17 jul 2017

FARSUL participa de levantamento inédito dos custos de produção do sistema integrado entre lavoura e pecuária

Por Ascom FARSUL*

O Sistema FARSUL, juntamente com a CNA e o Esalq/Cepea, irá realizar, pela primeira vez no Brasil, o levantamento dos custos de produção lavoura/pecuária. A coleta de dados acontece na próxima terça-feira, dia 18, em Santo Ângelo.

O estudo faz parte do projeto Campo Futuro. As pesquisas dos valores envolvendo a pecuária acontecem a cada dois anos e está incluindo sistemas integrados em 2017. Conforme o economista-chefe do Sistema FARSUL, Antônio da Luz, o sistema integrado ainda gera muitas dúvidas nos produtores. “Como é um conceito muito diferente há muitas perguntas novas que o levantamento irá buscar essas respostas”, comenta.

O objetivo do estudo é analisar a viabilidade econômica da integração em comparação com os sistemas de produção tradicionais. Santo Ângelo foi escolhida para o levantamento de coleta de dados por ter na região grupos do programa Juntos Para Competir, parceria entre FARSUL, SENAR-RS e Sebrae/RS, trabalhando com o sistema integrado. Luz explica que o processo funciona com a participação de produtores, técnicos e consultorias criando uma propriedade padrão.

 


27 jun 2017

Pesquisadores lançam diagnóstico rápido da estrutura do solo

Por Embrapa Soja*

Foto: Adoildo da Silva Melo

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Embrapa, apoiadas por diversas instituições, desenvolveram um método inovador de avaliação visual da estrutura superficial dos solos tropicais e subtropicais, denominado Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES). Com resultados obtidos diretamente no campo e sem a necessidade de avaliações laboratoriais, o DRES permitirá, de forma muito mais rápida, a tomada de decisão sobre práticas de manejo para melhorar a qualidade dos solos.

O método será lançado durante a Reunião de Pesquisa de Soja, nesta quarta-feira, dia 28 de junho, às 9h, no Hotel Sumatra, em Londrina (PR). As informações sobre a metodologia estão reunidas na publicação Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) , editada pela Embrapa e disponível gratuitamente para download. Também foram produzidos vídeos tutoriais com orientação passo a passo do diagnóstico que serão publicados na página temática sobre o DRES.

A estrutura do solo é componente essencial da fertilidade, porque influencia o comportamento físico, químico e biológico do solo, dando sustentação à produtividade agrícola. Até agora no Brasil, a estrutura das camadas superficiais do solo vinha sendo avaliada por meio de métodos quantitativos que não a caracterizavam precisamente e eram de difícil aplicação e interpretação em condições de campo. “O DRES foi desenvolvido para atender as especificidades de monitoramento da qualidade do solo brasileiro de forma rápida e fácil. Nosso intuito é facilitar o diagnóstico e melhorar os critérios para a tomada de decisão sobre a adoção de práticas de manejo que melhorem a qualidade estrutural do solo”, avalia o pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi.

Segundo o pesquisador, os dados de pesquisa mostram, por exemplo, que a escarificação do solo quando realizada sem necessidade, além de ampliar o custo de produção, pode levar à perda de produtividade. “Por isso, temos a expectativa de que o DRES contribua para melhorar a avaliação da qualidade física do solo e sirva para dar suporte ao processo de tomada de decisão quanto ao manejo mais adequado do solo”, diz.

O método

Debiasi explica que o DRES é um método de avaliação visual da estrutura do solo que leva em conta a qualidade da agregação do solo, a partir de amostras dos primeiros 25 cm. Nas amostras, são observados o tamanho e a forma dos agregados e torrões, presença ou não de compactação ou outra modalidade de degradação do solo, forma e orientação das fissurações, rugosidade das faces de ruptura, resistência à ruptura, distribuição e aspecto do sistema radicular, e evidências de atividade biológica. A partir desses critérios, atribui-se uma pontuação de 1 a 6, na qual ”6” é indicativo de melhor condição estrutural, e “1” representa o solo totalmente degradado.

De acordo com o pesquisador, a coleta de amostras deverá ser realizada em diferentes glebas da propriedade e subdivididas de acordo com histórico da área e o tipo de solo e de textura. “O processo é bem simples, porque o produtor, ao olhar para a amostra, já consegue identificar se o solo está degradado ou não”, explica Debiasi. “O DRES identifica os parâmetros mais importantes de diagnóstico e indica o melhor manejo a ser adotado para a propriedade”, diz Debiasi.

