18 abr 2017

iLPF armazena quantidade de carbono similar à da mata nativa

Por Embrapa Agrossilvipastoril*

Foto: Gabriel Faria

Em apenas quatro anos agrícolas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foi capaz de acumular quantidades de carbono no solo similares ao estoque de áreas de mata nativa em equilíbrio. O dado é resultado de uma pesquisa desenvolvida na Embrapa Agrossilvipastoril (MT) que monitorou três diferentes sistemas de ILPF: uma área com sistema agropastoril (ILP) e duas com sistema agrossilvipastoril (ILPF), sendo uma delas com renques de árvores espaçados em 50 metros e outra em 15 metros.

Os resultados mostraram que após dois anos de lavoura de feijão-caupi e milho e dois anos de pastagem com braquiária Piatã, dois dos sistemas produtivos apresentaram estoques de carbono, ou seja, de matéria orgânica, estatisticamente semelhantes ao valor mensurado na mata nativa da Área de Preservação Permanente localizada próxima ao experimento. A mata foi utilizada como comparativo por se aproximar do ambiente natural da região. Nela, o estoque de carbono encontrado é de 75 toneladas por hectare (ton/ha).

O maior acúmulo ocorreu na ILPF com espaçamento de 50 metros, com 70,4 ton/ha. Em seguida ficou a ILP, com 69,7 ton/ha. Embora a área de ILPF com espaçamento de 15 metros não tenha alcançado estoque similar ao da mata, já possui valores bem próximos, com 65,5 ton/ha.

“A literatura científica mostra que, de forma geral, o tempo necessário para que haja mudanças usando sistemas mais conservacionistas é de oito a dez anos e demora em torno de 20 anos para recuperar esse solo. Aqui demoramos apenas quatro anos para ter valores similares ao do ambiente natural”, destaca o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Eduardo Matos. Ele ressalta ainda que a área avaliada foi desmatada em 1984 e tem um histórico de cerca de 30 anos com agricultura em cultivo tradicional e semeadura direta antes da implantação dos sistemas integrados.

De acordo com Matos, a presença da braquiária no sistema produtivo ajuda a explicar a rapidez do processo de recuperação do estoque de carbono no solo: “A partir do momento em que o produtor faz a rotação de culturas, ele tem uma lavoura sendo adubada e na sequência, uma pastagem. Essa pastagem tem o potencial de recuperar boa parte dos nutrientes adicionados ao solo e que a lavoura não conseguiu utilizar. O capim aparece com vigor e capacidade de produção muito maiores. Assim obtém-se um volume de biomassa aportado muito maior, tanto na parte aérea da planta quanto em volume de raízes”.

Outro fator percebido é que a presença de árvores no sistema produtivo contribui para aumentar o estoque de carbono. A interação dos componentes e o fato de a árvore ter raízes ainda mais profundas que as braquiárias complementam o aporte de matéria orgânica. Porém, a presença de árvores em espaçamento mais estreito, reduzindo a entrada de luz, provoca o menor acúmulo de matéria orgânica. “A sombra é interessante? Sim. Mas deve haver um equilíbrio entre o excesso de sombra e a ausência dela”, destaca Matos.

Próximos passos da pesquisa

O acúmulo de carbono significa que o solo está com mais matéria orgânica. Essa condição contribui para a melhoria da estrutura do solo e de suas características físicas, químicas e microbiológicas. “A matéria orgânica está diretamente relacionada à capacidade de troca catiônica do solo (CTC). Se há mais matéria orgânica, ou maior CTC, a fertilidade do solo é maior, pois essa CTC irá reter mais nutrientes, disponibilizando-os para as plantas”, explica Eduardo Matos.

Outro benefício do maior estoque de carbono no solo é o aumento da capacidade de retenção de água, resultando em maior disponibilidade hídrica para as plantas.

Esses primeiros dados fazem parte da pesquisa de mestrado da estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Fernanda Gregolin. Outros dados e informações ainda serão gerados no âmbito da pesquisa coordenada por Eduardo Matos.

