13 mar 2017

SENAR Goiás divulga calendário de capacitações do ABC Cerrado

*Por SENAR/GO

 

 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR Goiás) divulgou nesta segunda-feira (13/03), o calendário de capacitações do Projeto ABC Cerrado. Os treinamentos, com carga horária de 56 horas, são divididos em quatro módulos, sendo o primeiro com oito horas e os demais com 16. Os interessados podem entrar em contato com os mobilizadores em suas regiões. As vagas são limitadas e a chamada é para o primeiro semestre de 2017.

Projeto ABC Cerrado

Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC Cerrado difunde e incentiva a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade, com o objetivo de impulsionar a produtividade e renda, mantendo o meio ambiente preservado. O Senar é responsável pela formação profissional dos produtores nas tecnologias e pela assistência técnica e gerencial de propriedades rurais, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – administrados pelo Banco Mundial, que doou US$ 10,6 milhões para a execução do projeto.

Atualmente, o ABC Cerrado atende oito estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema plantio direto e florestas plantadas. Ao todo, 12 mil produtores rurais vão receber capacitação. Desse total, 1.600 propriedades – nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso do Sul – receberão, também, assistência técnica.

Confira o calendário das capacitações em Goiás 

Palmeiras de Goiás – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 03/04/2017
Mobilizador: Carlos Roberto Pereira Filho – (62) 99936-7465

Goiás – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 03/04/2017
Mobilizador: Cristiano Ramos Evangelista – (62) 99997-7707

Montes Claros de Goiás – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 04/04/2017
Mobilizador: Eleandro de Freitas Barros – (62) 99233-0863

Porangatu – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 06/04/2017
Mobilizador: Edson Divino Cardoso da Silva – (62) 99619-4244

Orizona – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 10/04/2017
Mobilizador: André Luiz Milhardes – (62) 99692-0196

Rio Verde – GO
Tecnologia: Sistema Plantio Direto
Data prevista: 10/04/2017
Mobilizador: Marcius Gracco Marconi Gonçalves – (19) 99786-1972

Itumbiara – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 12/04/2017
Mobilizador: Fernando Castro de Oliveira – (64) 99204-0367

Cachoeira Alta – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 13/04/2017
Mobilizador: Tacísio Nunes Tudéia – (22) 99815-0014

Jataí – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 14/04/2017
Mobilizador: Saulo Inácio Vieira – (62) 98227-1204

Mineiros – GO
Tecnologia: Sistema Plantio Direto
Data prevista: 15/04/2017
Mobilizador: Roberto Tosta França – (62) 99693-7151

Silvânia – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 17/04/2017
Mobilizador: Roberto Tosta França – (62) 99693-7151

Bom Jardim de Goiás – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 24/04/2017
Mobilizador: Eleandro de Freitas Barros – (62) 99233-0863

Goianésia – GO
Tecnologia: Floresta Plantada
Data prevista: 02/05/2017
Mobilizador: Jeovane Antônio de Souza – (62) 99918-3522

Itapaci – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista:02/05/2017
Mobilizadora: Maria Letícia Vilela de Castro – (62) 99919-7711

Inhumas – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 04/05/2017
Mobilizador: Robledo Soares Soyer – (62) 99678-6971

Conheça o projeto ABC Cerrado: http://www.senar.org.br/abcsenar/abc-cerrado/


22 fev 2017

Confinar 2017: Integrando lavoura e pecuária, propriedade rural de MS aumenta faturamento em 700%

Há quase 10 anos a família Brito resolveu tomar uma decisão que modificaria a trajetória da Fazenda Laudejá, em Bonito (MS): investir no sistema de integração. A escolha dos produtores surtiu efeito positivo e, hoje, a família é exemplo a ser seguido em relação ao tema que será abordado no Confinar 2017 – um dos principais eventos da agropecuária nacional que será realizado nos dias 23 e 24 de maio, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande.

Retorno a galope – A decisão de investimento foi o ponto fundamental para o desempenho da Laudejá observar um gráfico ascendente. “Nosso faturamento subiu 700%, isso      graças ao incremento da agricultura e curiosamente a pecuária acompanhou. “Perdemos” 25% da área para soja e milho, mas aumentamos o rebanho. Todo o retorno foi 100% reinvestido, ou seja, ainda não chegamos nem na crista da curva. O retorno é observado de ano a ano e o conselho da família decide o que será feito no ano seguinte”.

