18 jul 2016

O Brasil é um dos maiores produtores de florestas plantadas do mundo

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As florestas plantadas no Brasil se estendem, atualmente, por cerca de 7 milhões de hectares, em sua grande maioria composta de pinus e eucalipto. Sua produção é destinada à indústria de papel e celulose, carvão vegetal, madeira serrada, produtos de madeira sólida e madeira processada, além da borracha. Neste domingo (17/07) foi comemorado o Dia de Proteção às Florestas e o Sistema CNA/SENAR presta homenagem a todos os produtores que cultivam e preservam as florestas brasileiras por meio de manejo correto e sustentável.

Além de pinus e eucalipto, espécies como seringueira, acácia, paricá, teca, araucária e pópulus também estão entre as mais cultivadas. O estado de Minas Gerais lidera em área plantada, contando 1,49 milhão de hectares, seguido por São Paulo, com 1,18 milhão, Paraná, 817 mil, Bahia 616 mil e Santa Catarina com 645 mil hectares. Juntos, estes estados abrangem 72% da superfície nacional de florestas plantadas.

Atualmente, o país é um dos maiores produtores de floresta plantada no mundo e em 4º lugar no ranking mundial dos produtores de celulose. Em 2014, a produção brasileira de celulose totalizou 16,4 milhões de toneladas. Para aumento dos plantios, ampliação e construção de fábricas, até 2020, estima-se investimentos de R$ 53 bilhões, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).

Benefícios econômicos e ecológicos

Sistemas Agroflorestais (SAFs) são formas de uso ou manejo da terra, nos quais são combinados espécies arbóreas (frutíferas e madeireiras) com cultivos agrícolas e criação de animais, de forma simultânea ou em sequência temporal, que promovem benefícios econômicos e ecológicos. Para o presidente da Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura, da CNA, Walter Vieira Rezende, “o solo é o principal patrimônio do produtor rural, e os SAFs surgem como uma alternativa para otimização do uso da terra ao conciliar a produção de alimentos com a produção florestal, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para o cultivo agrícola. Áreas de vegetação sem expressão econômica ou social podem ser reabilitadas e usadas racionalmente por meio de práticas agroflorestais, agregando valor à propriedade”, conclui.

Conheça abaixo algumas práticas desenvolvidas no estado do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Espírito Santo.

Paraná

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De olho na aposentadoria

A silvicultura é uma atividade que envolve 86,1 mil pessoas em todo o estado do Paraná, entre elas está João Afonso de Melo, de Curitiba. Há cinco anos, ele decidiu investir no plantio de pinus, numa área de 7,2 hectares, em Doutor Ulysses, a 130 quilômetros da capital paranaense.

Por meio de uma parceria com a empresa Berneck, Afonso de Melo desenvolveu um projeto para plantar 12,6 mil árvores com objetivo de produzir madeira num prazo de 15 anos. João, de 42 anos, conta que investiu no setor pensando na sua aposentadoria. “Iniciei o plantio pensando na minha velhice, como uma forma de garantir uma renda nesse período. É um tipo de investimento que não oferece tantos riscos”, destaca o encarregado pela manutenção de serviços em um condomínio de Curitiba.

Segundo o silvicultor, o custo médio de investimento, com mudas e mão de obra, foi de R$ 6 mil por 2,4 hectares. Hoje, João afirma que não há segredos no manejo das árvores, mas o produtor deve ficar de olho no controle das formigas. “Tive que replantar 1,5 mil árvores por causa delas”.

Minas Gerais

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FAEMG tem contribuído para a preservação das florestas

A coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Ana Paula Mello, ressalta que a data é uma forma de valorização das florestas: “Influem na qualidade do ar, na integridade do solo e dos cursos de água. E são vitais no equilíbrio dos ciclos naturais e à biodiversidade. Além da importância ambiental, têm papel econômico e mesmo social, pois nela estão baseadas diversas cadeias produtivas de grande importância, da celulose à transformação energética de biomassa florestal. A data serve, portanto, para nos lembrar da tarefa de conciliar preservação e desenvolvimento de forma sustentável”.

