02 out 2015

Seminário do Programa ABC Cerrado será realizado sexta-feira em Cassilândia, no Mato Grosso do Sul

*Da FAMASUL

O programa será promovido por meio de uma parceria entre SENAR,
Ministério da Agricultura e Embrapa

7178-lavoura-pecuaria-siteHoje, 2 de outubro, o SENAR/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural dará início aos seminários de sensibilização e divulgação do Projeto ABC Cerrado, que tem a finalidade de disseminar práticas de agricultura com baixa emissão de carbono, alertando o produtor sobre a importância de investir na propriedade de forma a obter retorno econômico e preservando o meio ambiente.

O primeiro encontro será realizado no município de Cassilândia e tem como público alvo produtores, alunos e estudantes do setor produtivo. Com uma serie de ações, equipes técnicas oferecerão ferramentas de incentivo e difusão de práticas sustentáveis nas propriedades rurais localizadas na região de Cerrado. Na primeira etapa, além de Mato Grosso do Sul, serão atendidos os Estados da Bahia, Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Distrito Federal.

A ação é conjunta com o Ministério da Agricultura e a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e terá como foco principal o desenvolvimento de quatro tecnologias previstas no Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC) Sistema de Plantio Direto, Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e Florestas Plantadas.

De acordo com o superintendente do SENAR/MS, Rogério Beretta, o projeto tem dois diferenciais que se adequarão às necessidades do Estado. “O ABC Cerrado tem objetivo de atender áreas do cerrado nas quais sejam identificadas pastagens degradadas, promovendo a introdução de tecnologias nos setores de ILPF, agricultura e floresta. Para atender estas propriedades, o Senar está formando técnicos que oferecerão assistência técnica nas diferentes regiões de Mato Grosso do Sul”, explica.

O Senar é o responsável pela formação profissional dos produtores rurais, capacitação de instrutores e técnicos de campo e pela assistência técnica oferecida posteriormente nas propriedades rurais. A programação inclui a apresentação do projeto, a desmistificação dos conceitos e a aplicabilidade das tecnologias de baixa emissão de carbono. Além disso, serão apresentadas as vantagens e resultados do trabalho desenvolvido pelo ABC Cerrado.

Serviço – O seminário será realizado nesta sexta-feira (2), das 18h30 às 20h30, na câmara municipal de Cassilândia. O endereço é Rua Amin José, 356, Centro. Já no dia 7 de outubro (quarta-feira), o evento acontecerá em Aquidauana, das 19h às 21h.

Confira a programação:

18h30 –  Abertura – Presidente Sindicato Rural de Cassilândia: Sr. Ademir Cruvinel

19h –  Contextualização do Programa ABC – Sr. Orlando Baez- Chefe da DPDAG/SFA/MS

19h30 – Tecnologias preconizadas no ABC Cerrado: plantio direto, recuperação de pastagens, floresta plantada, integração lavoura pecuária floresta – uma breve visão sobre cada tecnologia – Pesquisador Ademir Hugo Zimmer EMBRAPA CNPGC

20h – Projeto ABC CERRADO: Atuação do Projeto nos Estados – Capacitações e Assistência Técnica – Sr. Mateus Tavares – Coordenador do Programa ABC Cerrado/Senar Central

20h30 – Cocktail de Encerramento


01 out 2015

Instrutores do SENAR prontos para orientar produtores nas tecnologias de ABC

*Do SENAR

Grupo participa de uma visita à áreas experimentais com as tecnologias na Embrapa Cerrados nesta quinta-feira (1º/10). Foto: Rafael Nascimento da Costa
Grupo participa de uma visita à áreas experimentais com as tecnologias na Embrapa Cerrados nesta quinta-feira (1º/10). Foto: Rafael Nascimento da Costa

Responsáveis por orientar os produtores rurais sobre as quatro tecnologias difundidas pelo ABC Cerrado, os instrutores do projeto participam de uma capacitação até a próxima sexta-feira (2/10), na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), em Brasília. No treinamento, 42 instrutores de oito Estados estão recebendo conhecimentos sobre Sistema Plantio Direto (SPD), Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e Floresta Plantada (FP) com os consultores másters de cada tecnologia.