De acordo com um dos proprietários, Leôncio Brito Netto, a ideia inicial de aderir ao sistema estava associada a otimizar o desempenho pecuário. “Começamos bem pequenos para aprender, com apenas 23 hectares e, desde então, viemos numa crescente. Estamos colhendo a safra 2016/2017 com 1.450 hectares e estamos indo para 2.000 hectares em 2017/2018”, salientou Brito ao valorizar os temas que serão tratados pelo Confinar.

Segundo o produtor o custo inicial maior não foi o financeiro e sim o aprendizado. “A profissionalização na gestão foi o maior investimento”. Para o empreendedor, os volumes financeiros foram aumentando, os investimentos em infraestrutura também e, nisso, a capacitação para o correto gerenciamento desses recursos.

Gestão, aliás, é considerada para Brito o maior desafio. “O nosso investimento é em recursos humanos. Temos uma equipe qualificada, tanto na agricultura como na pecuária, e precisamos mantê-la atualizada e também a nós mesmos. Ainda temos um longo caminho para alcançarmos a estabilidade e os obstáculos são grandes”.

E no meio deste cenário de modificações, o processo de sucessão familiar ocorreu simultaneamente. “Estamos aprendendo a ser sócios nesse momento. Ainda existe uma mistura entre a família e os sócios, que gera desgastes por sermos irmãos e filhos, o que é normal. O processo é longo e paciente. No nosso caso, sinto que nosso negócio tem fortalecido e amadurecido nossa família”, acrescentou, o produtor ao confirmar sua presença no Confinar 2017.

Sobre o evento – O Confinar está em sua 6ª edição e se consolida como um dos principais do agronegócio brasileiro. Em 2016 registrou cerca de 1,5 mil pessoas, de vários Estados e até de outros países. Ao todo, foram realizadas mais de 1.250 inscrições. O evento tem apoio da Fundação MS, é organizado pela Company Eventos. A empresa responsável pela comunicação do simpósio é Agro Agência Assessoria. Para mais informações, acesse: http://confinar.net/ e faça sua inscrição.

 


21 fev 2017

Embrapa abre inscrições para Dia de Campo sobre iLPF

Por Embrapa Pecuária Sudeste*

A Embrapa Pecuária Sudeste realiza, em 08 de abril, dia de campo sobre sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) em São Carlos (SP).  São 150 vagas. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas até o dia 03 de abril, pelo email pecuaria-sudeste.eventos@embrapa.br.

Produtores rurais, profissionais do setor agropecuário e técnicos vão percorrer quatro estações e conhecer na prática tecnologias relacionadas aos sistemas de integração.

Pesquisadores da Embrapa vão apresentar temas como o uso do feijão Guandu BRS Mandarim para recuperação de pastagens degradadas, fertilidade do solo e produtividade de sistemas ILPF, manejo florestal e destoca em ILPF. Outro destaque será a estação que vai focar no Plano de Agricultura de Baixo Carbono (plano ABC) e fontes de financiamento para produtores interessados na implantação de ILPF.

Integração

Um estudo recente encomendado pela Rede de Fomento de ILPF e realizado pelo Kleffmann Group na safra 2015/2016 estimou que os sistemas integrados ocupam hoje 11, 5 milhões de hectares no Brasil, dos quais 860 mil hectares estão em São Paulo. A maioria dos produtores que adota esses sistemas usa o modelo lavoura-pecuária. A integração lavoura-pecuária-floresta é utilizada por 10%, ou seja, ainda há muito espaço para adoção da ILPF.

A Embrapa Pecuária Sudeste tem pesquisas com vários modelos de integração. Apesar de mais complexos, porque reúnem na mesma área diversas culturas, como grãos, carne, leite, energia e madeira, esses sistemas são alternativas para diversificar a produção e melhorar a renda, com sustentabilidade ambiental. Além disso, ILPF tem grande potencial para recuperar áreas degradadas, desenvolver pastagens com melhor qualidade, aumentar a rentabilidade por hectare e diminuir riscos financeiros.

