27 jun 2017

Dia de Campo do ABC Cerrado em Montes Claros apresenta resultados do sistema iLPF

Por SENAR Minas*

O campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, em Montes Claros, recebeu o Primeiro Ciclo de Palestras e Dia de Campo ILPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta dia 23 de junho. O evento, coordenado pela professora Leidvan Almeida Frazão e pelo professor Thiago Gomes dos Santos, teve como objetivo apresentar ações e resultados sobre os sistemas, visando o aumento da capacidade produtiva das propriedades rurais no Norte de Minas.

Na abertura, o instrutor Eugênio Silveira apresentou o Projeto ABC Cerrado e proferiu palestra sobre a Mecanização em Sistemas de ILPF. Também foram proferidas palestras sobre a Viabilidade Econômica dos Sistemas ILPF da Rede de Fomento e sobre Produção Animal nesse sistema, pelo produtor Leonardo Resende, da Fazenda Triqueda, onde o ILPF é utilizado há vários anos com excelentes resultados.

Também foram apresentadas no Dia de Campo cinco estações, sendo: Sistemas Integrados de Produção, Produção Animal em Sistemas de ILPF, Mecanização em Sistemas de ILPF, Recuperação de Pastagens e Tratamento de Madeira. Vários produtores, que estão participando do Projeto ABC Cerrado, que em Minas é coordenado pelo Senar Minas, também estiveram presentes, a fim de conhecer os benefícios gerados e já reconhecidos por autoridades da área e produtores de outras regiões.

Rogério Cardoso Gomes e Emanuel Barbosa, com propriedades nos municípios de São João do Pacuí e Coração de Jesus, respectivamente, participaram do ciclo de palestras e do dia de campo com o objetivo de adquirir mais conhecimentos, informações e orientações sobre os sistemas. Eles afirmam que aprenderam no ABC Cerrado que o uso de técnicas é primordial para o sucesso de qualquer produção. Rogério conta ter descoberto que quase todo o trabalho que executava na produção em sua fazenda era feito de forma errada.

Público participante

Dentre os participantes estiveram presentes os coordenadores nacionais do Projeto ABC Cerrado, Mateus Moraes e Rafael Costa, de Brasília (DF), o coordenador estadual Caio Sérgio Oliveira, do SENAR Minas, os instrutores mobilizadores e técnicos mineiros Eugênio Silveira, João Renato Lopes, Ricardo Tuller, Edvaldo Barbosa, Wender Guedes e outros técnicos da região de Diamantina. Participaram ainda pesquisadores, produtores rurais, estudantes graduandos e pós-graduandos, acadêmicos da universidade, extensionistas e profissionais da área de agropecuária que atuam na região.

Visitas técnicas

Os coordenadores do ABC Cerrado e o gerente regional do SENAR em Montes Claros, Dirceu Martins, visitaram no Norte de Minas propriedades nos municípios de Brasília de Minas, Japonvar, Patis e São João da Ponte, onde estão implantando o sistema de Recuperação de Pastagens Degradadas.

Para os coordenadores, estas visitas técnicas de monitoramento são muito importantes, principalmente para avaliar as dificuldades que os produtores estão tendo na execução do trabalho, pois o projeto visa mudar a rotina da propriedade mostrando ao produtor que ele pode melhorar a sua produtividade através do tratamento e recuperação do solo e produção de água.

Segundo Caio Oliveira, os produtores visitados disseram estar satisfeitos e afirmaram que as condições de produção de suas propriedades melhoraram com o projeto. Em relação ao dia de campo, Caio se disse satisfeito com a grande participação dos produtores assistidos pelo ABC Cerrado e que as informações foram muito produtivas para os participantes.