Mateus Tavares
Mateus Tavares

O assessor técnico do SENAR Mateus Tavares ressalta a importância dessa etapa, pois serão os instrutores que farão a interlocução entre o projeto e os produtores. Para ele, esses profissionais precisam mostrar os benefícios das tecnologias e motivar os produtores a implantar as novas práticas.

“Mais do que incentivar, essa capacitação ensinará os instrutores a transferir conhecimentos para que o produtor tenha o poder de decisão baseado em critérios técnicos”, declara.

Elvison Ramos
Elvison Ramos

Coordenador de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Ministério da Agricultura (Mapa), Elvison Nunes Ramos, considera o treinamento “crucial” para que os instrutores sejam nivelados em todas as tecnologias e possam voltar aos Estados preparados para repassar informações para os produtores. Na opinião dele, é preciso mostrar benefícios como melhoria na renda e qualidade de vida e fazer com que os produtores enxerguem isso dentro da sua realidade.

“O instrutor precisa levar, além da filosofia, números e exemplos que comprovem a eficiência das tecnologias. Utilizar experiências locais que deram certo de produtores para que os outros enxerguem também é uma ferramenta importante. Até mesmo a chamada “inveja do vizinho” tem um papel importante nesse processo e pode ser utilizada a nossa favor, desde que sempre seja acompanhado de um projeto técnico”, brinca.

Moacir Medrado
Moacir Medrado

Área que representa um novo mercado para o Brasil e que vem avançando nos últimos anos, a Silvicultura é uma das atividades que pode ser beneficiada com as tecnologias incentivadas pelo ABC Cerrado. O consultor máster de florestas plantadas, Moacir Medrado, destaca a rentabilidade e a possibilidade da cultura ser introduzida isoladamente ou de forma integrada dentro da propriedade, sem competir com a agricultura ou a pecuária.

“O principal desafio dos instrutores é traduzir o que está sendo ensinado de uma forma simples e sucinta para o produtor. É preciso mostrar o benefício que ele vai ter e fazer uma comparação com aquilo que ele faz na prática, com algo que seja palpável no dia a dia dele. Ao invés de falar em ILPF, que sozinha pode assustar um pouco, o instrutor deve explicar que o produtor poderá ter um pasto novo a cada ano”, recomenda.

Benefícios esclarecidos

Cláudia França Rodrigues
Cláudia França Rodrigues

Certa de que as tecnologias previstas no ABC Cerrado são a “salvação da lavoura” para quem vive do campo, a instrutora do SENAR Goiás Cláudia França Rodrigues ressalta que além de permitir o aumento da produtividade sem a abertura de novas áreas, as práticas permitem a conservação do solo e da água. Ela acredita que a melhor maneira de convencer os produtores a aderirem ao projeto é mostrar a demanda crescente por produtos sustentáveis, que preservem o meio ambiente e promovam o bem-estar animal.

“A primeira pergunta que eles fazem é: para quem eu vou vender isso? Temos que mostrar que existe um mercado interno e externo demandante desses produtos. Resultados e números que ajudem o produtor a perceber as vantagens das tecnologias também contribuem nesse processo”.

Marony Pereira Santos
Marony Pereira Santos

Para o instrutor do SENAR Bahia, Marony Pereira de Almeida Santos, a capacitação é uma oportunidade de se ‘reciclar” e de adquirir novos conhecimentos além da faculdade e das experiências profissionais. Ele salienta a importância das ferramentas que estão sendo ensinadas para que os instrutores fomentem o ABC Cerrado e um fator decisivo do projeto: a assistência técnica que será oferecida nas propriedades.

“Além de mostrar que em uma unidade o produtor terá ganho econômico e ambiental, o projeto tem como grande diferencial a orientação técnica. Esse serviço é essencial para o produtor e ele não precisará pagar nada para ter essas informações”, elogia.