Segundo Ana Paula, a FAEMG tem contribuído para a preservação das florestas e da biodiversidade, desenvolvendo ações de prevenção e combate a incêndios florestais, por meio de campanhas educativas e capacitações do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/MG) para a formação de brigadistas de emergência. “O Programa Nosso Ambiente, do Sistema FAEMG, contempla projetos e ações de fortalecimento do desenvolvimento agropecuário sustentável. São diversas frentes de trabalho pela conservação dos recursos naturais, recuperação e preservação de nascentes e de solo, saneamento e reuso de água, irrigação eficiente, prevenção e combate a incêndios florestais, além de eventos de conhecimento, treinamentos e capacitações”, afirma.

Mato Grosso

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INTEGRAÇÃO FLORESTA PECUÁRIA / FLORESTA LAVOURA, EM MT

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO) está empenhada em promover e contribuir para um ambiente sustentável, sendo assim estabeleceu, ao lado dos produtores rurais do estado, política ambiental que inclui: manter nas propriedades rurais áreas de preservação, práticas como as da Integração Floresta Pecuária e/ou Floresta Lavoura. A ação tem como objetivo o plantio de árvores na mesma área da produção agrícola e pecuária, envolvendo a produção de grãos, fibras, madeira, leite ou carne e plantios em rotação e consorciação.
Esta prática promove benefício ambiental positivo para o cultivo de grãos, conforto térmico para animais inserido nestes sistemas, além de aumento da população de árvores na zona rural.

Pará

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Projeto propõe modelo sustentável e inovador de desenvolvimento agropecuário

Um dos principais projetos do Sistema FAEPA é o Projeto Preservar, que visa o fortalecimento da atividade agropecuária paraense com sustentabilidade, apoiando a ideia do desmatamento zero e participação dos produtores rurais. O Preservar prevê o aumento da produção no estado, fundamentado em quatro pilares: a adoção de novo paradigma para a agropecuária, o desmatamento zero, o novo modal de pecuária e a reversão de 11 milhões de hectares de pastagem para a agricultura e silvicultura, sem, no entanto, abrir novas frentes de desmatamento. Isso por meio de um melhor aproveitamento de áreas que já foram modificadas, utilizadas pelo homem, chamadas de antropizadas. Para entender melhor o Projeto, dos quase 125 milhões de hectares de terras que o Pará possui aproximadamente 30 milhões são áreas antropizadas, o que equivale a 24% do território paraense.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), Carlos Xavier, o Projeto é o caminho para a consolidação do desenvolvimento da produção no estado. “Consideramos o Preservar um projeto totalmente autossustentável e um dos mais bem estruturados do país. Podemos trabalhar uma propriedade com agregação de tecnologia e multiplicar sua produção e renda por dez, adotando sistemas produtivos econômicos e ambientalmente sustentáveis. Não tenho dúvida de que o Pará estando na Amazônia é muito cobrado pela comunidade internacional e nós temos que desenvolver um trabalho imenso aqui. E é isso que estamos fazendo através do Projeto Preservar, que é produzir com sustentabilidade, mostrando para o mundo que o Pará é o maior ativo ambiental do planeta e que temos o compromisso na amplitude de nossos recursos naturais”, finaliza.

Espírito Santo

“Sou produtor de água e reciclador de terra”. Assim se considera o técnico agrícola e produtor rural, Carlos Tatagiba Martins, por pensar, executar e custear projetos de sustentabilidade em suas duas propriedades há mais de 20 anos. Em Burarama, no município de Cachoeiro de Itapemirim (ES), o sítio São Brás possui caixas secas para reter água da chuva, corredor ecológico, mata ciliar e cultivo de café. O sítio Jacutinga, no distrito Rize, município de Alegre, conta com plantio de eucalipto, em área de morro, de maneira a recuperar a área degradada, mata ciliar, corredor ecológico e várzea. Além disso, apresenta cultivo consorciado de coco e cacau. “Juntando as áreas, tenho 20 hectares e para mim a preservação é gratificante. Eu acredito que o equilíbrio do produtor com o meio ambiente retorna de forma positiva”, ressalta Carlos, que atingiu 80% de área recuperada.