04 abr 2017

SENAR terá papel decisivo para a expansão da ILPF no Brasil

O Brasil conta com, aproximadamente, 11,5 milhões de hectares com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), um número que aumentou quase 10 milhões de hectares em 10 anos. O ótimo resultado foi apresentado para especialistas, pesquisadores e estudantes de todo o País que estiveram reunidos durante dois dias, em Goiás.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que incentiva a adoção da tecnologia com o Projeto ABC Cerrado, participou do encontro, promovido pela Rede de Fomento iLPF, uma parceria público-privada formada por empresas e instituições como a Embrapa. Representaram a entidade o coordenador do projeto ABC Cerrado, Mateus Tavares, e os assessores técnicos do DEPPS, Rafael Nascimento da Costa, José Luiz Rocha Andrade e Marcelo de Sousa Nunes.

Marcelo Nunes, Rafael Costa, José Luiz e Mateus Tavares

No primeiro dia, uma reunião técnica, em um hotel de Caldas Novas, debateu os temas como o avanço da adoção da iLPF no Brasil e caminho para a tecnologia continuar crescendo no País.

“Isso é um resultado muito expressivo e ultrapassa as metas estabelecidas dentro do chamado Plano de Baixo Carbono, do Governo brasileiro, de estímulo aos produtores pela adoção de boas práticas, e que incluem os sistemas integrados como uma delas. O que está se fazendo aqui no Brasil é algo diferenciado, de qualidade e que pode dar sustentabilidade ao setor produtivo. O sistema integrado está sendo um novo paradigma de produção agropecuária nos trópicos e, em particular, no Brasil”, destaca o diretor-executivo de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto.

Ladislau Martin Neto

“Ninguém imaginava que já pudesse existir no Brasil uma área tão grande com integração. O segundo dado que apareceu na pesquisa foi de que 84% dos que adotaram o sistema integrado estão satisfeitos e isso é muito importante. Estamos prontos para entrar numa outra etapa agora, onde nós vamos buscar identificar mais algumas oportunidades para fazer desse um grande negócio para os agricultores brasileiros”, afirma o presidente da Rede de Fomento iLPF, Paulo Herrmann.

Conhecimento na prática

No segundo dia, o público teve a oportunidade de conhecer a teoria na prática. Aproximadamente mil pessoas participaram do dia de campo na Fazenda Santa Brígida, em Ipameri. Referência no uso da iLPF  no Brasil, a propriedade sofreu se transformou desde que implementou a tecnologia, no ano de 2006. Em uma área que era só pasto degradado e dívidas, a fazenda passou a ser produtiva, rentável e sustentável. Hoje, com 420 hectares utilizando diversos modelos que integram agricultura, gado e eucalipto, a Santa Brígida é orgulho para a sua proprietária Marize Porto Costa e serve de inspiração para quem ainda tem dúvidas quanto à eficiência da iLPF.

Marize Porto Costa

“Nem nos meus melhores sonhos eu conseguiria imaginar. A condição era tão ruim, a minha situação naquele momento era tão ruim, que em momento algum eu imaginei que a gente pudesse reverter da forma que nós revertemos isso aqui. O orgulho é imenso, mas é muita tecnologia e muito profissionalismo. Não adianta você achar que sabe fazer. É preciso buscar quem sabe, porque têm muitos segredinhos ali e só quem é treinado consegue fazer”, aconselha Marize.

Divididos em grupos, os visitantes passavam por estações que tratavam de temas específicos, como contribuição dos sistemas integrados para a produção de grãos, carne e madeira; contribuição da iLPF para os serviços ambientais e gestão técnica e operacional de sistemas integrados. Em cada uma delas era possível conhecer detalhes sobre o modelo da Santa Brígida e esclarecer dúvidas com os pesquisadores da Embrapa e funcionários da fazenda. Entre os presentes, gente que já conhece e é apaixonado pela iLPF, produtores que estão tendo sucesso com a tecnologia e jovens que enxergam no sistema integrado de produção o futuro da atividade.