De acordo com o pesquisador, um dos objetivos da continuidade das avaliações é encontrar o ponto de equilíbrio da integração lavoura-pecuária-floresta. Assim como ocorre com a vegetação nativa, é esperado que o sistema chegará a um estágio em que o acúmulo de carbono no solo será igual à taxa de decomposição dessa matéria orgânica, que é emitida em forma de CO2.

“Assim como a mata tem um equilíbrio, todos os sistemas de produção tendem a se equilibrar. Quando eu mudo o sistema em um local, inicialmente ele muda toda a dinâmica de carbono. Após um tempo, tem-se um novo equilíbrio”, afirma.


05 abr 2017

Raio-X da Embrapa revela preservação do meio ambiente no campo

Uma matéria do Jornal da Band desta terça-feira (4) destacou a preocupação de produtores rurais com a preservação do meio ambiente. Eles têm investido em tecnologia e em reflorestamento para aumentar a produtividade no campo e ajudar a reduzir o desmatamento. Essa constatação foi possível graças a um raio-x das propriedades rurais realizado pela  Embrapa Monitoramento por Satélite utilizando dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que comprovou que os agricultores brasileiros estão preservando mais o meio ambiente.

“Desde 1975 a nossa área de cultivo continua a mesma, mas a produção aumentou quatro, cinco vezes com a incorporação de tecnologias. A gente cresce verticalmente e poupa terra. Tudo que a gente planta ocupa de 8 a 9% do nosso território”, afirma Evaristo de Miranda, pesquisador da Embrapa.

A matéria também destaca a recuperação de áreas degradadas por meio do plantio de árvores através do Projeto Biomas, parceria da Embrapa e CNA.

Saiba mais sobre esse raio-x, assista a matéria na íntegra:


14 mar 2017

Estudos e experimentos conduzidos na Embrapa avaliam efeitos do Sistema Plantio Direto na produção de hortaliças

Por Embrapa Hortaliças*

A tecnologia já dispõe de inúmeros relatos de resultados ligados ao seu uso no plantio de grãos, mas no quesito referente ao cultivo de hortaliças a literatura é escassa e os dados ainda pontuais e inconsistentes. Para suprir essa deficiência, estudos comparativos estão sendo desenvolvidos na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) com o objetivo de avaliar os impactos produzidos a partir da introdução do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em experimentos conduzidos nos campos experimentais da Unidade.

De acordo com o pesquisados Carlos Pacheco, da área de Solos e Nutrição de Plantas e que atua na mitigação e adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças climáticas, o uso ainda esparso da tecnologia pode ser explicado pelo pouco conhecimento por parte da cadeia produtiva, uma realidade que já vem sinalizando algumas mudanças.

“A partir da divulgação desses múltiplos resultados que estamos obtendo na Embrapa, e em outros órgãos que desenvolvem sistemas de produção sob plantio direto, já deu para perceber, pela demanda por informações, um aumento do interesse, recentemente reforçado pela questão da crise hídrica”, anota o pesquisador.

Segundo ele, há bem pouco tempo os benefícios do uso do SPDH estavam relacionados à conservação do solo. Atualmente, existe também o reconhecimento de que esse sistema é uma importante ferramenta de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E os números comprovam. “Resultados publicados pela equipe envolvida com o tema relatam o papel que o SPDH desempenha no incremento dos teores de carbono no solo, na redução das perdas de água e solo e na melhoria do microclima de cultivo, reduzindo a necessidade de uso da água para irrigação e a ocorrência de grandes variações de temperatura na superfície do solo”, destaca Pacheco.

Ele acrescenta que em um dos trabalhos, por exemplo, observou-se que a temperatura na superfície do solo cultivado com brócolis em SPDH esteve em torno de 4ºC menor que aquela registrada no sistema convencional. Segundo o pesquisador, essa diferença foi fundamental para a manutenção da temperatura dentro do limite máximo (30ºC), considerado ótimo para cultivo dessa hortaliça no SPDH.