O que antes era apenas lavoura e pasto, hoje divide espaço com diferentes culturas, teve parte do solo recuperado, retém mais água no lençol freático e, por fim, gera renda ao produtor Carlos Tatagiba. E não para por aí. Todo o conjunto da obra, reunindo as mudanças na propriedade com as ações de preservação, já rendeu dois prêmios: em 2008, pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (FAES) o Prêmio Comarh e, em 2015, o Prêmio Biguá, pela Rede Gazeta Sul. Todos conquistados pelo mérito do cuidado com a natureza.

Com participação das federações da agricultura e pecuária dos estados do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Espírito Santo.
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28 jun 2016

Da Embrapa Pecuária Sul*

Foto: Márcia Silveira
Foto: Márcia Silveira

Os benefícios econômicos gerados com a cultivar de capim-sudão BRS Estribo, lançada em 2013, têm entusiasmado pecuaristas e produtores de leite na região Sul do País. Somente no ano de 2015, foi gerado um ganho adicional de R$ 77 milhões, somadas a venda de carne, a economia nos custos de produção de leite e a venda de sementes. Esse resultado foi revelado por trabalho realizado por especialistas da Embrapa para avaliar o impacto da tecnologia. Os pesquisadores se basearam em entrevistas feitas com produtores de gado de corte e leite que adotaram o BRS Estribo.

Desenvolvida em parceria entre a Embrapa Pecuária Sul (RS) e a Associação Sul-Brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto), a cultivar BRS Estribo é uma forrageira anual de verão e que apresenta maior rusticidade e ciclo mais longo, o que a coloca em vantagem diante do milheto e do sorgo forrageiro, espécies mais comumente usadas como pastagem de verão na região Sul do Brasil.

De acordo com o Relatório Anual de Avaliação dos Impactos das tecnologias geradas pela Embrapa no ano de 2015, a área plantada com o capim-sudão BRS Estribo totalizou 340 mil hectares, tanto em áreas de produção de carne como para leite. Ao se considerar somente o valor gerado com a produção de carne, os dados mostram que cada hectare em que foi utilizada a tecnologia BRS Estribo conseguiu-se produzir, em média, 24 quilos a mais que o proporcionado pela forrageira anteriormente utilizada pelo produtor: o sorgo forrageiro. Segundo dados da Emater, o preço do boi vivo custava na época R$ 5,30. Esse número multiplicado pelos 310 mil hectares plantados gerou um ganho adicional de R$ 36 milhões somente em carne.

Já na bovinocultura de leite, as cifras se referem à economia de custos proporcionada pela forrageira BRS Estribo. Com o ciclo mais longo desta cultivar, os produtores de leite puderam reduzir os custos com ração. Em um universo de 30 mil hectares plantados, a troca de forrageira resultou em um valor próximo a R$ 24 milhões. “Isso significa que os produtores deixaram de gastar esse valor com concentrados e outros suplementos alimentares, devido ao uso mais prolongado da BRS Estribo e à maior produção de massa forrageira ao longo do ciclo de verão”, explica o pesquisador Jorge Sant´Anna, responsável pela elaboração da análise socioeconômica do Relatório de Impactos das tecnologias produzidas pela Embrapa Pecuária Sul.

Já nos primeiros experimentos realizados pela Embrapa Pecuária Sul, em 2013, coordenados pela pesquisadora da área de manejo de pastagens Márcia Silveira, ficou constatado que a produção intensiva de carne a pasto, tendo o BRS Estribo como base, foi bastante competitiva em relação às demais forrageiras anuais de verão. “O Estribo se mostrou com muito potencial para aumentar a produção média e a renda por hectare, tanto sob pastejo rotativo como pastejo contínuo, sendo possível alcançar bons índices em termos de produção animal quando bem manejada”, relata. No pastejo contínuo, a média de ganho individual diário foi de 704 gramas por animal e o ganho por área foi de 361,7 quilos de peso vivo por hectare. Já no pastejo rotacionado, os experimentos obtiveram um ganho diário de 710 gramas por animal e ganho por área de 266,4 quilos de peso vivo por hectare.

