa – (GEE) na agropecuária brasileira, bem como da dinâmica de estoque de carbono no solo, a partir da implantação de tecnologias referendadas.

Estiveram presentes na solenidade, autoridades regionais, como o prefeito em exercício de Campinas, Henrique Magalhães Teixeira, o vice-presidente da Câmara de vereadores de Jaguariúna, Ângelo Roberto Torres, além de representantes de instituições parceiras da Embrapa e do Plano ABC.

A inauguração ocorreu em conjunto solenidade de posse de Marcelo Morandi, como chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente.

O lançamento da Plataforma ABC está diretamente ligado ao compromisso do país quanto a uma agricultura de baixo carbono, ou seja, uma atitude responsável em relação às mudanças climáticas, além de evidenciar o potencial que a agricultura representa em também agregar benefícios para auxiliar na mitigação dos gases de efeito estufa. Boa parte destes gases não está diretamente relacionada à produção agropecuária, mas são capazes de impactar todo o planeta.

Segundo Maurício Lopes, a Plataforma ABC tem um grande papel a desempenhar em relação ao Plano ABC, pois atuará na validação de questões ligadas à concepção do Plano. “As tecnologias aplicadas na agricultura de baixo carbono envolvem diretamente o conhecimento técnico-científico da Embrapa, pois são, em grande medida, tecnologias desenvolvidas e testadas pela Empresa, e posteriormente, transformadas em política pública,” afirmou o presidente.

Conforme explicou Maurício, a efetivação do Plano gera uma necessidade crítica no país, uma vez que demanda a geração de um grande volume de informação organizada, cientificamente embasada, para mostrar ao mundo que o modelo de agricultura de baixo carbono que o Brasil escolheu é efetivo. Gera resultados expressivos à medida que leva ao acúmulo de carbono no solo e diminui as emissões de carbono e gás de efeito estufa.

As tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema plantio direto (SPD), recuperação de áreas de pastagens degradadas, tratamento de dejetos animais, florestas plantadas e fixação biológica de nitrogênio (FBN), são capazes de responder como sistemas de produção com viés assertivo de produção agrícola sustentável, gerando muito menos impactos no ambiente.

Para o diretor Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, essas tecnologias, uma vez implantadas pelos produtores, de forma voluntária, por meio de políticas públicas de incentivo, reforçam a atenção quanto ao monitoramento.

Segundo ele, é fundamental para a Embrapa possuir uma plataforma como lócus na referência de trabalho e de lideranças das ações de monitoramento, capazes de auxiliar na construção de dados confiáveis, que possam atribuir a nossa agropecuária uma condição diferenciada, que justifique ao mundo a denominação de agricultura de baixo carbono.

O pesquisador e responsável técnico pela Plataforma de Monitoramento ABC, Celso Manzatto destacou o compromisso assumido pela Unidade da Embrapa Meio Ambiente em fornecer suporte administrativo para o adequado funcionamento da Plataforma, bem como o apoio logístico para apoiar as realizações de análises físicas e químicas, de geoprocessamento e outras análises que se façam necessárias, mesmo que venham a ser realizadas em outras Unidades da Empresa ou outras instituições de pesquisa.

Agricultura e baixa emissão

A agenda da agricultura de baixo carbono visa, à medida dos avanços de implantação das técnicas produtivas preconizadas no Plano ABC, reverter o senso comum de que a agricultura é fonte geradora somente de impactos negativos ao meio ambiente.

A Plataforma, por possuir um caráter multi-institucional, envolve um conjunto muito amplo de parceiros, como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, Ministério do Meio Ambiente – MMA, a Rede Clima, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Universidades e outros.

Essas características se traduzem em oportunidade para também se atrair outros parceiros essenciais ao bom andamento do Plano, como o setor bancário de crédito e o setor privado.

Para Maurício, “este é o cenário ideal para criarmos as condições onde todos possam trabalhar uma estratégia conjunta que, por meio de um monitoramento eficiente do Plano ABC, possamos alcançar o aprimoramento das tecnologias e procedimentos propostos, combinando o uso inteligente da nossa base de recursos naturais com uma produção certificada, que possa alcançar o mundo e acessar os mercados mais exigentes no futuro,” disse Maurício.

