14 mar 2017

Estudos e experimentos conduzidos na Embrapa avaliam efeitos do Sistema Plantio Direto na produção de hortaliças

Por Embrapa Hortaliças*

A tecnologia já dispõe de inúmeros relatos de resultados ligados ao seu uso no plantio de grãos, mas no quesito referente ao cultivo de hortaliças a literatura é escassa e os dados ainda pontuais e inconsistentes. Para suprir essa deficiência, estudos comparativos estão sendo desenvolvidos na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) com o objetivo de avaliar os impactos produzidos a partir da introdução do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em experimentos conduzidos nos campos experimentais da Unidade.

De acordo com o pesquisados Carlos Pacheco, da área de Solos e Nutrição de Plantas e que atua na mitigação e adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças climáticas, o uso ainda esparso da tecnologia pode ser explicado pelo pouco conhecimento por parte da cadeia produtiva, uma realidade que já vem sinalizando algumas mudanças.

“A partir da divulgação desses múltiplos resultados que estamos obtendo na Embrapa, e em outros órgãos que desenvolvem sistemas de produção sob plantio direto, já deu para perceber, pela demanda por informações, um aumento do interesse, recentemente reforçado pela questão da crise hídrica”, anota o pesquisador.

Segundo ele, há bem pouco tempo os benefícios do uso do SPDH estavam relacionados à conservação do solo. Atualmente, existe também o reconhecimento de que esse sistema é uma importante ferramenta de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E os números comprovam. “Resultados publicados pela equipe envolvida com o tema relatam o papel que o SPDH desempenha no incremento dos teores de carbono no solo, na redução das perdas de água e solo e na melhoria do microclima de cultivo, reduzindo a necessidade de uso da água para irrigação e a ocorrência de grandes variações de temperatura na superfície do solo”, destaca Pacheco.

Ele acrescenta que em um dos trabalhos, por exemplo, observou-se que a temperatura na superfície do solo cultivado com brócolis em SPDH esteve em torno de 4ºC menor que aquela registrada no sistema convencional. Segundo o pesquisador, essa diferença foi fundamental para a manutenção da temperatura dentro do limite máximo (30ºC), considerado ótimo para cultivo dessa hortaliça no SPDH.

O SPD é uma das tecnologias inseridas no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), do governo federal. “Nossos resultados mostraram claramente que o SPDH, após seis anos de uso, foi capaz de aumentar os níveis de carbono no solo. Esse aumento se deu tanto em frações da matéria orgânica, facilmente degradáveis, como nas de difícil degradação, o que nos leva a projetar um efeito positivo a longo prazo”.

GANHOS CONTABILIZADOS

Respostas a muitos dos experimentos que vêm sendo realizados na área da Embrapa Hortaliças já foram devidamente contabilizadas, a exemplo da medição do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), que quantifica os microrganismos do solo, conforme trabalho desenvolvido pela pesquisadora Mariana Fontenelle. No cômputo geral, o CBM manteve-se mais elevado no plantio direto quando comparado ao sistema de preparo convencional, o que representa uma rápida resposta, considerando-se apenas dois ciclos de cultivo de melão.

“Isso implica em uma melhoria na qualidade do solo, com incorporação de matéria orgânica e aumento na diversidade de microrganismos benéficos, traduzido em aumento na produtividade”, sintetiza Mariana.

 


13 mar 2017

SENAR Goiás divulga calendário de capacitações do ABC Cerrado

*Por SENAR/GO

 

 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR Goiás) divulgou nesta segunda-feira (13/03), o calendário de capacitações do Projeto ABC Cerrado. Os treinamentos, com carga horária de 56 horas, são divididos em quatro módulos, sendo o primeiro com oito horas e os demais com 16. Os interessados podem entrar em contato com os mobilizadores em suas regiões. As vagas são limitadas e a chamada é para o primeiro semestre de 2017.

Projeto ABC Cerrado

Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC Cerrado difunde e incentiva a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade, com o objetivo de impulsionar a produtividade e renda, mantendo o meio ambiente preservado. O Senar é responsável pela formação profissional dos produtores nas tecnologias e pela assistência técnica e gerencial de propriedades rurais, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – administrados pelo Banco Mundial, que doou US$ 10,6 milhões para a execução do projeto.

Atualmente, o ABC Cerrado atende oito estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema plantio direto e florestas plantadas. Ao todo, 12 mil produtores rurais vão receber capacitação. Desse total, 1.600 propriedades – nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso do Sul – receberão, também, assistência técnica.