Para o pesquisador, o DRES possibilita a técnicos e produtores rurais o reconhecimento dos efeitos dos diferentes sistemas de produção nas condições estruturais do solo. O método também auxilia no processo de tomada de decisão em relação às ações de correção ou melhoria da qualidade do manejo do solo de áreas agrícolas, com ênfase para aquelas cultivadas em sistema de plantio direto (SPD). “É importante destacar ainda que esta metodologia auxiliará na identificação dos manejos mais adequados para as diferentes situações e poderá ser empregada para identificar as práticas que melhor conservam o solo e a água”, destaca.

O DRES vem sendo validado, com sucesso, no Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, ou seja, em regiões de solos argilosos a solos arenosos, em diferentes sistemas de produção. Concomitantemente ao desenvolvimento do método, Debiasi explica que já se iniciou o processo de treinamento para técnicos do Paraná e do Mato Grosso do Sul.

Testes em campo

Em 2016, aproximadamente 80 agrônomos da cooperativa agrícola Cocamar foram treinados na metodologia DRES para aplicar o método em propriedades no norte e noroeste do Paraná, Vale do Paranapanema (SP) e Mato Grosso do Sul. De acordo com o gerente técnico da Cocamar, Leandro Teixeira, o DRES foi aplicado tanto em solos argilosos (presentes nas regiões tradicionais da soja) quanto em propriedades com solos arenosos, a exemplo da região do Arenito Cauiá, onde predomina a produção de soja em integração com as pastagens. “O método é muito simples de ser aplicado e se mostrou eficiente para auxiliar na tomada de decisão a campo. Até então tínhamos carência de uma ferramenta como o DRES que nos direcionasse para a condução de um bom manejo do solo”, diz Teixeira.

Para ilustrar a eficiência da metodologia, Teixeira deu como exemplo o caso de um produtor assistido pela cooperativa que pretendia revolver o solo, sem nenhum critério. O agrônomo da cooperativa, em conjunto com o produtor, aplicou o DRES na propriedade e, com base no diagnóstico, decidiram por descartar o revolvimento do solo. “Ao não fazer a operação de mexer no solo desnecessariamente, o produtor reduziu custos e ainda evitou outros impactos negativos como uma possível compactação do solo, o favorecimento à erosão; a redução de matéria orgânica e também uma interferência negativa na atividade microbiana. “Na minha opinião, o DRES auxiliou na tomada de uma decisão importante, que reduziu o custo do produtor e também minimizou outros impactos negativos”, comemora.

Desenvolvimento

O DRES é um dos resultados da Rede de Pesquisa Solo Vivo. Entre as instituições que participaram do desenvolvimento do método estão: a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP), a Embrapa Solos (RJ), Embrapa Soja (PR), Embrapa Trigo (RS) e Embrapa Agropecuária Oeste (MS), com apoio da Itaipu Binacional, cofinanciadora da rede.

Apesar de metodologicamente simples, o DRES está respaldado por uma ampla base científica e usa conceitos do Método do Perfil Cultural (1960), desenvolvido na França, além de alguns procedimentos metodológicos da Avaliação Visual da Estrutura do Solo (Visual Evaluation of Soil Structure – VESS), criado na Escócia. A metodologia francesa de Perfil Cultural trouxe grande contribuição ao DRES, mas não pôde ser integralmente adotada por ser um método demorado para ser aplicada por produtores.

Equipes de pesquisadores da UEL vêm pesquisando metodologias visuais de análise de solo há mais de 20 anos. O professor daquela Universidade Ricardo Ralisch é um dos coordenadores dessa linha de pesquisa na Universidade. Seus conhecimentos acumulados serviram de embasamento para o desenvolvimento do DRES.

O DRES utilizou ainda alguns dos procedimentos metodológicos do VESS. “Os primeiros testes no Brasil mostraram que essas metodologias não se adaptavam ao nosso objetivo. Por isso, desenvolvemos o DRES, que é um híbrido desses procedimentos existentes, com melhor ajuste, considerando a realidade produtiva do Brasil”, explica Debiasi.


04 mai 2017

A palmeira que desponta como novo ‘ouro verde’ do Brasil

Por BBC Brasil*

Fotos: Luiz Henrique Berton

Uma planta de uso múltiplo, no ponto para explodir comercialmente. Cotada no início dos anos 2000 como fonte promissora de biocombustível, a macaúba ultrapassou expectativas dos pesquisadores, que agora apostam no seu potencial além da produção de energia.