Ativo econômico

As ações brasileiras para mitigar as emissões de CO² e, com isso, frear o aquecimento global, são capazes de gerar impactos positivos na economia do país.

O desenvolvimento da ideia do meio ambiente como ativo em franco desenvolvimento encontra consonância no fato do país possuir uma agricultura de baixo carbono, sustentada em uma política pública de governo.

Para o presidente da Embrapa, esse fato, por si, já representa um ativo muito representativo para o país perante o mundo.

Para ele, a forma como estão sendo conduzidos os Sistemas Integrados de Lavoura Pecuária (ILP) e Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Brasil, baseados em uma política pública de estímulo aos agricultores em incorporar essas tecnologias, já reforça a imagem do país na busca de sistemas de produção eficientes e mais sustentáveis.

Segundo Maurício Lopes, ao longo do tempo, a partir dessas políticas, será possível a geração de um conjunto enorme de ativos, por meio de métodos eficientes que permitam a descarbonização da agricultura.

“Isso irá abrir caminho, no futuro, para que os produtos brasileiros possam receber certificação de “carbono neutro” ou de “baixíssima emissão”, que irão fortalecer a liderança e o protagonismo da agricultura brasileira, talvez, como a mais sustentável do planeta,” finalizou o presidente.


21 mar 2016

Sistema Famasul destaca sustentabilidade rural em Dia de Campo em Selvíria

*Com informações do Sindicato Rural de Três Lagoas

8567-abertura-do-eventoA consolidação do perfil sustentável do produtor rural sul-mato-grossense é resultado da adesão às novas tecnologias e ao acesso à informação de qualidade. Para fortalecer este patamar rural e trazer dados sobre o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta foi realizado, na última sexta-feira (18), o Dia de Campo da Fazenda São Mateus, em Selvíria.

O vice-presidente do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Nilton Pickler e a diretora-secretária da instituição, Terezinha Candido, prestigiaram o evento, que contou coma participação de mais de 350 pessoas.

Para Nilton Pickler, o sucesso do evento comprova que as pessoas já começam a olhar o setor no Estado de um modo diferente. “O SENAR/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural já vem trabalhando mais nesta região nos últimos anos. Que a ciência e a tecnologia, para quem quer usar, possam ser aquilo que vai trazer o resultado para a agropecuária brasileira”, finaliza.

O ‘Tira Teima a Campo’ contou com a parceria do Sistema Famasul, do Sindicato Rural de Três Lagoas, da Embrapa Agropecuária Oeste e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. O objetivo foi mostrar as estratégias de manejo para a recuperação de pastagens degradadas e cultivo de soja, por meio do uso do sistema de produção diversificado, baseado na integração lavoura-pecuária.

Na abertura do evento, que está em sua 8ª edição, Mateus Arantes, proprietário da Fazenda São Mateus, reforçou o desafio para a propriedade tornar-se cada vez mais sustentável nessa região. “A fazenda irá fazer 80 anos. Esse oitavo dia de campo, além de especial, será diferente. Tenho que agradecer todos que contribuíram para que ele acontecesse. Especializamos em lavoura e pecuária e iniciamos outro ciclo de pesquisa”, reforça.

A São Mateus se tornou um ponto de pesquisa após o trabalho desenvolvido na propriedade, durante sete anos, com dados sobre o Sistema ILPF. A região tem solos arenosos e distribuição irregular das chuvas. O trabalho desenvolvido em conjunto e o resultado exitoso comprovam como a ciência, associada à tecnologia rural, podem modificar o cenário de uma propriedade.

Arantes diz também que pensando em inovação, em 2012, um novo cenário surge na fazenda. “Começamos desenvolvendo um gado diferenciado. Aqui trabalhamos exclusivamente com gado a pasto. Não fazemos nada de concentrado, suplementação e confinamento. Isso proporciona uma carne muito diferenciada e com mais sabor. Tenho só que agradecer toda minha família que acreditou e também aos presentes. A nossa vontade é que mais pessoas desenvolvam a região e acreditem. Inserir tecnologia é fundamental”, finaliza.