Confira o calendário das capacitações em Goiás 

Palmeiras de Goiás – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 03/04/2017
Mobilizador: Carlos Roberto Pereira Filho – (62) 99936-7465

Goiás – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 03/04/2017
Mobilizador: Cristiano Ramos Evangelista – (62) 99997-7707

Montes Claros de Goiás – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 04/04/2017
Mobilizador: Eleandro de Freitas Barros – (62) 99233-0863

Porangatu – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 06/04/2017
Mobilizador: Edson Divino Cardoso da Silva – (62) 99619-4244

Orizona – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 10/04/2017
Mobilizador: André Luiz Milhardes – (62) 99692-0196

Rio Verde – GO
Tecnologia: Sistema Plantio Direto
Data prevista: 10/04/2017
Mobilizador: Marcius Gracco Marconi Gonçalves – (19) 99786-1972

Itumbiara – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 12/04/2017
Mobilizador: Fernando Castro de Oliveira – (64) 99204-0367

Cachoeira Alta – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 13/04/2017
Mobilizador: Tacísio Nunes Tudéia – (22) 99815-0014

Jataí – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 14/04/2017
Mobilizador: Saulo Inácio Vieira – (62) 98227-1204

Mineiros – GO
Tecnologia: Sistema Plantio Direto
Data prevista: 15/04/2017
Mobilizador: Roberto Tosta França – (62) 99693-7151

Silvânia – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 17/04/2017
Mobilizador: Roberto Tosta França – (62) 99693-7151

Bom Jardim de Goiás – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 24/04/2017
Mobilizador: Eleandro de Freitas Barros – (62) 99233-0863

Goianésia – GO
Tecnologia: Floresta Plantada
Data prevista: 02/05/2017
Mobilizador: Jeovane Antônio de Souza – (62) 99918-3522

Itapaci – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista:02/05/2017
Mobilizadora: Maria Letícia Vilela de Castro – (62) 99919-7711

Inhumas – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 04/05/2017
Mobilizador: Robledo Soares Soyer – (62) 99678-6971

Conheça o projeto ABC Cerrado: http://www.senar.org.br/abcsenar/abc-cerrado/


13 mar 2017

Mapa inicia com IICA projeto de baixa emissão de carbono na pecuária

*Por Mapa

Projeto Pecuária de Baixa Emissão de Carbono terá abrangência nacional –  Foto: Silvio Ávila/Mapa

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lança neste mês o projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono: geração de valor na produção intensiva de carne e leite”. O projeto faz parte do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), que visa a organização e o planejamento para adoção de tecnologias de produção sustentável, respondendo aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no setor agropecuário.

O objetivo é disseminar tecnologias que reduzam não só emissões, mas que também estimulem o aproveitamento de resíduos, a gestão de recursos naturais, gerando renda para milhares de produtores. Baseado no projeto “Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono”, que no ano anterior ampliou em mais de 100% a contratação de crédito para tratar dejetos na produção de suínos, a ação do Mapa em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) se destina ainda a aumentar a contratação de crédito para investimentos na redução de impactos ambientais da atividade agropecuária.

O auditor fiscal federal agropecuário Sidney Medeiros, coordenador técnico disse que o projeto rendeu bom resultado ao Programa ABC. “o volume contratado para investimentos saltou de R$ 12,7 milhões (entre 2010 e meados de 2015) para R$ 25,6 milhões, em apenas 18 meses, além da implantação, manutenção e melhoria do tratamento de dejetos e de resíduos da produção animal para gerar biofertilizante, biogás e energia elétrica”.

Assim como na suinocultura, o projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono” terá abrangência nacional e contará com ações como o levantamento das tecnologias que reduzam emissão de carbono e proporcionem Produção Mais Limpa (P + L), além de estudos de viabilidade econômica e implantação de tecnologias. “Daremos acesso a práticas de adoção e expansão de área com sistemas sustentáveis de produção e que também melhorem a eficiência econômica, a fim de reduzir futuros impactos adversos no clima”, ressalta Medeiros. A tecnologia será levantada por consultores do IICA.

Cleandro Pazinato, médico veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestre em Ciências Veterinárias pela UFRGS, e Fabiano Coser, médico veterinário formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e mestre em Agronegócios pela Universidade de Brasília (UnB), estarão à frente dos estudos de aproveitamento econômico dos resíduos e do uso de biofertilizantes e biogás.

Rebanho brasileiro

O Brasil tem o maior rebanho comercial bovino do mundo, com 214 milhões de cabeças, tendo exportado, em 2015, o equivalente a US$ 5,9 bilhões. O país é o segundo maior produtor mundial de carne, segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), movimentando R$ 167,5 bilhões por ano e empregandp aproximadamente 7 milhões de trabalhadores.