Treinamento aconteceu ao longo da semana em Brasília. Fotos: Gustavo Fröner
Treinamento aconteceu ao longo da semana em Brasília

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24 set 2015

Grupo Gestor realiza terceira reunião ordinária do Plano ABC Tocantins

*Do Seagro/TO
to mapa-tocantins-brasilPalmas/TO – Com objetivo de nivelar as informações e  apresentação dos avanços obtidos na redução de emissão de gás carbônico, integrantes do Grupo Gestor do Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC — Tocantins) realizaram a terceira reunião ordinária. O evento aconteceu na manhã desta quarta-feira (23), no auditório da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), que faz parte do grupo gestor e coordena as ações do Plano no Tocantins.
As ações realizadas pelo Grupo Gestor do Plano ABC Tocantins serão apresentadas na reunião nacional do Plano ABC, que acontecerá nos dias 27 e 28 de outubro, em Brasília (DF). A finalidade é a captação de recursos, junto ao Banco Mundial e dar continuidade às ações do Plano ABC. O Grupo Gestor do Plano ABC Tocantins vem sendo desenvolvido desde 2011, e nesse período realizou ações como a divulgação de informações e realização de cursos de capacitação, instalação de 40 unidades de referências tecnológicas em 26 municípios tocantinenses, e a participação de 5.400 pessoas em diversos eventos técnicos.”O compromisso firmado pelo Tocantins é de recuperar 1,2 milhões de hectares de pastagens degradadas, até 2020″, afirma o engenheiro agrônomo Seagro e coordenador do Grupo Gestor, Fernando Fernandes Garcia.

Segundo o chefe de desenvolvimento agropecuário da Superintendência Federal da Agricultura (SFA) no Tocantins, Humberto Simão, o Tocantins é um dos estados que mais tem avançado em realização de ações para contribuir com o cumprimento da meta brasileira junto ao Banco Mundial, e a prova disso é que tem conseguido captar recursos. “Ano passado conseguimos trazer cerca de R$ 500 mil. Esse ano a perspectiva é captar recursos da ordem de R$ 1 milhão, para trabalhar com as ações do (ABC), e estamos otimistas graças ao trabalho realizado e aos avanços obtidos,” disse.

Durante a reunião teve palestras mostrando resultados apresentados em participações em diversos eventos realizados neste ano, como a reunião do Observatório do ABC (Brasília), do Encontro de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (Ilpf) Matopiba (Maranhão), Circuito Tecnológico de Grãos (Tocantins), Congresso Mundial de Ilpf, V Jornada Tecnológica Ilpf, além de ações desenvolvidas como o acompanhamento das Unidades (URT’s), o Projeto Especial ABC Cerrado (em andamento) a apresentação de novos projetos de captação de recursos, entre outros.

Participaram da reunião, representantes da Seagro, SFA, Instituto de Desenvolvimento Rural (Ruraltins), Embrapa, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa).

ABC no Tocantins

Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), o qual é composto por um conjunto de ações voltadas a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na produção agropecuária, com metas estabelecidas até 2020 e parte da Política Nacional de Mudanças Climáticas e dos compromissos assumidos pelo Brasil na 15ª Conferência das Partes (COP-15), da Convenção do Clima.

Observatório ABC

O Observatório ABC é uma iniciativa voltada a engajar a sociedade no debate sobre a agricultura de baixo carbono. Coordenado pelo Centro de Estudo de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (GVAgro) e desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVces), tem como foco a implementação do Grupo Gestor.


23 set 2015

Brasil tem tecnologia para reduzir emissões além da meta do Plano ABC

*Da EMBRAPA

gadoEstudo realizado pelo Projeto Observatório ABC (Agricultura de Baixo Carbono) revelou que o Brasil tem um potencial de mitigar a emissão de gases de efeito estufa nas atividades agropecuárias. Se apenas três tecnologias de mitigação geradas pela pesquisa e já disponíveis forem adotadas, o País potencialmente pode promover até 2023 uma redução mais de dez vezes maior do que a meta estipulada pelo Plano ABC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O plano foi originalmente idealizado para recuperar 15 milhões de hectares degradados, mas poderia ser estendido a 60 milhões de hectares.