Marco Garcia, presidente do sindicato Rural de Três Lagoas, disse que o maior desafio é pensar em uma agricultura para o município e região. “O sindicato rural tem muito orgulho de ser parceiro desse evento. Quando digo que o maior desafio é pensar na agricultura, estou falando em investir em tecnologia. Isso foi provado aqui na fazenda São Mateus, onde os resultados dão certo. A Embrapa foi parceira por acreditar nessa região. Qualquer sindicato deve apostar no pioneirismo e desenvolvimento (…)”, reforça Garcia.

No Dia de Campo foram realizadas duas palestras. A primeira foi com o diretor de planejamento estratégico da John Deere, João Pontes, que abordou sobre a rede de fomento que está entrando na região. “Nós acreditamos na tecnologia e criamos a rede para ela chegar cada vez mais aos produtores. Fazer a integração com a propriedade é mais que fazer agricultura. Em forma conjunta, existe uma necessidade de ver isso como um sistema e é uma grande oportunidade”.

Outra palestra foi com o representante da Sepaf – Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar, Jerônimo Alves, que apresentou o programa Terra Boa como fomentador do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. No início do mês, o Sistema Famasul, juntamente com outras instituições, assinou o termo de cooperação do Programa Estadual de Recuperação de pastagens degradadas. A intenção é recuperar potencial produtivo de dois dos oito milhões de hectares de pastagens que apresentam algum grau de degradação e será gerido pela Sepaf. Conforme apresentação, o incentivo oferecido pelo Estado viabilizará o custo do investimento que será realizado pelo produtor para recuperar a área degradada.


15 mar 2016

Plano ABC terá central nacional de monitoramento

*Da Embrapa Meio Ambiente

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O Brasil passa a contar, a partir de segunda-feira (21), com uma estrutura física especialmente criada para coordenar o sistema de monitoramento da redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na agropecuária, bem como da dinâmica de estoque de carbono no solo. Trata-se da sede da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa derivadas das ações do Plano ABC (Plataforma ABC).

A coordenação fica estrategicamente situada nas instalações da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), e vai ajudar no compromisso do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).

Segundo o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, a plataforma será um fator de agregação de competências das instituições envolvidas no monitoramento do Plano ABC.

Estarão alocadas as competências da Embrapa e de diversas instituições parceiras, capazes de gerar informações para um monitoramento robusto das estimativas de redução das emissões de GEE compromissadas para o Plano ABC. Cabe à plataforma a coleta, organização, análise, armazenamento e zelo pela segurança das informações e estimativas. Para tanto, a Plataforma ABC contará com um comitê diretor, que será responsável pela definição das suas diretrizes macroestratégicas e pelo acompanhamento do seu funcionamento.

O Comitê será composto por sete membros representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que atuará como presidente, e como secretário Executivo, um representante indicado pela Diretoria Executiva da Embrapa. O Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rede Clima, instituições do sistema bancário (Banco Central ou Banco do Brasil), além da sociedade civil e do setor agropecuário privado, indicam um membro nato cada.

O sistema de monitoramento das emissões é considerado um componente estratégico para o Plano ABC. O monitoramento eficiente será a única forma de o País comprovar de que forma e em qual quantidade os setores da agricultura e pecuária brasileira estarão conciliando produção e sustentabilidade no mesmo pacote.