A prioridade destinada à pecuária de corte e leite – esta última uma das mais importantes do complexo agroindustrial brasileiro, com produção de mais de 35 bilhões de litros – tem em vista exigências do mercado consumidor, importância da atividade para a geração de renda e de emprego e o potencial poluidor da atividade pecuária.

Plano ABC

O Plano ABC tem sete programas: Recuperação de Pastagens Degradadas; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFS); Sistema Plantio Direto (SPD); Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN); Florestas Plantadas; Tratamento de Dejetos Animais e Adaptação às Mudanças Climáticas.


24 jan 2017

SENAR abre inscrições para novas vagas no Projeto ABC Cerrado

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) inicia o ano com uma novidade para o produtor que deseja adotar tecnologias de baixa emissão de carbono na sua propriedade. O Projeto ABC Cerrado está com inscrições abertas para 4,2 mil novas vagas de capacitação nas tecnologias Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Sistema Plantio Direto, Recuperação de Pastagens Degradadas e Florestas Plantadas nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão e Piauí, além de 400 vagas para Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em cinco dos oito estados participantes.

O projeto é desenvolvido em parceria com a Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com recursos do Banco Mundial. As vagas são limitadas e a inscrição pode ser feita no portal do SENAR, no link http://bit.ly/1QiXIaB .

O produtor interessado em participar do ABC Cerrado precisa ter mais de 18 anos, ensino fundamental incompleto (escolaridade mínima) e uma propriedade entre 4 e 70 módulos fiscais dentro dos municípios que compõem o Bioma Cerrado. Segundo a coordenadora de Projetos e Programas Especiais do SENAR, Janei Cristina Resende, o produtor que tem abaixo de 4 módulos também pode participar, porém, precisa estar inserido em critérios específicos. “Nesse caso, a renda bruta anual da propriedade tem que ser superior a R$ 360 mil ou a mão de obra contratada ser superior a mão de obra familiar”,” explica.

Janei Cristina destaca ainda a importância da participação no projeto do dono ou do gerente da propriedade. “Precisamos que esse participante seja um tomador de decisões dentro da propriedade. As intervenções que serão realizadas durante o projeto irão promover a adoção de tecnologias na propriedade, então, decidir pela adoção é um papel do proprietário ou do gerente.”

As tecnologias de baixa emissão de carbono não trazem benefícios apenas para a propriedade que faz a adoção, mas para a comunidade como um todo, assegura Janei. “Os benefícios são sociais, ambientais e econômicos, como aproveitamento da mão de obra o ano inteiro, reestruturação física do solo e aumento no teor de matéria orgânica, valorização da terra e aumento na produtividade”, exemplifica.

Em 2016, mais de três mil produtores foram capacitados pelo projeto e 1,5 mil propriedades receberam ATeG do SENAR.


10 jan 2017

Dados econômicos ajudam produtor a escolher configuração de ILPF

Por Embrapa Agrossilvipastoril*

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A decisão pela implantação de uma área com integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em uma propriedade deve ser feita após um planejamento do produtor. Além de avaliar aptidão da fazenda, viabilidade agronômica, logística e mercado, os indicadores econômicos também são ferramentas importantes para a escolha. Dados de uma pesquisa realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril em parceria com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e Rede de Fomento ILPF ajudam na tomada de decisão.

Os números são de um levantamento feito em quatro diferentes configurações de ILPF em uma Unidade de Referência Tecnológica e Econômica (URTE) localizada na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT). Os resultados da avaliação dos oito anos iniciais do sistema são indicativos sobre tempo de retorno do investimento, rentabilidade de modelos com mais ou menos árvores (com diferentes espécies) e do comportamento do fluxo de caixa.

De acordo com o analista do Imea Miqueias Miquetti, a comparação entre os quatro tratamentos serve como exemplo para que produtores possam prever o comportamento financeiro de um sistema produtivo que pretendem adotar.

“Se o produtor espera algo que seja sustentável ao longo dos anos do ponto de vista econômico, ele vai escolher um tratamento ou um tipo de espaçamento. Mas se o que ele quer é ir tocando a fazenda dele, pagando os custos e gerando um fluxo de caixa mínimo para se manter e no final de 10, 15 ou 20 anos, ter um volume de dinheiro maior, ele pode optar por outro tratamento. Vai depender do modelo de negócio e de onde estiver localizada a propriedade”, alerta.

