02 set 2016

Sistema de integração lavoura-pecuária garante renda para produtores de Roraima

Por Ascom CNA*

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A técnica permite a diversificação da produção, proporcionando um melhor custo benefício nas propriedades locais

A 50 quilômetros de Roraima, na cidade de Mucajaí, um produtor gaúcho investiu num sonho: construir uma fazenda e criar gado da raça nelore. Mas, com o tempo o sonho ganhou outras dimensões. Hoje, seu filho Eduardo Paludo, um dos administradores da Fazenda Prateada, diversificou a produção. A criação de gado continua, agora associada ao sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), também chamado agropastoril. Além da criação de peixes.

Segundo Eduardo Paludo, o sistema agropastoril desenvolve a pecuária de sua propriedade, renovando a pastagem, aumenta a produtividade e a qualidade da produção e promove a valorização da terra. De acordo com Paludo, em uma área utilizada para criar uma única cabeça de gado, em pastagem, com o sistema ILP passa a alimentar quatro animais ou até mais. “É um custo-benefício extraordinário para nós produtores”, frisa. O produtor acrescenta: “também plantamos grãos, colhemos, comercializamos e os utilizamos na própria fazenda como ração, além de estocarmos no pasto. Operando apenas com a pecuária isso não seria possível”, observa.

A ILP trouxe outra grande transformação para o produtor Eduardo Paludo, a diversificação de sua produção. Os benefícios que o sistema trouxe para sua atividade, confessa, indicam um futuro mais promissor, diminuindo as crises ocasionadas pela sazonalidade de preços e clima. “Nós, produtores, precisamos nos reinventar sempre”, observa. Eduardo comenta que no seu caso, ele não pode depender somente da produção de milho, já que, com a variação da oferta do produto, seu preço pode não ser satisfatório. “O sistema integrado garante uma fonte de renda mais estável, fundamental para que nossa atividade seja rentável”, finaliza.

A propriedade de Eduardo Paludo tem 7 mil hectares, destes 1,5 mil são produtivos. Lá 1,3 mil cabeças de gado são abatidas anualmente e vendidas a R$ 150 por arroba, o equivalente a R$ 10 reais o quilo. Na piscicultura, são cerca de 40 hectares de açudes, e seis lâminas de água que produzem mais de 90 toneladas de peixes anualmente. Na parte de grãos, a Fazenda Prateada alterna, por ano, 200 hectares entre a produção de milho e soja.

Mas não é somente Eduardo Paludo que investe no sistema Pecuária-Lavoura. De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Roraima), Vicente Dianluppi, esse sistema é essencial para o desenvolvimento e a competitividade da agropecuária de Roraima. “Como não temos a safrinha, a alternativa econômica para o alto custo de duas safras e ainda a aplicação da ILP, já que temos um solo com boas características e variáveis cadeias de produção, esse sistema se tornou imprescindível para a região”, ressalta.

O pesquisador observa que hoje a produção agropecuária do estado, cuja população é de 500 mil habitantes, atende somente o mercado interno. Contudo, com as possibilidades do mercado brasileiro e com o surgimento de demandas na Venezuela, país vizinho de Roraima, que hoje vive uma crise por alimentos, o sistema agropastoril deve ser intensificado em toda a região. “Precisamos ser eficientes e cada vez mais ecologicamente sustentáveis”.

Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Roraima, Alexandre Henklain, o cerrado do estado é um paraíso para os produtores que investem no sistema agropastoril, pelo clima e pela terra. “Aqui é o melhor lugar para quem quer criar gado e plantar soja”. E convida outros produtores brasileiros “venham para Roraima o mais breve possível, porque as terras ainda estão baratas”.