Por Embrapa Agrossilvipastoril*
A Embrapa Agrossilvipastoril está realizado o primeiro desbaste dos eucaliptos do experimento de integração lavoura-pecuária-floresta com foco na pecuária de corte. A redução da quantidade de árvores é uma forma de aumentar a produtividade de grãos, de forrageira e também de potencializar os ganhos na produção de madeira.
O desbaste ocorre após quatro anos do plantio das árvores. Neste experimento, que conta com renques com linhas triplas de eucalipto, estão sendo testados dois tipos de desbaste. Em algumas parcelas há a supressão de 50% dos indivíduos, independentemente da fileira. Em outras estão sendo retiradas as linhas laterais do renque triplo e algumas árvores da linha central.
No primeiro tratamento, a definição sobre as árvores que são suprimidas é feita de acordo com uma série de critérios. Entre eles está o formato do fuste, eliminando as árvores tortuosas, bifurcadas ou com danos causados por doenças e animais. Também são suprimidas árvores doentes e aquelas com baixo índice de crescimento.
“Não pode tirar tudo de qualquer jeito, pois também tem a parte espacial. Não se pode tirar tudo em um canto e deixar um buraco. Tem de fazer de uma forma arranjada de modo a manter uma distribuição espacial”, explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Hélio Tonini.
De acordo com Hélio, o desbaste tem o objetivo de permitir a maior entrada de luz no sistema, beneficiando a lavoura e a planta forrageira da pecuária. Além disso, a redução no número de árvores possibilita a redução da competição entre os indivíduos e a priorização daqueles com melhor potencial de uso em serraria.
“Elas vão crescer mais. Vão ter mais espaço para expandir a copa. Vão concentrar a capacidade de crescimento num numero menor de árvores. A altura não vai alterar muito, mas o ganho em diâmetro será substancial”, afirma o pesquisador.
Antes do corte raso das árvores, programado para ocorrer entre os 12 e 16 anos do plantio, está prevista a realização de mais um desbaste. A definição será feita com base no crescimento das árvores e também no desempenho da lavoura e da pecuária.
“O maior problema de sombreamento é com desenvolvimento de altura. E a tendência agora é estabilizar o crescimento. Então imagino que de agora em diante as perdas em relação à pastagem e grãos serão menores”, explica Tonini.
A madeira retirada do sistema neste desbaste será vendida como lenha. Entretanto, ela também poderia ser utilizada para produção de postes descascados ou mourões de cerca.
Como neste caso a rebrota do eucalipto não é desejada, serão aplicados produtos químicos nos tocos para matar a planta e acelerar o apodrecimento. O objetivo é utilizar, o quanto antes, a área ocupada por eles com a lavoura e a pastagem.
Podas
Mesmo com o desbaste feito, é preciso continuar fazendo as podas periódicas nas árvores. Esse manejo é importante para garantir a melhor qualidade da madeira, evitando a formação de nós, e ainda para permitir maior entrada de luz no sistema.
De acordo com o pesquisador Hélio Tonini, a poda normalmente é feita até os sete metros de altura. A partir daí, como é necessário o uso de plataformas de elevação, o custo da operação fica muito elevado.
“Para quem trabalha com madeiras de maior valor, como a teca, o custo do manejo vale a pena. Para eucalipto, por exemplo, fica antieconômico”, pondera Tonini.