O SPD é uma das tecnologias inseridas no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), do governo federal. “Nossos resultados mostraram claramente que o SPDH, após seis anos de uso, foi capaz de aumentar os níveis de carbono no solo. Esse aumento se deu tanto em frações da matéria orgânica, facilmente degradáveis, como nas de difícil degradação, o que nos leva a projetar um efeito positivo a longo prazo”.

GANHOS CONTABILIZADOS

Respostas a muitos dos experimentos que vêm sendo realizados na área da Embrapa Hortaliças já foram devidamente contabilizadas, a exemplo da medição do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), que quantifica os microrganismos do solo, conforme trabalho desenvolvido pela pesquisadora Mariana Fontenelle. No cômputo geral, o CBM manteve-se mais elevado no plantio direto quando comparado ao sistema de preparo convencional, o que representa uma rápida resposta, considerando-se apenas dois ciclos de cultivo de melão.

“Isso implica em uma melhoria na qualidade do solo, com incorporação de matéria orgânica e aumento na diversidade de microrganismos benéficos, traduzido em aumento na produtividade”, sintetiza Mariana.

 


13 mar 2017

SENAR Goiás divulga calendário de capacitações do ABC Cerrado

*Por SENAR/GO

 

 

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR Goiás) divulgou nesta segunda-feira (13/03), o calendário de capacitações do Projeto ABC Cerrado. Os treinamentos, com carga horária de 56 horas, são divididos em quatro módulos, sendo o primeiro com oito horas e os demais com 16. Os interessados podem entrar em contato com os mobilizadores em suas regiões. As vagas são limitadas e a chamada é para o primeiro semestre de 2017.

Projeto ABC Cerrado

Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC Cerrado difunde e incentiva a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade, com o objetivo de impulsionar a produtividade e renda, mantendo o meio ambiente preservado. O Senar é responsável pela formação profissional dos produtores nas tecnologias e pela assistência técnica e gerencial de propriedades rurais, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – administrados pelo Banco Mundial, que doou US$ 10,6 milhões para a execução do projeto.

Atualmente, o ABC Cerrado atende oito estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema plantio direto e florestas plantadas. Ao todo, 12 mil produtores rurais vão receber capacitação. Desse total, 1.600 propriedades – nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso do Sul – receberão, também, assistência técnica.

Confira o calendário das capacitações em Goiás 

Palmeiras de Goiás – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 03/04/2017
Mobilizador: Carlos Roberto Pereira Filho – (62) 99936-7465

Goiás – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 03/04/2017
Mobilizador: Cristiano Ramos Evangelista – (62) 99997-7707

Montes Claros de Goiás – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 04/04/2017
Mobilizador: Eleandro de Freitas Barros – (62) 99233-0863

Porangatu – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 06/04/2017
Mobilizador: Edson Divino Cardoso da Silva – (62) 99619-4244

Orizona – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 10/04/2017
Mobilizador: André Luiz Milhardes – (62) 99692-0196

Rio Verde – GO
Tecnologia: Sistema Plantio Direto
Data prevista: 10/04/2017
Mobilizador: Marcius Gracco Marconi Gonçalves – (19) 99786-1972

Itumbiara – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 12/04/2017
Mobilizador: Fernando Castro de Oliveira – (64) 99204-0367

Cachoeira Alta – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 13/04/2017
Mobilizador: Tacísio Nunes Tudéia – (22) 99815-0014

Jataí – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 14/04/2017
Mobilizador: Saulo Inácio Vieira – (62) 98227-1204

Mineiros – GO
Tecnologia: Sistema Plantio Direto
Data prevista: 15/04/2017
Mobilizador: Roberto Tosta França – (62) 99693-7151

Silvânia – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 17/04/2017
Mobilizador: Roberto Tosta França – (62) 99693-7151