Passados três anos do lançamento da BRS Estribo, os dados obtidos a campo confirmam os resultados dos experimentos. A maioria dos produtores de gado de corte e de leite que usou o BRS Estribo diz ter encontrado uma produção maior nesta forrageira, quando comparada ao milheto, ao sorgo ou ao capim-sudão comum. No gado de corte, por exemplo, o incremento foi de 13%, em média, segundo dados do Relatório de Avaliação dos Impactos. Isso porque, em relação ao capim-sudão comum, a BRS Estribo apresenta uma maior produção de forragem, maior perfilhamento e maior proporção de folhas, quando bem manejado. Já em comparação com o sorgo, o capim-sudão não apresenta o risco de toxidade aos animais, conferindo maior flexibilidade ao manejo.

“Muitas características foram selecionadas para proporcionar mais massa verde à planta, maior número de rebrotes, além de maior tolerância ao frio e à geada. Dessa forma, é possível fazer um ciclo mais longo de utilização do BRS Estribo (de pelo menos um mês e meio a mais de disponibilização de forragem) até as primeiras geadas da estação fria”, explica o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Daniel Montardo. Ele frisa que em setembro ou outubro já é possível plantá-lo, com a produção se estendendo até fins de abril ou início de maio. Esta cultivar também possui maior tolerância ao pastejo e ao pisoteio, e colmo (cana) mais fino que o sudão comum. Isso permite que, somente com a entrada dos animais no momento certo, o pasto consiga ser rebaixado, e ao final de todo o ciclo de pastejo necessite um menor número de roçadas.

Entrada no pasto no tempo certo

De acordo com a pesquisadora Márcia Silveira, o manejo correto é o “pulo do gato” para aproveitar todo o potencial que essa forrageira de verão tem a oferecer. Plantas forrageiras bem manejadas tendem a apresentar bom valor nutritivo. Isto está diretamente ligado à maior quantidade de folhas em relação aos colmos. “Como as forrageiras anuais têm grande potencial de crescimento, é muito importante que os animais entrem para pastejar no momento correto, pois caso contrário, essa relação folha/colmo se altera rapidamente e o capim-sudão ‘encana’ (forma colmos) em excesso. Por isso, é fundamental buscar o momento certo para colocar e retirar os animais”. O que parece complicado num primeiro momento, mas torna-se algo simples com a prática. Para realizar essa tarefa, se utiliza a altura do pasto como ferramenta de manejo, explica a pesquisadora.

Segundo o documento técnico da série Embrapa, “Aspectos relativos à implantação e manejo de capim-sudão BRS Estribo”, disponível online para consulta, para o manejo no pastejo rotacionado, deve-se buscar colocar os animais quando o pasto alcançar uma altura média de 50 cm e retirar o gado com uma altura de cinco a dez cm. Para o pastejo contínuo, deve-se buscar manter uma altura média de 30 cm, ajustando a carga sempre que necessário (adicionando ou retirando animais conforme o crescimento/altura do pasto). Isso retarda a formação excessiva de colmos e proporciona um melhor desempenho aos animais. Manejando adequadamente o BRS Estribo é possível obter vários rebrotes e pastejos (pelo menos seis). Já o sorgo, bem manejado, retorna entre três e quatro pastejos. Além disso, o Estribo possibilita um maior período para seu plantio na região Sul do Brasil, pois germina e se desenvolve em temperaturas mais baixas que as necessárias para sorgo e milheto, por exemplo. Isso confere maior flexibilidade para seu uso, principalmente em sistemas de integração lavoura-pecuária.

O pecuarista José Sachet, do Município de Candiota (RS), usou o BRS Estribo por três anos consecutivos e já sentiu as diferenças no desempenho dessa forrageira. Em sua propriedade de 516 hectares, Sachet faz terminação de gado de corte no inverno e verão. “O rebrote do Estribo parece mais rápido que o sorgo forrageiro e o animal aceita melhor. Porém, a cada ano esse desempenho é diferente, pois varia conforme a chuva e se não cuidar com o manejo, encana muito e tem que roçar”, explica.