Cinco estações abordavam temas específicos sobre ILPF

“A iLPF é uma evolução da agricultura tropical para que nós façamos aquilo que nunca foi feito no mundo ainda. É a integração do processo produtivo de forma que uma fazenda dê o máximo de resultados com seus recursos naturais. Você tem quatro safras. Isso não existe no mundo. Eu já pratico há 15 anos na minha propriedade e estou muito satisfeito. Quero passar aos meus sucessores porque eu sei que é a forma mais racional que eles vão ter de receber o bem que eu vou passar para eles e transmitir aos meus netos e bisnetos”, conta o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli.

Yula Cristina Cadette

E não é só o ex-ministro que já está colhendo resultados e incentivando produtores que ainda têm dúvidas. “Eu acho que não devia ter dúvida. Eu acho que tem que ter precauções, procurar uma boa consultoria, procurar fazer do tamanho que o teu bolso permite, mas eu não teria dúvidas de que o sistema muda muito, muda completamente o perfil da fazenda e muda completamente a rentabilidade da área. ele tem tudo pra dar certo. Se não fosse assim, ele não teria já 11,5 milhões de hectares já com o sistema”, pondera Yula Cristina Cadette, proprietária Fazenda Modelo II, localizada em Ribas do Rio Pardo (MS).

Maria Fernanda Guerreiro

“O momento foi de desespero, de quebra, de desespero financeiro. A gente vivia da laranja, da receita da laranja, e a laranja teve uma crise econômica, depois em seguida teve o problema fitossanitário e nós quebramos. E a gente percebeu que para um pequeno produtor, que é o nosso caso, a gente tinha que partir para a diversificação e então o que fez com que a gente fosse para o sistema foi para diversificar”, revela Maria Fernanda Guerreiro, proprietária Fazenda Nelson Guerreiro, em Brotas (SP).

Geovane Macedo Soares

“Não é difícil. O desafio é os produtores entenderem o benefício que essa tecnologia vai trazer para eles. A maioria cria resistência porque foram nascidos e criados na roça e sempre viram seus pais fazerem do mesmo jeito. Seria muito bom ter um treinamento e  esclarecimentos para que eles pudessem ter a mesma visão”, aponta o estudante de Agronomia Geovane Macedo Soares.

SENAR difunde a tecnologia

Segundo o coordenador do ABC Cerrado, Mateus Tavares, os produtores que participam das capacitações do projeto relatam que a decisão de adotar a iLPF é “uma grande virada de mesa”. Por esse motivo, ele considera fundamental eventos onde eles possam ver resultados de quem já entrou nesse sistema e conseguiu adaptar a propriedade para conduzir esse modelo de produção.

“Ele precisa ter bastante segurança para tomar essa decisão. No ABC Cerrado nós também temos previstos 18 Dias de Campo com situações semelhantes a essa para mostrar ao produtor que é uma tecnologia interessante e viável”, observa Mateus Tavares.

E credibilidade não falta ao SENAR. Especialistas na tecnologia reconhecem o importante trabalho que já vem sendo desenvolvido junto ao setor rural e apostam no papel decisivo que a entidade terá na formação de recursos humanos para atuarem em sistemas integrados de produção.

Paulo Herrmann

“O iLPF é complexo. A propriedade que tem uma cultura anual não para mais. Ela planta, colhe, tem gado e ainda mexe com floresta. A gestão dessa propriedade precisa ser feita por sistemas ajustados a essa realidade e temos que ter profissionais qualificados para poder fazer isso. Tudo passa por um sistema de qualidade total e de gestão de sistemas operacionais e eu espero que o SENAR seja o nosso grande braço para poder disseminar e qualificar a implementação do iLPF Brasil afora”, alerta Paulo Herrmann.

“A formação de recursos humanos, o treinamento, a qualificação de mão de obra é essencial e o SENAR tem sido um pioneiro, uma liderança expressiva no País, nesse aspecto. É necessário conhecimento em vários produtos, na operação de máquinas agrícolas, etc. Temos uma série de desafios e grande parte deles passa pela qualificação de recursos humanos”, reforça Ladislau Martin Neto, da Embrapa.

“O processo de treinamento é fundamental e tenho absoluta certeza que o nosso SENAR pode fazer isso”, completa Alysson Paulinelli.