“O óleo de macaúba, por exemplo, é nobre demais”, diz Sergio Motoike, biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa. “Ele tem vocação para uso na alimentação humana, na oleoquímica e na cosmética, que pagam bem mais que o mercado de biocombustíveis.”

Dessa forma, diz Motoike, não haveria a frustração ocorrida, por exemplo, com a mamona. A cultura, encampada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) para produção de biodiesel, naufragou por falta de capital e investimentos em tecnologias de produção.

Frutas, legumes e verduras congelados são saudáveis?

No caso da macaúba, o leque de opções de uso garantiria a sustentabilidade econômica. E o amadurecimento, sem atropelos, das diferentes etapas do processamento parece mostrar que sua hora é agora.

A macaúba (Acronomia aculeata) é um palmeira rústica nativa do Brasil. Atinge de 5 a 15 metros de altura e possui espinhos no tronco e nas folhas – daí também ser chamada de coco-espinho. Costuma ser descrita como a palmeira de maior presença no país, praticamente ausente apenas na região Sul, e aguenta bem quando a chuva é pouca.

Aplicações

O fruto tem quatro partes: casca, polpa, endocarpo (parte dura em volta da semente) e amêndoa. As mais nobres são a polpa e a amêndoa. A polpa produz um óleo recomendado para biodiesel e bioquerosene, e com as mesmas propriedades do óleo de dendê – ou seja, já há um mercado de consumo. E quase não deixa resíduos sem aproveitamento.

O óleo da amêndoa tem características ideais para fabricação de cosméticos, por facilitar a penetração do produto na pele. Do resultado do processamento dos frutos e da casca, os produtores obtêm uma torta rica em proteínas, boa para alimentar o gado. O endocarpo pode virar carvão ativado, usado para purificar gases e líquidos.

“As tecnologias agrícola e industrial estão consolidadas, o mercado possui demanda para os produtos e os resultados econômicos são impressionantes”, afirma Felipe Morbi, diretor da Acrotech, empresa que implantou até o momento 520 hectares da palmeira em João Pinheiro (MG).

De imediato, a empresa tem usado a macaúba para recuperar áreas degradadas. A planta é perene, tem raízes fortes que impedem a formação de buracos nos pastos e cria um microclima mais ameno e apropriado à diversificação da vida no solo.

Enquanto cuida do terreno, a palmeira produz. No sexto para o sétimo ano de vida, já concebe de três a quatro toneladas de óleo de polpa por hectare. “Com o melhoramento, podemos dobrar tranquilamente essa produtividade”, diz Luiz Henrique Berton, bolsista da Fapesp (fundação de amparo à pesquisa de SP) em melhoramento genético de macaúba no Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

A soja, por exemplo, principal matéria-prima para biocombustível no Brasil, produz 600 kg de óleo por hectare. E o dendê, mesmo após 50 anos de melhoramento genético e, ainda assim, dependente de 60 litros diários de água em todos os meses do ano, não passa das cinco toneladas.

Outra vantagem da Acronomia aculeata é sua folhagem, bem mais rala do que a do dendezeiro, o que lhe permite ser cultivada com pastagens, por exemplo, em sistemas focados na pecuária e voltados à inclusão social de agricultores familiares.

Esse é um dos objetivos de um projeto em Minas Gerais que venceu uma seleção global do Banco Mundial e já conseguiu US$ 6 milhões em investimentos para alavancar a cadeia produtiva da macaúba no país.

Localizada em Patos de Minas, região do Alto Paranaíba (MG), a iniciativa da empresa alemã Inocas prevê o plantio adicional da palmeira em 2 mil hectares de pastagem. Os investidores também estão de olho no óleo da amêndoa, valioso na indústria de cosméticos, e na torta advinda da exploração do fruto e da casca.

Estudos em andamento avaliam que esse co-produto – a torta da amêndoa -, que contém mais de 30% de proteína, poderia complementar a nutrição animal, diminuindo inclusive o tempo final de engorda do gado.

“Com isso podemos falar em segundo andar produtivo nas pastagens”, conceitua Johannes Zimpel, diretor executivo da Inocas no Brasil.

Construindo a cadeia

Pragas e doenças também não parecem problema para a palmeira. Seu adensamento é secular, quase 500 plantas por hectare, o que facilita o controle de enfermidades. “Ela naturalmente evoluiu como se fosse um plantio comercial, vivendo em maciços”, diz Berton.

O biólogo lembra que a seringueira, por exemplo, se desenvolveu solitariamente: “Na floresta amazônica, há uma seringueira aqui, outra a 500 metros. Quando se deu início ao plantio comercial, uma do lado da outra, não havia barreira; foi um prato cheio para as pragas.”