Bom Jardim de Goiás – GO
Tecnologia: Integração Lavoura Pecuária Floresta
Data prevista: 24/04/2017
Mobilizador: Eleandro de Freitas Barros – (62) 99233-0863

Goianésia – GO
Tecnologia: Floresta Plantada
Data prevista: 02/05/2017
Mobilizador: Jeovane Antônio de Souza – (62) 99918-3522

Itapaci – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista:02/05/2017
Mobilizadora: Maria Letícia Vilela de Castro – (62) 99919-7711

Inhumas – GO
Tecnologia: Recuperação de pastagem degradada
Data prevista: 04/05/2017
Mobilizador: Robledo Soares Soyer – (62) 99678-6971

Conheça o projeto ABC Cerrado: http://www.senar.org.br/abcsenar/abc-cerrado/


13 mar 2017

Mapa inicia com IICA projeto de baixa emissão de carbono na pecuária

*Por Mapa

Projeto Pecuária de Baixa Emissão de Carbono terá abrangência nacional –  Foto: Silvio Ávila/Mapa

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lança neste mês o projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono: geração de valor na produção intensiva de carne e leite”. O projeto faz parte do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), que visa a organização e o planejamento para adoção de tecnologias de produção sustentável, respondendo aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no setor agropecuário.

O objetivo é disseminar tecnologias que reduzam não só emissões, mas que também estimulem o aproveitamento de resíduos, a gestão de recursos naturais, gerando renda para milhares de produtores. Baseado no projeto “Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono”, que no ano anterior ampliou em mais de 100% a contratação de crédito para tratar dejetos na produção de suínos, a ação do Mapa em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) se destina ainda a aumentar a contratação de crédito para investimentos na redução de impactos ambientais da atividade agropecuária.

O auditor fiscal federal agropecuário Sidney Medeiros, coordenador técnico disse que o projeto rendeu bom resultado ao Programa ABC. “o volume contratado para investimentos saltou de R$ 12,7 milhões (entre 2010 e meados de 2015) para R$ 25,6 milhões, em apenas 18 meses, além da implantação, manutenção e melhoria do tratamento de dejetos e de resíduos da produção animal para gerar biofertilizante, biogás e energia elétrica”.

Assim como na suinocultura, o projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono” terá abrangência nacional e contará com ações como o levantamento das tecnologias que reduzam emissão de carbono e proporcionem Produção Mais Limpa (P + L), além de estudos de viabilidade econômica e implantação de tecnologias. “Daremos acesso a práticas de adoção e expansão de área com sistemas sustentáveis de produção e que também melhorem a eficiência econômica, a fim de reduzir futuros impactos adversos no clima”, ressalta Medeiros. A tecnologia será levantada por consultores do IICA.

Cleandro Pazinato, médico veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestre em Ciências Veterinárias pela UFRGS, e Fabiano Coser, médico veterinário formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e mestre em Agronegócios pela Universidade de Brasília (UnB), estarão à frente dos estudos de aproveitamento econômico dos resíduos e do uso de biofertilizantes e biogás.

Rebanho brasileiro

O Brasil tem o maior rebanho comercial bovino do mundo, com 214 milhões de cabeças, tendo exportado, em 2015, o equivalente a US$ 5,9 bilhões. O país é o segundo maior produtor mundial de carne, segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), movimentando R$ 167,5 bilhões por ano e empregandp aproximadamente 7 milhões de trabalhadores.

A prioridade destinada à pecuária de corte e leite – esta última uma das mais importantes do complexo agroindustrial brasileiro, com produção de mais de 35 bilhões de litros – tem em vista exigências do mercado consumidor, importância da atividade para a geração de renda e de emprego e o potencial poluidor da atividade pecuária.

Plano ABC

O Plano ABC tem sete programas: Recuperação de Pastagens Degradadas; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFS); Sistema Plantio Direto (SPD); Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN); Florestas Plantadas; Tratamento de Dejetos Animais e Adaptação às Mudanças Climáticas.