Um dos entusiastas do uso do BRS Estribo para produção de pastagem de verão é o pecuarista e engenheiro-agrônomo Gustavo Moglia Dutra, proprietário da Fazenda Santa Margarida, em Bagé (RS). Sob a orientação e acompanhamento do pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Danilo Sant´Anna, Dutra vem utilizando a cultivar desde novembro de 2015, produzindo alimentação para o gado, durante o verão e outono, juntamente com o campo nativo. Já no inverno-primavera, utiliza aveia e azevém na mesma área do sudão, onde se procurou organizar o sistema para antecipar o ciclo de inverno e estender o ciclo de verão, sobrepondo-os, visando a fornecer forragem durante todo o ano aos animais.

“Nesta propriedade, o capim-sudão BRS Estribo está entrando para complementar uma produção de forragem que já vinha ocorrendo muito bem no inverno. Juntamente com o campo nativo existente na propriedade, completou uma cadeia forrageira estável e com qualidade 365 dias do ano”, explica o pesquisador. Segundo ele, foi obtido um ganho de peso individual médio de 1,0 a 1,1 kg de peso vivo/dia em novilhos de sobreano, e uma produtividade por hectare de aproximadamente 300 kg de peso vivo, considerando o pastoreio realizado desde o início de janeiro até final de abril de 2016″. Um bom desempenho, segundo o proprietário, já que essa forrageira vem possibilitando a terminação e venda para abate de novilhos jovens.

Mercado de sementes

Além dos ganhos econômicos, é importante frisar o impacto que a cultivar gerou na cadeia produtiva de sementes da região Sul, ao consolidar a organização dos produtores. Em um segmento ainda marcado pela informalidade e venda de materiais não registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a BRS Estribo, desde seu lançamento, contribuiu para o fortalecimento de uma rede para a produção e venda das sementes, formada por 25 estabelecimentos comerciais, com alcance em várias partes do Estado do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e região central do Paraná. “A organização é o primeiro passo para que o mercado de sementes da região Sul seja promissor e a rede se formou com a constituição da Sulpasto. A BRS Estribo foi o primeiro produto da Sulpasto que deu retorno em larga escala para as empresas, por isso contribuiu para consolidar essa parceria entre produtores de sementes, Embrapa e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)”, afirma Daniel Montardo, também um dos responsáveis pela organização da associação na sua origem.

A maior parte da produção de sementes da cultivar BRS Estribo é feita na região Centro-Oeste do País no período do ano correspondente à estação fria da região Sul. Essa estratégia permite que as sementes sejam colhidas na região Centro-Oeste já na época em que começa o plantio na região Sul, reduzindo custos de armazenamento. Segundo a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), em 2013, foram produzidas 3,4 mil toneladas da BRS Estribo, gerando um montante de sementes que foram plantadas no ano de 2014 em 139 mil hectares, seja para produção de novas sementes seja para pastejo. Já em 2014, a Apassul estima que tenham sido produzidas sementes para plantar 393 mil hectares, ou seja, 9,8 mil toneladas. Com a recomendação técnica de que sejam utilizados 25 a 30 quilos de sementes por hectare (densidade de semeadura), e com o valor de venda direta sendo praticado em torno de R$ 1,70 o quilo para o produtor de sementes, obtêm-se o montante em torno de R$ 17 milhões gerados com a venda do insumo para 340 mil hectares.

Melhoramento de forrageiras

Até recentemente, no mercado de sementes forrageiras para a região Sul do Brasil predominavam cultivares comuns, ou seja, sem certificação genética. Dentre estas espécies de interesse, destacava-se o capim-sudão. Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Juliano Lino Ferreira, o melhoramento genético do capim-sudão foi uma demanda do Mapa e dos produtores de sementes para se obter cultivares cujas sementes apresentassem certificação genética e sanitária.