Serviço

Dia de Campo sobre sistema ILPF
Data: 08 de abril de 2017
Horário: 8h às 12 horas.
Local: Embrapa Pecuária Sudeste – Rodovia Washington Luiz, km 234, São Carlos (SP).
Inscrições: até 03 de abril pelo email pecuaria-sudeste.eventos@embrapa.br.
Mais informações: (16) 3411-5689


24 jan 2017

SENAR abre inscrições para novas vagas no Projeto ABC Cerrado

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) inicia o ano com uma novidade para o produtor que deseja adotar tecnologias de baixa emissão de carbono na sua propriedade. O Projeto ABC Cerrado está com inscrições abertas para 4,2 mil novas vagas de capacitação nas tecnologias Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Sistema Plantio Direto, Recuperação de Pastagens Degradadas e Florestas Plantadas nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão e Piauí, além de 400 vagas para Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em cinco dos oito estados participantes.

O projeto é desenvolvido em parceria com a Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com recursos do Banco Mundial. As vagas são limitadas e a inscrição pode ser feita no portal do SENAR, no link http://bit.ly/1QiXIaB .

O produtor interessado em participar do ABC Cerrado precisa ter mais de 18 anos, ensino fundamental incompleto (escolaridade mínima) e uma propriedade entre 4 e 70 módulos fiscais dentro dos municípios que compõem o Bioma Cerrado. Segundo a coordenadora de Projetos e Programas Especiais do SENAR, Janei Cristina Resende, o produtor que tem abaixo de 4 módulos também pode participar, porém, precisa estar inserido em critérios específicos. “Nesse caso, a renda bruta anual da propriedade tem que ser superior a R$ 360 mil ou a mão de obra contratada ser superior a mão de obra familiar”,” explica.

Janei Cristina destaca ainda a importância da participação no projeto do dono ou do gerente da propriedade. “Precisamos que esse participante seja um tomador de decisões dentro da propriedade. As intervenções que serão realizadas durante o projeto irão promover a adoção de tecnologias na propriedade, então, decidir pela adoção é um papel do proprietário ou do gerente.”

As tecnologias de baixa emissão de carbono não trazem benefícios apenas para a propriedade que faz a adoção, mas para a comunidade como um todo, assegura Janei. “Os benefícios são sociais, ambientais e econômicos, como aproveitamento da mão de obra o ano inteiro, reestruturação física do solo e aumento no teor de matéria orgânica, valorização da terra e aumento na produtividade”, exemplifica.

Em 2016, mais de três mil produtores foram capacitados pelo projeto e 1,5 mil propriedades receberam ATeG do SENAR.


10 jan 2017

Adoção de ILPF chega a 11,5 milhões de hectares

Por Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Arroz e Feijão*

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Pesquisa mostra que, atualmente, a área com algum tipo de adoção de sistema ILPF no Brasil abrange 11,5 milhões de hectares. Os estados que se destacam em área de adoção são Mato Grosso do Sul, com dois milhões de hectares; Mato Grosso, com 1,5 milhão; Rio Grande do Sul, 1,4 milhão, que se destacou também como o estado com maior número de propriedades participantes de alguma das modalidades; Minas Gerais, um milhão, e Santa Catarina, com 680 mil hectares. O estudo foi patrocinado pela Rede de Fomento de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, elaborada pelo Kleffmann Group, com acompanhamento técnico da Embrapa Meio Ambiente (SP).

No âmbito dos produtores rurais com atuação predominante na pecuária e que adotam a estratégia, 83% utilizam o sistema de integração lavoura-pecuária – ILP, (9% ILPF, 7% IPF ou integração pecuária-floresta) e entre os produtores de grãos, 99% adotam o sistema integração lavoura-pecuária – ILP (0,4% ILPF e 0,2% ILF).

Entre os produtores cujo foco predominante é a pecuária, os principais fatores motivadores para a adoção do sistema foram a redução de impactos ambientais, entendida como uma preocupação de adequar ambientalmente a atividade diante das pressões da sociedade e dos mercados e o interesse dos pecuaristas na recuperação das pastagens.

Já entre os produtores de grãos, os principais fatores que justificaram a adoção estão diretamente relacionados ao aumento da produtividade e ao incremento na resiliência dos sistemas produtivos com consequente diminuição dos riscos financeiros na atividade.

