16 jun 2015

ARTIGO: INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA NO PARÁ

Por Rosana Maneschy*

Tradicionalmente na Amazônia sistemas agroflorestais e/ou integrados são praticados por indígenas, ribeirinhos dentre outras comunidades rurais. Na década de 1990 o governo federal incentivou a adoção de sistemas integrados via Fundo Constitucional Norte. O pacote proposto envolvia a associação de fruteiras. Com raras exceções, o programa não foi bem sucedido, geralmente por problemas agrotécnicos e socioeconômicos.

Nesse período as experiências com integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no Pará baseavam-se no uso de árvores/palmeiras de regeneração natural e associação de plantios arbóreos com pastagens.
Até 2008 no nordeste e sudeste do Estado predominavam sistemas temporários do tipo “pastoreio em plantio florestal”. A implantação de plantios florestais (paricá ou teca) ocorria em área degradadas de quicuio-da-amazônia pastejados por bovinos.

A integração dos animais com o plantio florestal tinha como objetivo diminuir os custos com limpezas. Apesar da satisfação dos produtores com os sistemas foram apontadas incertezas para a adoção: falta de assistência técnica, dificuldades na aquisição de sementes / mudas e desconhecimento de linhas de crédito específicas.

De 2008 a 2012 nove mil hectares de pastagens degradadas foram convertidos em ILPF no sudeste do Pará. Só no município de Paragominas a Embrapa estimou a conversão de 1% ao ano das áreas de pastagens em ILPF. E a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas ressaltou o uso de ILPF estaria potencializando a expansão de plantios de eucalipto no Pará.

A opção por sistemas mais simplificados de ILPF tem redesenhado a paisagem rural, uma vez que tem sido utilizado na recuperação de pastagens degradadas. Os produtores têm optado por culturas de ciclo curto (milho, soja ou arroz) para diminuir custos de implantação de pastagem. Nos sistemas que integram árvores, o eucalipto tem a preferência, uma vez que a espécie possui um pacote tecnológico desenvolvido além da existência da oferta de mudas e mercado para venda, diminuindo o risco para o produtor.

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*Rosana Maneschy é Doutura em Ciências Agrárias e professora do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA. ARTIGO publicado no Jornal O Liberal, do Pará, em 10/06/2015