O que estaria faltando, então, para a macaúba deslanchar de vez? Um aspecto é o consumo. “Mesmo existindo em grandes maciços, a macaúba é pouco coletada por não existir um mercado comprador”, avalia Haroldo César de Oliveira, consultor do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) na Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.

Os trabalhos estariam mais avançados em Minas Gerais, com a produção de sabão em Mirabela, no norte do Estado, que também possui contrato com a Petrobras Biocombustíveis, a quem fornecem óleo da polpa para biodiesel.

Em Dores do Indaiá e Luz, na região central mineira, a extração está voltada para o coco inteiro, vendido para a Cooper-Riachão. No Recife, agricultores também comercializam o coco inteiro, mas no mercado São José, para consumo direto, além de preparar xarope de macaúba, rico em vitamina C. Em Corumbá (MS), associações de mulheres produzem farinha da polpa e a vendem no mercado local como ingrediente de bolos, biscoitos, tortas, sorvetes.

Industrialmente, um entrave é a ausência de cultivares comerciais, sementes padronizadas para venda. “Os plantios realizados até o momento são de mudas de sementes de plantas nativas”, diz Carlos Colombo, engenheiro agrônomo e pesquisador da área de genética do IAC.

A legislação nacional não permite a comercialização de sementes e mudas que não estejam registradas no Ministério da Agricultura. a não ser que sejam usadas para a recomposição da flora nativa, como a das matas ciliares. Em Minas Gerais, no entanto, um projeto de lei regulamentado em 2012, permite o cultivo, a extração, a comercialização, o consumo e a transformação da macaúba no Estado. Tanto que Minas Gerais é o único Estado do país em que mudas da palmeira são negociadas e seu plantio é feito em escala comercial.

“Existe muita gente competente envolvida com a macaúba, mas infelizmente não há, até o momento, uma unidade entre pesquisadores, iniciativa privada e órgãos governamentais no intuito de criar uma agenda para a consolidação da palmeira”, analisa Morbi. Um workshop, a ser realizado em junho, em Campinas, buscará “dar liga” a toda a cadeia de produção.

“As comunidades indígenas já a usavam para acender tochas, as lamparinas em Ouro Preto (MG) a tinham como combustível, tem os cosméticos, os produtos farmacêuticos, até um fermentado é feito do tronco da planta, o vinho de coyol”, entusiasma-se Berton, cuja foto no WhatsApp mostra o biólogo carregando um cacho de macaúba de 40 kg com mais de mil frutos – a média é de 600 por cacho.

“Não tem outra palavra: ela é espetacular; só falta o mercado descobrir isso.”


07 mar 2017

Caixas de pizza podem baratear reflorestamento

Por Embrapa Agrobiologia*

Técnica simples e barata pode auxiliar na reabilitação de áreas degradadas com um custo até 50% menor em comparação aos métodos tradicionais. Trata-se do uso de papelão para controle do capim no coroamento (capina ao redor) de mudas em ações de reflorestamento. O produtor pode utilizar até mesmo caixas usadas de pizza. Desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, a técnica pode viabilizar financeiramente a adoção da recuperação de pastagens para pequenos produtores. O Brasil tem hoje cerca de 21 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal que precisam ser restauradas, a maioria sob uso de pastagem.

Esse método já utilizado em lavouras é novidade em ações de reflorestamento com espécies nativas. Nos projetos de recomposição florestal, a maior parte dos custos está associada ao controle de plantas daninhas que colocam em risco o crescimento e a sobrevivência das mudas. Cerca de dois terços do investimento é destinado ao controle da chamada matocompetição. “Temos várias soluções para isso. O uso de herbicida é a mais comum na agricultura, mas é pouco utilizada no setor florestal com foco ambiental, principalmente porque são áreas próximas a recursos hídricos”, explica o pesquisador Alexander Resende.

A técnica é simples e utiliza um disco ou placa de papelão, novo ou reutilizado, para proteger a base das mudas de espécies florestais nos primeiros anos de plantio. A proteção faz com que as gramíneas, que exercem forte competição com as espécies de reflorestamento, não se desenvolvam. Com isso, o crescimento das mudas ocorre da mesma forma como se fosse feito o controle da forma tradicional com enxadas, foices e roçadeiras. Mas o método tradicional exige muita mão de obra, com rendimento operacional baixo, o que onera os projetos de reabilitação ambiental.