Paulo Herrmann, presidente da Rede de Fomento à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, credita a grandiosidade dos números de adoção a duas características, ou seja, aptidão natural dos trópicos para a produção agrícola e capacidade dos produtores brasileiros em absorver novas tecnologias produtivas e sustentáveis.

Hermann destaca que a integração é um sistema complexo, mas produtivo e, por isso, requer um modelo de financiamento orientado a apoiar todas as etapas do sistema de produção e não somente o financiamento de uma única safra para produção de um produto em separado. Hermann ainda ressalta que o crédito para a ILPF é o mais seguro, entre os aplicados ao campo, “pois mitiga riscos do investimento, uma vez que o sistema ILPF produz ao longo de todo o ano, melhorando o fluxo de caixa da atividade além de promover o incremento de propriedades agronômicas que conferem capacidade adaptativa aos desafios impostos pela mudança do clima”, completa.

Maurício Lopes, presidente da Embrapa destaca que o Brasil chamará cada vez mais a atenção do mundo pelo potencial de intensificação da sua agricultura. Ele argumenta que produzir de forma mais intensiva se tornou um imperativo frente à necessidade de se ampliar a eficiência de uso dos recursos ambientais – especialmente água, solo e biodiversidade – garantindo serviços ecossistêmicos adequados, como reciclagem de resíduos, manutenção da fertilidade dos solos, recomposição das reservas hídricas, melhoria da atmosfera, dentre outros.

Maurício Lopes destaca que o Brasil é um dos poucos países no mundo com grandes extensões de terras com aptidão para uso agrícola sustentável, produzindo, no mesmo espaço, grãos, proteína animal, fibras, bioenergia e, em futuro próximo, biomassa para uso bioindustrial. Segundo ele o Brasil poderá se tornar o líder global em intensificação baseada em tecnologias “poupa-recursos”, de baixa emissão de carbono e em ganhos na produtividade da terra. Para o presidente da Embrapa, os dados revelados pela pesquisa mostram que a agropecuária brasileira está em sintonia com as demandas globais por mitigação e adaptação a realidade de mudanças climáticas, ao novo Código Florestal brasileiro e ao novo padrão de consumo definido por uma sociedade cada vez mais engajada nas causas ambientais.

Para o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e integrante da Rede de Fomento ILPF Ladislau Skorupa, os números revelados pela pesquisa sugerem que há um grande espaço para ações de transferência de tecnologia, no sentido de elevar a qualidade dos sistemas já implantados. Dessa forma, ele acredita que a crescente disseminação de informações sobre os benefícios da estratégia pode ampliar a sinergia que a integração dos componentes lavoura, pecuária e/ou floresta pode proporcionar. “Em outras palavras, podemos ir muito além, explorando todas as potencialidades da estratégia integrada,” explica.

Skorupa salienta ainda que a estratégia de ILPF é flexível, podendo ser adotada por pequenos, médios e grandes produtores. Conforme explicou, a pesquisa ainda mostrou um cenário de consolidação da ILPF no País, onde os dados gerados poderão orientar as políticas públicas. A base interpretativa da pesquisa concentrou-se na percepção do produtor, em relação ao que ele acreditava possuir implantado na propriedade. Com isso, as configurações, bem como a dinâmica (Lavoura, Pecuária e Floresta) na adoção não são necessariamente as mesmas preconizadas na pesquisa, Transferência de Tecnologia ou mesmo na Extensão Rural. Essa característica evidencia que é vital implementar ações para a identificação e qualificação da adoção dos sistemas implantados nas diferentes regiões do País.

Por essa razão, a Rede de Fomento ILPF (composta pelas empresas Dow AgroSciences, John Deere, Cocamar, Parker e Syngenta) e a Plataforma ABC (Embrapa) atuam em colaboração visando estabelecer uma Rede de Monitoramento para a identificação espacial e qualificação da adoção de sistemas ILPF no Brasil.

Esse esforço também poderá contribuir para melhorar a gestão de riscos associados aos impactos negativos da mudança do clima, permitindo, ao longo do tempo, o desenvolvimento mais consistente das atividades do setor e ainda apoiando uma mudança progressiva na trajetória de emissões de gases de efeito estufa. Este modelo de desenvolvimento sustentável está alinhado com os objetivos tanto do Plano Nacional de Adaptação quanto do Plano ABC.