Se o País recuperar pastagens e promover integração lavoura-pecuária ou integração lavoura-pecuária-floresta, deixariam de ser lançadas na atmosfera 1,8 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, que são todos os gases de efeito estufa produzidos na atividade medidos em comparação aos efeitos do gás carbônico. “Esse é um cálculo conservador, pois desconsidera outras tecnologias preconizadas pelo Plano ABC e abarca apenas os municípios brasileiros com pastagens degradas”, declara o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa Informática Agropecuária (SP) coordenador do estudo intitulado “Invertendo o sinal de carbono da agropecuária brasileira” do Observatório ABC.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores estimaram as emissões da agropecuária brasileira caso não houvesse a adoção das tecnologias e usaram estimativas de crescimento do setor elaboradas pelo Mapa e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Nesse cenário hipotético, o Brasil chegaria a 2023 com um saldo de 3,62 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. A boa notícia é que se somente as três tecnologias consideradas forem empregadas, todas as regiões brasileiras irão neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no campo e ainda armazenariam um adicional de carbono no solo.

O trabalho considerou a pecuária bovina e sete culturas agrícolas: arroz, milho, trigo, cana-de-açúcar, feijão, algodão e pastagem. A pecuária é o maior emissor de GEEs e, entre as espécies agrícolas, a cultura do milho é a que mais produz esses gases seguida pela cana-de-açúcar, arroz, feijão e algodão. A soja, maior produto de exportação agrícola brasileiro, não apresentou emissões significativas por utilizar fixação biológica de nitrogênio (FBN) o que dispensa a aplicação de fertilizantes nitrogenados, principal fonte de emissão direta de GEE para essa lavoura.

Mais gado, menos gases

A mitigação promovida seria especialmente interessante no setor pecuário. Com a recuperação de pastos, de acordo com o documento, poderá haver um adicional de 0,75 unidade animal por hectare. Em 39 milhões de hectares, esse adicional será de 29,3 milhões de bovinos. “Essas cabeças adicionais teriam suas emissões neutralizadas e haveria ainda a vantagem de estocar mais carbono no sistema sem a abertura de novas áreas, é o chamado efeito poupa-terra”, explica Assad. Ou seja, tecnologias como a recuperação de pastagens, além de colaborar para a mitigação dos GEEs também permitem o aumento da produção.

Outra pesquisa da Embrapa mostrou que o Brasil pode dobrar a área de suas plantações de grãos, atualmente com 55 milhões de hectares, e aumentar a lotação de seus pastos sem precisar abrir novas áreas agrícolas. O salto produtivo tem sido observado em propriedades que adotaram técnicas de sistemas de produção que associam a criação de gado à agricultura conhecidos pela sigla ILP (integração lavoura-pecuária).

“A recuperação dessas áreas representará um salto econômico e social, pois atingirá milhares de famílias que vivem no campo”, aposta o pesquisador João Kluthcousky, da Embrapa Cerrados (DF). O pesquisador conta que a degradação veio do costume original do uso do campo no Brasil: o produtor abria a área para o gado, usava até exauri-la e depois abria outra área, e assim sucessivamente, deixando milhares de hectares de pastos degradados para trás.

Essa característica extrativista é típica do modelo de sistema extensivo de produção adotado na pecuária de corte brasileira, segundo lembra o entomologista José Raul Valério, pesquisador da Embrapa Gado de Corte (MS). Ele explica que as pastagens são a base da alimentação dos rebanhos e, por sua vez, são culturas de baixo valor por unidade de área, o que limita a adoção de medidas de correção e adubação do solo e até fitossanitárias. Assim, o produtor rural assemelha-se a um garimpeiro. “Após o desmatamento, a pastagem recém-aberta conta com a fertilidade natural do solo e raramente é adubada”, conta o pesquisador.