Com a seleção bem orientada, foi obtido um material com foco em maior produtividade, além de características desejáveis como colmo mais fino que o capim-sudão comum, maior capacidade de perfilhamento, elevada rusticidade e maior tolerância ao pastejo e pisoteio. E com um manejo adequado, essas características têm proporcionado a dispensa de operações como roçadas para o rebaixamento da pastagem. Aliado a isto, uma peculiaridade do capim-sudão BRS-Estribo é sua precocidade, corroborando inequivocamente para um ciclo produtivo mais longo. Este processo normalmente demanda tempo, visto que após a seleção dos genitores de interesse, os melhoristas devem efetuar cruzamento entre eles, seleções em anos posteriores, e finalmente uniformização do material, cumprindo as etapas necessárias ao registro no Mapa.

De acordo com o pesquisador, novos materiais estão em processo de desenvolvimento, contando como diretriz as informações colhidas com os produtores de sementes, pecuaristas e pesquisadores da área de manejo de forrageiras. Neste contexto, alguns atributos estão sendo levados em consideração como melhor estabelecimento em áreas mais úmidas, maior perfilhamento e tolerância a doenças, além de um contínuo foco na maior produtividade e adequação aos sistemas de produção.


07 jun 2016

Sustentabilidade da pecuária de corte brasileira é destaque do Seminário GTPS

*Do Sistema FAMASUL

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“O compartilhamento de informação e a comunicação com a comunidade em geral. Esses são os desafios do setor produtivo”. A afirmação foi feita pelo presidente do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Mauricio Saito, durante a abertura do Seminário GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, evento que compõe a abertura do II SIGEE – Simpósio Internacional de Gases de Efeito Estufa.

O II SIGEE acontece no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande/MS, entre os dias 07 e 09 de junho. O simpósio é promovido pelo Sistema FAMASUL e pela Embrapa Gado de Corte – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em parceria com diversas instituições públicas e privadas. A finalidade é compartilhar novos conhecimentos sobre a dinâmica de gases de efeito estufa na agropecuária brasileira.

Para o presidente do Sistema FAMASUL, o evento é fundamental para levar informação ao produtor rural. “Mato Grosso do Sul e o Brasil apresentam uma favorável capacidade de produção, com clima e solo produtivos. Além disso, o desenvolvimento rural está também embasado no trabalho da comunidade científica “.

Saito reforçou, em seu discurso, o trabalho realizado pelo Senar/MS – Serviço de Aprendizagem Rural. “O SENAR/MS, no encaminhamento do resultado obtido na comunidade científica, por intermédio dos cursos de capacitação leva conhecimento e tecnologia ao homem do campo”. O presidente explicou o funcionamento do Programa Mais Inovação, dedicado à recuperação de pastagens que, em quatro anos de funcionamento, já abrange mais de 35 mil hectares.

Durante o seminário, o presidente do GTPS, Fernando Sampaio, apresentou a instituição e falou dos desafios do setor pecuária, no quesito sustentabilidade. “A pecuária pode ser um elemento para atingir metas sustentáveis”, destacou.

Sampaio reforçou que o setor pecuário pode ajudar em vários objetivos. “A pecuária é um modelo de desenvolvimento sustentável. Há o compromisso de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia até 2020”.

“A previsão é de que em 2030, as áreas de pastagens alcancem 161 milhões de hectares, liberando 17 milhões de hectares para a agricultura, floresta e restauração florestal”, salientou o representante da entidade nacional.

Após a abertura, o seminário contará com uma série de palestras referentes à sustentabilidade do setor. Confira a programação: http://zip.net/bstkBN

Além das lideranças já citadas, estiveram presentes na abertura do seminário, a diretora-secretária do Sistema Famasul, Terezinha Candido; o diretor executivo da Federação, Lucas Galvan; o superintendente do Senar/MS, Rogério Beretta; o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande e diretor financeiro do GTPS, Ruy Fachini; o presidente de Santa Rita do Pardo, Florindo Cavalli Neto; o presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, Marco Garcia de Souza; o presidente do Sindicato Rural de Camapuã, Saturnino Silvério.