Para o coordenador da Plataforma ABC e integrante da Rede de Fomento, Celso Manzatto, estabelecer um sistema eficiente de monitoramento é importante para a estratégia de transferência de tecnologia, definida pela Rede, ao proporcionar aos interessados contato com tecnologia via trocas de experiência com outros produtores que já estão em fase mais avançada de adoção. Além disso, é importante avaliar melhor o desempenho dessas tecnologias no que diz respeito ao padrão de emissões de gases de efeito estufa, ou mesmo recomendando que eventuais ajustes sejam promovidos pelos agricultores no processo produtivo com a finalidade de incrementar sua capacidade adaptativa.

Manzatto salientou que “tão importante quanto as recomendações da pesquisa agrícola, também o aprendizado e as adaptações que os produtores adotantes implementam em suas propriedades são fundamentais para o aperfeiçoamento, e para a evolução dos sistemas ILPF”, disse.

Conforme ressaltou Paulo Hermann, este é um momento ímpar, protagonizando a terceira revolução da agricultura tropical, por meio dos sistemas integrados de produção. Conforme explicou, a primeira foi a utilização do plantio direto, que potencializou o uso da terra, e num segundo momento, os agricultores introduziram o plantio da segunda cultura – a segunda safra anual. Agora será a era da ‘agricultura sem parar’, que potencializa a produção pelo regime de sucessão de culturas.

Hermann ainda declarou que “é chegada a hora de acreditarmos na nossa capacidade de realizarmos grandes feitos, e os números confirmam isso.”

Compromisso brasileiro exige mudança contínua

A Plataforma ABC é uma estrutura coordenada pela Embrapa que envolve várias instituições de pesquisa na área agrícola. Ela é responsável por prover os dados técnicos oficiais tanto de atividade quanto os fatores de emissão de gases de efeito estufa para o setor agrícola. As informações são utilizadas na avaliação do desenvolvimento das ações do Plano ABC, além de fomentarem dados oficiais do Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa e dos Relatórios de Atualização Bianual preparados para a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Com base nos resultados do estudo, a Plataforma ABC reuniu estimativas preliminares referentes ao estoque de carbono no solo promovidas pela estratégia da ILPF. A taxa de adoção linear assumida compreendeu o período entre os anos de 2005 e 2010 e 2010 e 2015. Celso Manzatto explica que o sistema ILP responde a cerca de 80% da adoção, e optou-se por realizar uma estimativa conservadora, com um coeficiente de redução das emissões da ordem de uma tonelada de carbono equivalente por hectare por ano.

As estimativas indicaram o estoque da ordem de 35,1 milhões de toneladas de CO2eq para todo o período da pesquisa e da ordem de 21,8 milhões de Mg de CO2eq para o período 2010 e 2015, considerando uma área de adoção da ordem de 5,96 milhões de hectares (Tabela). Com isso, o objetivo estabelecido pelo Plano ABC para 2020, de ampliar em quatro milhões de hectares a adoção de sistemas ILPF, correspondendo ao sequestro de 18-22 milhões de Mg de CO2eq, já teria sido alcançado.

Gustavo Mozzer é pesquisador da Embrapa na área de mudanças de clima. Ele explica que o compromisso assumido pelo Brasil envolve mudança continuada do padrão de emissões. “Portanto, devemos insistir na sensibilização da sociedade para o enfrentamento dos desafios impostos pela mudança do clima”, avalia. O Plano Nacional de Adaptação propõe um modelo de gestão da informação que, quando implementado, deverá servir de base para a integração ainda mais eficiente dos esforços de adaptação no setor agrícola brasileiro.

O coordenador da Plataforma ABC, Celso Manzatto, argumenta que, “mantida até 2020 a taxa de incremento de adoção de ILPF, podemos concluir que estamos no caminho para cumprir o objetivo de expansão adicional de adoção desta tecnologia em outros cinco milhões de hectares, conforme apresentado pelo Brasil durante a COP21 em Paris na forma de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC)”.

Ainda conforme Manzatto, a adoção de sistemas integrados ambientalmente corretos, capazes de suportar a variabilidade climática, sejam chuvas elevadas, secas prolongadas, altas ou baixas temperaturas é a oportunidade para construção de um modelo de desenvolvimento agrícola verdadeiramente sustentável e resiliente. Trata-se, portanto, de uma oportunidade para o País, na medida em que irá gerar a consolidação e a abertura de novos mercados para os produtos brasileiros. “Isso também demonstra que a ILPF, uma tecnologia gerada e testada no País, pode vir a se tornar uma referência de intensificação produtiva sustentável no mundo,” disse.