“É extremamente relevante o correto emprego das estratégias de monitoramento, de modo que possam garantir que as reduções sejam devidamente apuradas, contabilizadas e passíveis de serem comprovadas em 2020, inclusive para verificações de auditorias internacionais,” afirma o pesquisador Celso Vainer Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente, que será o responsável técnico da Plataforma ABC,

Ele destacou ainda o desafio técnico-cientifico da Plataforma para o estabelecimento de mecanismos de monitoramento – Mensuração, Relatório e Verificação (MRV). Esses mecanismos devem comprovar internacionalmente o cumprimento desses compromissos em discussão nas NAMAS (Nationally Appropriate Mitigation Actions), como forma de aumentar a participação dos países em desenvolvimento no esforço de redução das emissões de (GEE). Para isso, Manzatto explicou que o Comitê terá ainda um papel fundamental no diálogo e na mobilização de instituições públicas e privadas.

A sede é resultado da articulação iniciada em 2010 entre Embrapa, MMA e Mapa e a inauguração contará com a presença do presidente da empresa, Maurício Antônio Lopes e de diversas autoridades.

Mitigação e adaptação

O ABC é um plano setorial que busca organizar, planejar e programar ações para que, por meio de incentivos à adoção de sistemas e tecnologias sustentáveis de produção, seja possível aos produtores rurais aliar a produção com adequação ambiental, capacitando a viabilidade econômica na atividade rural.

O Plano é composto por sete programas relacionados a tecnologias de mitigação e ações de adaptação às mudanças climáticas. São eles: integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema plantio direto (SPD), recuperação de áreas de pastagens degradadas, tratamento de dejetos animais, florestas plantadas, fixação biológica de nitrogênio (FBN), e por último, adaptação às mudanças climáticas.

Esses sistemas de produção, combinados ou não, são capazes de responder às responsabilidades assumidas pelo país, de forma voluntária, em 2009, na Dinamarca, durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15).

Na ocasião, o Brasil assinou um compromisso de redução de emissões de GEE no país entre 36,1% e 38,9% das esperadas para 2020, tendo 2005 como ano-base. Os compromissos propostos para a agricultura que constituem a base do Plano ABC, possuem um potencial estimado para a mitigação de GEE da ordem de 133,9 a 162,9 milhões toneladas CO2 equivalente.

O protagonismo do Brasil

O planejamento estrutural para a realização de processos de mitigação de GEE é o resultado de esforço coordenado. O pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária (SP) participa das discussões para a implantação do Plano ABC desde o ano de 2009.

Ele conta que todas as etapas do projeto e a implantação do Plano contaram com o envolvimento direto do Governo Federal, dos ministérios e secretarias relacionados ao tema, universidades, entidades do terceiro setor, órgãos financiadores, Institutos de pesquisas, além da Embrapa.

O pesquisador avalia que o Plano ABC coloca o Brasil como protagonista mundial na redução dos gases efeito estufa a partir da agropecuária e que poucos países possuem um planejamento similar. “Enquanto o mundo ainda discute sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), ou integração lavoura-pecuária-floresta – (ILPF), o Brasil promove e estuda esses sistemas há mais de três décadas”, ressalta Assad.

Cenários com áreas de degradação dos solos, verificados ainda nos anos 1980, mobilizaram pesquisadores que acabaram por oferecer sistemas produtivos mais sustentáveis para a agropecuária brasileira, nos quais os aumentos de produtividade animais e vegetais passaram a conviver com a possibilidade de preservação dos recursos naturais.

Graças ao esforço de implantação de tecnologias de produção de baixa emissão, o Brasil possui hoje 92 Unidades de Referência Tecnológica e mais de três milhões de hectares em que esses sistemas foram adotados.

“Essa é uma oportunidade da qual o País não pode abrir mão. Trata-se de um ativo valioso a ser conduzido com extremo cuidado. Não estamos tratando somente da possibilidade de produzir carne, grãos e fibra, mas de agregar pegada verde a esses produtos, com chancela de boas práticas de produção, em um mercado que anseia por isso,” explicou Assad.

Manzatto concorda. Para ele, há um caminho a se percorrer, que passa pelo desenvolvimento dos mecanismos de monitoramento das reduções de emissões de GEE, para avaliar a efetividade do Plano ABC. “Posteriormente, com as devidas comprovações internacionais das reduções de emissões da nossa agricultura tropical, essas ações irão contribuir para gerar novas oportunidades de negócios para a produção brasileira, em mercados mais seletos,” disse o pesquisador frisando que isso acontecerá à medida que produtores forem progressivamente adotando sistemas de produção sustentáveis.