O evento compõe a programação do II SIGEE

Sobre o Sistema Famasul – O Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) é um conjunto de entidades que dão suporte para o desenvolvimento sustentável do agronegócio e representam os interesses dos produtores rurais de Mato Grosso do Sul. É formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MS) e pelos sindicatos rurais do Estado.

O Sistema Famasul é uma das 27 entidades sindicais que integram a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Como representante do homem do campo, põe seu corpo técnico a serviço da competitividade da agropecuária, da segurança jurídica e da valorização do homem do campo. O produtor rural sustenta a cadeia do agronegócio, respondendo diretamente por 17% do PIB sul-mato-grossense.


06 jun 2016

Resultados de quatro anos do Mais Inovação serão apresentados na reunião do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável

*Do Sistema FAMASUL/SENAR-MS

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O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso do Sul (SENAR/MS) estará presente no Seminário Anual do GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável realizado no próximo dia 7 de junho, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo. O evento abordará temas ligados à atividade pecuária da atualidade, com apresentação de três painéis, entre eles o ‘Desafios para Intensificação da Pecuária’, no qual serão apresentados os resultados do primeiro programa de assistência técnica e gerencial idealizado pela regional de Mato Grosso do Sul – o Mais Inovação.

Implantado a partir de 2012 em parceria com o Sebrae/MS – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o programa é uma das vertentes da metodologia de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR/MS e atua com um modelo que apresenta ao produtor rural novas tecnologias de manejo, além de incentivar práticas de produção sustentáveis, empreendedorismo e foco no aumento da produtividade e renda das propriedades assistidas.

Atualmente 195 produtores rurais são atendidos em 29 municípios do Estado e os resultados obtidos nas consultorias reforçam a eficácia de se promover melhorias na gestão e com a implantação de sistemas produtivos integrados como ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta,  IPF – Integração Pecuária e Floresta e ILP – Integração Lavoura e Pecuária. As técnicas sugeridas e orientadas pela equipe de técnicos de campo contribuem para melhorar a eficiência produtiva no uso dos recursos naturais, possibilitando a adaptação do setor agropecuário com a necessidade de se produzir com sustentabilidade.

Na avaliação do superintendente do SENAR/MS, Rogério Beretta, o trabalho iniciado pelo Mais Inovação é uma grande contribuição para agropecuária na região Centro-Oeste. “É um projeto pioneiro de assistência técnica em Mato Grosso do Sul e tem a finalidade de incorporar tecnologias que possibilitarão melhoria de renda e lucro na atividade pecuária. Um dos pontos mais importantes desse trabalho foi desenvolver ações que demonstram consonância com a agricultura de baixo carbono e consequentemente, com a redução de gases de efeito estufa”, detalha.
Beretta reforça que, apesar do programa ser conhecido como de atendimento a pecuária de corte, isso não impede que possa ser utilizado em outros segmentos do setor rural. “A metodologia do Mais Inovação oferece inovações tecnológicas que podem atender também o produtor de leite, o agricultor e os interessados em implantar o sistema de recuperação de pastagens, o ILPF e o plantio de Florestas artificiais”, argumenta.

Equipe afinada

O agrônomo Leandro Machado da Silveira atua no Mais Inovação desde o início das atividades e presta assistência para 30 produtores rurais, em diversas regiões. Ele relata que o maior reconhecimento do seu trabalho é fazer a comparação da produção do início até os dias atuais. “Iniciei os atendimentos com foco na recuperação e reforma de pastagens degradadas e acompanhando os resultados de cada propriedade, verifiquei que o crescimento na lotação de animais por área chegou a cinco vezes mais”, revela.
O maior desafio encontrado por Silveira nesses quatro anos de orientação técnica foi a resistência encontrada junto aos produtores que ficavam receosos de modificar manejos que já estão adaptados, mas que não atendem mais as necessidades produtivas atuais. “Procuro sempre explicar ao produtor a importância de se mudar o comportamento e demonstrar o que podemos aplicar. Sempre proponho que façam a experiência em uma pequena área da propriedade e quando eles comprovam o resultado ficam bastante satisfeitos”, acrescenta o profissional que atua na região Leste de Mato Grosso do Sul.