O pesquisador Guilherme Chaer conta que os experimentos no campo mostraram que, além de impedir o crescimento das gramíneas, o papelão aumenta a taxa de sobrevivência das mudas. “De onze espécies avaliadas, nove apresentaram índice de sobrevivência igual ou superior a 80% quando coroadas com papelão, enquanto apenas três atingiram esse índice quando coroadas com a enxada”, disse Chaer.

Embora aumente a sobrevivência das mudas em campo, o papelão não afeta o crescimento das plantas em relação ao tratamento manual. Por sua vez, ele pode diminuir em até 10º C a temperatura do solo superficial nos dias mais quentes e também reduz a perda de água por evaporação. “Isso faz uma diferença enorme para a planta, tanto para aliviar o estresse térmico como o estresse hídrico. Ao perder menos água, a planta se beneficia”, comenta.

A pesquisa avaliou o potencial do papelão de suprimir quatro espécies de gramíneas mais comuns em região de Mata Atlântica: brachiarão, capim-colonião, capim-rabo-de-burro e capim-quicuio. Em todas elas, o papelão atuou de forma a inibir seu desenvolvimento.

Técnica permite o uso de caixas de pizza

Os primeiros experimentos de campo foram feitos com embalagens arredondadas utilizadas para pizza. O objetivo era avaliar a durabilidade em campo do papelão tratado com substâncias para retardar sua taxa de composição e, consequentemente, prolongar o efeito supressor das gramíneas. Os resultados mostraram que, em condições de campo, o papelão apresenta eficiência de até mais de um ano se impregnado com uma solução à base de sulfato de cobre.

Segundo Chaer, o sulfato de cobre reduz a incidência de fungos que decompõem a lignina do material, preservando-o por mais tempo. “A solução, derivada de soluções utilizadas para tratamento de madeira, é simples de preparar, apresenta baixo custo e baixa toxicidade, uma vez que não utiliza o dicromato de potássio comum nestes produtos”.

Para se ter uma ideia da economia que a técnica possibilita ao agricultor, num coroamento comum feito com enxada, o produtor gasta em torno de R$ 5.800,00 por hectare no primeiro ano após o plantio, considerando quatro coroamentos ao longo do ano. Mas ao optar pelo coroamento com papelão, o custo cai para de R$ 2.800,00. Esses cálculos foram feitos com embalagens de papelão novas compradas no varejo. Mas, se quiser baixar ainda mais este custo, o agricultor pode optar por utilizar papelão reciclado.


21 fev 2017

Técnicos do projeto ABC Cerrado participam de treinamento em Belo Horizonte

Por SENAR Minas*

Nesta segunda-feira (20/02), 13 técnicos e dois supervisores do projeto ABC Cerrado estão na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Minas Gerais (SENAR MINAS), em Belo Horizonte, recebendo treinamento para mobilizar produtores que participarão da 2ª fase do projeto. Cristiane Camboim – coordenadora de Avaliação de Impacto do projeto – e Mateus Tavares, coordenador do Projeto ABC Cerrado, também estão desenvolvendo as atividades.

De acordo com o analista técnico de Formação Profissional Rural (FPR) Caio Sérgio Oliveira, esta nova fase do projeto será feita na mesma região da 1ª – municípios do bioma Cerrado. O objetivo é mobilizar 30 produtores por turma para ter três grupos distintos: um grupo controle que não recebe assistência técnica e nem capacitação; um grupo que receberá apenas capacitação e outro que receberá ambos.

“Os resultados dos três grupos serão comparados para vermos onde obtivemos mais efeitos. Isso vai nortear a pesquisa sobre a efetividade do ABC Cerrado que será avaliada pelo Banco Mundial, patrocinador do projeto”, detalha Caio Sérgio.
Avaliações

Até quarta-feira (22), Cristiane Camboim e Mateus Tavares, continuam em Belo Horizonte para reuniões com o superintendente Antônio do Carmo Neves, o coordenador de Formação Profissional Rural Luiz Ronilson Araújo e o analista técnico Caio Sérgio Oliveira para discutir o projeto e ajustar a documentação para balanço e auditoria da iniciativa em Minas Gerais.

O projeto

O ABC Cerrado atende quatro processos tecnológicos: Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, Sistema de Plantio Direto, Florestas Plantadas e Recuperação de Pastagens Degradadas. A primeira tecnologia trabalhada em Minas foi a de recuperação de pastagens, que capacitou os produtores com a meta de estimular a sustentabilidade ambiental aliada à produtividade na atividade rural.