Para o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, o planejamento estruturado do Plano ABC está resultando em ganhos sistêmicos de resiliência em propriedades agrícolas. A adoção do ILPF tem gerado benefícios para a capacidade adaptativa dos sistemas produtivos tropicais. Segundo ele, este resultado é parte da estratégia de enfrentamento da mudança do clima pela agricultura brasileira. “A ação brasileira avança na consolidação da capacidade adaptativa dos seus sistemas agrícolas, lastreada pela gestão do conhecimento e da inovação tecnológica, pela forte ênfase em transferência de tecnologia via parcerias público privadas, e sustentada na visão e empreendedorismo dos nossos agricultores, que percebem e respondem ao tempo de rápidas mudanças em que vivemos”.

O pesquisador Eduardo Assad da Embrapa Informática Agropecuária (SP), que também integra a Rede de Fomento de ILPF, destaca questões relacionadas à rentabilidade dos sistemas. Ele cita o Programa Novo Campo, em Alta Floresta (MT), que aborda estratégias de pecuária sustentável na Amazônia, com taxa de ocupação de 1,6 animal/ha, considerando a taxa de ocupação em pastagens degradadas da ordem de 0,75 animal/ha, ou o Projeto Roncador no médio Araguaia, onde a taxa de ocupação é 1,7 cabeças/ha, somente com o melhoramento de pastagens.

Assad ainda cita um estudo da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlioi Vargas (FGV/EESP), Intensificação da Pecuária, seus Impactos no Desmatamento Evitado na Produção de Carne e na Redução de Emissões de GEE, no qual conclui que, se todo pecuarista no Brasil adotasse algum tipo de estratégia ILP/ILPF, seria possível adicionar mais 130 milhões de cabeças ao rebanho do País. Assad acredita que a integração produtiva permite aumentar a produção de carne, agregando a possibilidade de certificação internacional, por meio da baixa pegada de carbono. “Em breve, a carne que não for certificada não encontrará acesso nos melhores mercados mundiais,” complementa ele.

O uso de ILPF na prática resulta em intensificação produtiva. De uma pecuária passamos para uma agropecuária, contribuindo para atender as demandas de alimentos previstas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para 2030 com resiliência e sustentabilidade ambiental através da diversificação das paisagens produtivas e liberando áreas para a expansão da agricultura e plantio de florestas. Celso Manzatto explica que há “uma preocupação dos pecuaristas com o impacto ambiental de sua atividade e este tem sido um fator motivador para a adoção de ILPF”. Ele também destaca que “a ILPF está consolidada e é uma estratégia produtiva adotada por pequenas, médias e grandes propriedades”.

As informações da pesquisa são consideradas fundamentais para orientar políticas públicas e mostrar a efetividade do Programa ABC como impulsionador da adoção de tecnologias resilientes e sustentáveis para a agropecuária brasileira. Os resultados indicam que a tecnologia ILPF é viável e já tem um importante índice de adoção para início do processo.

Entenda a pesquisa

O universo amostral considerado na pesquisa de adoção levou em consideração duas abordagens: a percepção do produtor de grãos que adota ou pretende adotar a atividade pecuária e/ou a produção florestal; e a perspectiva do pecuarista que já explora ou pretende agregar a produção de grãos e/ou florestal na propriedade. As culturas selecionadas para a pesquisa foram o milho da safra de verão e soja.

A pesquisa identificou os principais tipos de sistemas adotados, além de informações complementares que darão apoio às ações de transferência de tecnologia, visando ampliar a adoção. As informações abrangem o perfil das propriedades e dos produtores; nível de tecnificação; vantagens percebidas pelos adotantes que conduziram à decisão ou mesmo à desistência; as fontes de informação nas tomadas de decisão para a adoção; entraves e perspectivas.

Foram realizadas 7.909 entrevistas, compreendendo 3.105 pecuaristas de leite e corte em todos os estados; 2.958 produtores de soja nos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins; e 1.846 produtores de milho nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.