Resultados da Unidade de Referência

Três dos tratamentos utilizados na Fazenda Gamada contam com eucalipto como componente arbóreo, disponíveis em renques de linhas simples, duplas ou triplas. O quarto tratamento utiliza a teca em renques de linhas triplas. Em todos eles foram plantadas lavouras nos três primeiros anos, com cultivo de arroz, soja/feijão e soja/milho com braquiária. A partir do terceiro ano agrícola os animais de corte entraram na área. Além disso, já foi realizado um desbaste nas árvores, utilizando-se estacas para fazer mourões tratados para uso na fazenda e a lenha para alimentar o secador de grãos da propriedade.

Os dados econômicos da fazenda mostram que a lucratividade, o retorno do investimento e o fluxo de caixa variam conforme as características de cada uma das configurações.

O modelo de retorno mais rápido

O tratamento com linha simples de eucalipto, por exemplo, por permitir maior lotação de animais e maior área agricultável, foi o primeiro a revelar retorno do investimento (payback), o que já ocorreu do quarto para o quinto ano do sistema. Esse tratamento também apresenta o maior índice de lucratividade no período avaliado, com R$ 1 de lucro para cada R$ 1 investido. O valor presente líquido anual (VPLA) é de R$ 228,9 por hectare, superando os demais tratamentos a que foi comparado.

Por outro lado, o tratamento que utiliza a teca como componente arbóreo também apresenta números atraentes no período, contando ainda com uma previsão de maior lucratividade ao longo do tempo com a venda da madeira de alto valor agregado. Nesse caso, nos oito anos iniciais do sistema, para cada R$ 1 investido, o lucro foi de R$ 0,77. O VPLA por hectare foi de R$ 158,5.

Já o tratamento que utiliza eucalipto em linha tripla tem como vantagem menor custo com manejo das árvores, quando comparado à teca, uma vez que são necessárias menos operações de desrama e poda, e também menor custo com manejo de rebanho, já que a taxa de lotação é menor do que no tratamento com linha simples. Além disso, outra vantagem é o corte das árvores mais cedo que a teca, trazendo maior lucratividade em menor tempo.

Outro indicador importante para se levar em conta é o chamado lucro operacional líquido após o imposto, conhecido como Nopat. Ele mostra o dinheiro disponível para o produtor a cada ano, fazendo-se a relação entre receitas e despesas totais, impostos e depreciação de equipamentos. Em oito anos é possível ver como o lucro oscila de acordo com operações como o desbaste de árvores e o manejo operacional de culturas. No exemplo da Fazenda Gamada, em 2016 a venda de teca oriunda de desbaste, mesmo sendo ainda madeira fina, garantiu o maior lucro desse tratamento.

O analista do Imea Miqueias Michetti destaca nos dados a possibilidade de o produtor antever o comportamento financeiro de cada tipo de sistema. Com isso, ele pode identificar a configuração que melhor se adéqua ao seu perfil e ao tipo de investimento que pretende fazer.

“A escolha do espaçamento e do componente que você vai usar é muito importante para você estruturar o tipo de negócio que você vai ter. Se eu quero um fluxo de caixa contínuo, eu não posso esperar 20 anos. Então vou escolher uma configuração com menor quantidade de árvores. Linhas simples, por exemplo. Agora, quero um fluxo de caixa mínimo para manter minha fazenda, mas daqui a 15 anos quero uma aposentadoria, aí posso escolher outra configuração, com uma árvore de madeira mais valorizada, como a teca, por exemplo”, afirma.

Miqueias ainda lembra que os números deste levantamento são um recorte das áreas aos oito anos. Com o passar do tempo, a entrada do dinheiro da venda das madeiras e variações climáticas e de mercado, os índices de lucratividade finais poderão ser diferentes.

Projeto URTE

Os resultados deste levantamento fazem parte de um trabalho em parceria entre Embrapa Agrossilvipastoril, Imea, SENAR-MT e Rede de Fomento ILPF no qual são avaliadas dez Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTE) em Mato Grosso.

O grupo de trabalho fica lotado na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), e coleta dados diretamente nas propriedades monitoradas. O objetivo é utilizar informações reais para testar um modelo de avaliação econômica que seja mais apropriado para sistemas ILPF. Outros indicadores levantados também contribuem para auxiliar os produtores na gestão e tomada de decisões.

A expectativa é que até o meio de 2017 o trabalho resulte na disponibilização de uma ferramenta para que os produtores possam fazer avaliações e simulações de seus projetos de ILPF. De acordo com o pesquisador da Embrapa Júlio César dos Reis, em um primeiro momento é provável que somente a integração lavoura-pecuária seja contemplada, uma vez que ainda são necessárias mais pesquisas sobre a utilização do componente arbóreo.