Segundo o zootecnista, Daniel Dantas, que atende 30 produtores na região Sudoeste do Estado, um dos fatores mais gratificantes no trabalho é observar a mudança de comportamento dos produtores e seus funcionários. “É motivo de realização profissional acompanhar a satisfação e vontade de aprender do produtor ao perceber que, seguindo as recomendações, obterá sempre resultados positivos. A motivação do proprietário é visível e reflete em todos os colaboradores que demonstram interesse em aprender mais”, pontua.

Dantas dá exemplo de dois produtores que transformaram significativamente a atividade pecuária depois de aderirem ao Mais Inovação. “O primeiro é o senhor Massao que, literalmente, abriu as portas de sua propriedade para experimentos com lavoura (ILP) e que foram demonstrados em um dia de campo para 150 pessoas, no município de Miranda. Ele iniciou o projeto com plantio de soja e agora investiu no milho para alimentação do rebanho”, detalha.

O segundo caso vem de Anastácio, na propriedade do senhor Raimundo que se dedica à atividade de pecuária de corte. “Quando chegamos ao local comprovamos que a área de pastagem estava totalmente degradada. Com as modificações no manejo montamos oito pastos que aumentaram a lotação de 0,5 para 3 animais por hectare”, conclui.

Sustentabilidade

Cabe destacar que o programa Mais Inovação é desenvolvido com orientações que tem como objetivo principal a produção sustentável obtida a partir do desenvolvimento de diferentes culturas na mesma área, aumento da produção animal em menor espaço, redução na emissão de gases de efeito estufa (GEE) e fixação de carbono via fotossíntese e matéria orgânica do solo.


23 mai 2016

Projeto ABC Cerrado avança com início das capacitações de produtores

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As capacitações de produtores promovidas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), etapa fundamental prevista dentro do Projeto ABC Cerrado, iniciaram em Goiás na última semana e em todos os outros estados participantes já existem turmas prontas para começar. O primeiro módulo do treinamento está sendo promovido em oito municípios goianos: Anápolis, Jataí, Caçu, Itauçu, Minaçu, Goianésia, Mineiros e Alexânia. Aproximadamente 120 pessoas serão contempladas.

A informação foi um dos pontos positivos apontados pela missão do Banco Mundial que avaliou o andamento do ABC Cerrado ao longo desta semana, em Brasília. O evento contou com a participação de representantes do SENAR, do Banco Mundial, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embrapa e também serviu para realinhar procedimentos e definir as próximas etapas do projeto. A Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR, que vai atender cinco estados participantes (Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Maranhão) foi outro assunto debatido. Os técnicos de campo e supervisores já foram capacitados e as atividades estão programadas para iniciarem em agosto de 2016.

Na reunião de encerramento dos trabalhos, realizada nesta sexta-feira (20/5), foi apresentado um documento sobre os temas tratados. Segundo o coordenador técnico do Projeto ABC Cerrado no SENAR, Mateus Tavares, ficou registrado que todas as atividades de avaliação de impacto acordadas anteriormente estão sendo colocadas em prática pela entidade.

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“O Banco Mundial reconheceu os avanços feitos pelo projeto desde a última missão, realizada em outubro de 2015. As ferramentas de controle foram implantadas e o SENAR mostrou que a execução começou na ponta com as capacitações que já se iniciaram”.

Para a economista agrícola do Banco Mundial Barbara Farinelli, a missão debateu amplamente novas estratégias com o objetivo de aumentar a participação do público-alvo do projeto. O evento ajudou a identificar quais mudanças e adequações são necessárias para que as metas do ABC Cerrado continuem avançando até o próximo encontro, agendado para novembro desse ano.

”Com o aumento na demanda pela implementação, percebemos que o SENAR tem consolidado a equipe e os sistemas de gestão do projeto, apresentando um significativo avanço nessas áreas desde a última missão”, analisa ela.