A contribuição da Embrapa

Atualmente o Brasil conta com mais de 40 Sistemas Integrados de Produção, a grande maioria testada na Embrapa. Assad ressalta que a Empresa possui pesquisas em campos experimentais nessa área há mais de 30 anos. Destaca o trabalho pioneiro de pesquisa básica, sobre verificação de carbono no solo e emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), iniciada principalmente nas Unidades da Embrapa Cerrados (DF), Solos (RJ), Agrobiologia (RJ) e Meio Ambiente (SP).

Para o pesquisador, este é o momento de aperfeiçoar a produção agrícola no Brasil, fortalecendo os modelos integrados, capazes de produzir grãos, carne, leite e produtos madeireiros e não madeireiros ao longo de todo o ano. Ele ressalta que as fazendas adotantes desse modelo se tornam altamente competitivas em termos produtivos, além de incorporar benefícios econômicos e ambientais ao empreendimento.

“Temos 170 milhões de hectares de pastagens com potencial e capacidade de transformá-los em sistemas da agricultura ABC da melhor maneira possível, beneficiando produtores, o País e o ambiente”, acredita Assad.

Carbono como moeda

Quando instituições financeiras e bancos centrais de países influentes passaram a considerar as mudanças climáticas como fator de risco para a estabilidade financeira mundial, uma nova moeda de troca começou a surgir: o carbono. Ela tem origem na interpretação do Artigo 117, do Acordo de Combate ao Aquecimento Global, firmado por 195 países, incluindo o Brasil, e que versa sobre o valor social e econômico das ações de mitigação.

Enquanto se discute a definição adequada para a retenção do carbono, o mercado deste tipo de “título verde” prospera. Os “green bonds” servem para financiar empreendimentos que invistam em tecnologias de mitigação das emissões de carbono, ou que reduzam o consumo de água, matérias-primas e energia. Segundo o Climate Bonds Initiative, organização sem fins lucrativos da Inglaterra, esses títulos poderão movimentar até U$100 trilhões no mercado nos próximos anos.

Os títulos se configuram como dívida de longo prazo e são usados para financiar projetos sustentáveis, como os que contemplam as boas práticas agrícolas, por exemplo. Com isso, ajudam na redução das emissões de GEE, minimizam o aquecimento do planeta, valoram a produção e aumentam a oferta de alimentos seguros, entre outras vantagens.


15 mar 2016

Seminário do projeto ABC Cerrado será realizado hoje, em Patos de Minas

*Da Ascom SENAR Minas

Seminário realizado em Uberaba, em setembro de 2015.

Seminário realizado em Uberaba, em setembro de 2015

Depois de passar por Unaí, o seminário de sensibilização do Projeto ABC Cerrado será realizado nesta terça-feira, 15, em Patos de Minas, onde mostrará aos produtores da região que é possível fazer agricultura sustentável, livre dos gases que provocam o efeito estufa, e ainda obter bons rendimentos com isso. O evento acontece a partir das 13h30 no Auditório do Sindicato dos Produtores Rurais de Patos de Minas (Parque de Exposições). Após Patos de Minas, o seminário segue para Araxá, onde será realizado dia 17.

O objetivo dos seminários é apresentar o projeto, que promove a agricultura com baixa emissão de carbono, explicando seus conceitos e mostrando o uso e as vantagens destas tecnologias para o produtor rural, de maneira que ele tenha retorno econômico e ainda preserve o meio ambiente.

Com o tema “Produção com preservação nos campos – Bioma Cerrado”, os eventos trarão informações detalhadas sobre as etapas do projeto e também sobre linhas de crédito para que o produtor interessado possa implantar os processos em sua propriedade.

Os interessados podem obter mais informações e se inscrever nos locais dos seminários, ou antecipadamente, pelos telefones (31) 3074-3080 ou pelo e-mail abc@senarminas.org.br.