A pastagem degradada geralmente sofre com a presença de insetos-praga, possui terra descoberta ou com pouca cobertura vegetal e incidência de doenças e plantas invasoras. Todos esses sintomas, no entanto, são uma parte pequena frente ao quadro geral da degradação, o que levou o pesquisador a construir uma analogia com a figura de um iceberg. “Esses sintomas não são a essência do problema que está sob o nível do solo e, por isso, é menos visível”, pontua. O solo nesse estado é mais compactado (duro). Esse componente físico alia-se a fatores químicos como a baixa fertilidade e queda no vigor, na produtividade e na qualidade do solo. Valério acredita que mais do que gerar novas tecnologias, é necessário implementar as já existentes.

Por essas razões, os pesquisadores mostram que a recuperação dos pastos degradados, além de promover benefícios ambientais, pode dar um impulso importante à pecuária bovina. “A carne produzida a pasto no Brasil é majoritariamente oriunda de pastagens e muito pouco complementada por grãos, como na Europa e Estados Unidos, na qual a produção se dá primordialmente em confinamentos. Trata-se de uma carne que não oferece riscos à segurança alimentar, se vista pelo ângulo da competição com os humanos, e uma das mais baratas e competitivas do mundo”, afirma do pesquisador Manuel Macedo, da Embrapa Gado de Corte. Essa competitividade, segundo ele, já provoca reações do mercado mundial. “Há muita gente preocupada com nosso papel crescente nesse mercado mundial, no qual tem-se criado dificuldades por meio de barreiras sanitárias, por vezes exageradas, e outros óbices, como acusações de grandes emissões de gases do efeito estufa pela nossa pecuária, exagerado consumo de água, entre outros”, afirma Macedo que também defende a ampla transferência das tecnologias envolvidas na recuperação.

Integração lavoura-pecuária (ILP)

Em fazendas do oeste paulista e oeste paranaense, alternar dois anos de plantio de soja seguidos de dois anos de capim permitiu quintuplicar o número de animais no pasto. Além disso, o custo de produção por arroba caiu da faixa entre R$70 e R$100 para um valor entre R$30 e R$50. O segredo está na melhora da qualidade do pasto obtida pela alternância de espécies vegetais. Solos saudáveis produzem forrageiras de melhor qualidade nutricional e em maior volume. Ao se evitar a exaustão do solo a produção de soja também melhora. Vale ressaltar que a pesquisa obteve esses resultados com solos arenosos, um complicador relevante. “São solos considerados difíceis, mas que com o uso da tecnologia se tornam fáceis de manejar”, declara o pesquisador João Kluthcouski, da Embrapa Cerrados.

Um experimento realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) na região conhecida como Bolsão Sul Mato-Grossense, que engloba 16 municípios, chegou a resultados surpreendentes. Os pesquisadores estimam que se fosse adotado um sistema de integração Lavoura Pecuária (ILP) nos moldes do sistema São Mateus, em apenas um terço da área disponível nessa região, que soma um milhão de hectares, haveria incrementos na produção da ordem de 15 milhões de sacos de soja e 12 milhões de arrobas de carne por ano, o que representaria um acréscimo anual superior a R$1,7 bilhão de reais para a região.

São Mateus é um sistema ILP que consiste na antecipação da correção química e física do solo e do cultivo da soja em plantio direto, no qual a o plantio se dá sobre a palha da cultura anterior. Ele reduz os custos de recuperação da pastagem.

Leguminosas no pasto

Plantar feijão guandu associado ao capim braquiária é ótimo para o solo, nutritivo para o animal e excelente para a produtividade. Foi o que demonstraram pesquisas realizadas pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP), que recuperaram pastagens e promoveram ganho de peso médio de 51% por animal em comparação à situação anterior. O ganho de peso por hectare também foi maior por safra, 55% na primeira e 170% na segunda safra. A Embrapa desenvolveu a variedade Guandu BRS Mandarim, utilizada no experimento e que consiste numa opção viável aos pequenos produtores, por seu baixo custo de produção e fácil manejo. O guandu ainda serve de alimento ao gado na estação seca.

Além dessas vantagens, o guandu promove a chamada adubação verde. “Por ser uma leguminosa, o guandu fixa nitrogênio nas raízes. Assim, o produtor recupera o pasto sem usar adubação nitrogenada. É uma maneira eficiente e prática de recuperar uma pastagem, gastando menos”, ressalta o pesquisador Rodolfo Godoy, da Embrapa Pecuária Sudeste.

Régua de manejo de pastagem

Saber o momento ideal para colocar ou retirar o gado no pasto sempre foi um problema para os produtores. Para facilitar na tomada de decisão, a Embrapa desenvolveu a régua de manejo de pastagem. Trata-se de um bastão graduado indicando o momento de introduzir ou retirar animais do pasto de acordo com a altura do capim. A graduação varia de acordo com a espécie de forrageira. “O manejo correto varia em função da espécie de capim, da lotação e da época do ano, por isso é um desafio para o pecuarista”, explica o zootecnista Haroldo Pires de Queiroz, um dos idealizadores da ferramenta.

No pastejo contínuo, a régua mostra se é preciso aumentar ou diminuir a taxa de lotação no campo. No rotacionado, a ferramenta indica quando deve ocorrer a entrada e a retirada de animais. A taxa de lotação mais adequada corresponde àquela que permitir o consumo de toda a forragem entre as alturas de entrada e saída, em um período de um a sete dias.

“Dos 200 milhões de hectares que temos de pastagens no Brasil, 60 a 70 milhões apresentam-se degradados e o superpastejo, quantidade excessiva de animais na área, é o grande responsável por isso”, ressalta Queiroz. Cada capim possui suas características de manejo e o instrumento considera tais características.

*Da Embrapa
Texto: Fabio Reynol (MTb 30.269/SP)
Foto: Danilo de Paula Moreira
Secretaria de Comunicação Embrapa
secom.imprensa@embrapa.br
Dalizia Aguiar (MTb 20/03/14/MS)
Embrapa Gado de Corte
gado-de-corte.imprensa@embrapa.br
Telefone: (67) 3368-2144


11 set 2015

Ministérios estudam mudanças no Plano ABC

Fonte: Observatório ABC/ Texto: Talise Rocha

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O governo federal está estudando mudanças para o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que tem revisão prevista para 2015. De acordo com Carlos Alberto Costa, chefe do Departamento de Gestão do Crédito Rural do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as tentativas de aprimoramento no Plano ABC estão sendo mantidas com os ministérios. A conclusão das rodadas de discussão deve acontecer nas últimas semanas de setembro.

Todos os planos setoriais que integram a Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), como o Plano ABC, devem ser revisados em períodos regulares de até dois anos, para que continuem de acordo com as demandas da sociedade.

Em junho deste ano, o Observatório ABC entregou a ministros e outras autoridades responsáveis pela política climática brasileira, um documento contendo propostas para a revisão do ABC. O documento ressalta, entre outras demandas, a necessidade de monitorar os resultados alcançados pelo Programa ABC, linha de crédito que financia as tecnologias do ABC, em termos de reduções das emissões dos gases do efeito estufa.

Segundo Elvison Nunes Ramos, Fiscal Federal Agropecuário e Coordenador de Manejo Sustentável do Ministério da Agricultura (Mapa), o monitoramento do Plano ABC está entre as preocupações do governo. Ele afirmou que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) está trabalhando propostas de monitoramento e que o Mapa está alinhado a essa iniciativa. “A proposta deve estar em mãos em meados do segundo semestre”, confirmou.

Ramos disse, ainda, que o aprimoramento do Plano ABC deverá ser focado em capacitação de analistas bancários, produtores e extensionistas rurais, mas que esse será um processo lento. “O Plano ABC é muito novo e sua implementação, por si só, já é difícil. É um processo que demora no mínimo três anos para verificar resultados significantes”. Segundo Ramos, trazer o conhecimento dos produtores para tecnologias ABC é o grande desafio.

Veja o documento de propostas para a revisão do Plano ABC