08 jun 2017

Grupo gestor do Plano ABC conhece experiência de floresta plantada na Paraíba

*Por SENAR/PB

O Grupo Gestor do Plano de Agricultura de Baixo Carbono da Paraíba fez uma visita técnica na terça-feira (6/6) às propriedades Fazenda Santa Inês e Bela Vista, nos municípios de Mamanguape e Itapororoca, na Mata Norte do estado. Ao longo das visitas a equipe pode conhecer a prática de floresta plantada desenvolvida pelo produtor rural José Inácio de Moraes Andrade.

José Inácio tem 100 hectares de área de reflorestamento distribuídos entre cinco fazendas nos municípios de Pilões, Curral de Cima e Cuité de Mamanguape, além das duas que receberam a visita do grupo. São cultivados eucalipto, comercializado principalmente para as indústrias de cerâmica, e também o sabiá, para produção de estacas.

Área plantada com sabiá

“Minha atividade principal é a cana-de-açúcar, mas vi a chance de fazer floresta plantada buscando também diversificar minha produção visando também novas fontes de receita. Acredito que a agricultura tem que ser autossustentável, ambientalmente correta, socialmente justa, mas que venha também a gerar renda para o produtor, para que ele possa se sustentar no campo”, defende José Inácio.

Engenheiro agrônomo por formação e filho de produtores rurais, ele já está na atividade agrícola há cerca de 40 anos e tem investido em outras boas práticas de cultivo, como a rotação de culturas e proteção de matas ciliares.

José Inácio, produtor rural

O SENAR Paraíba e a Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba compõem o grupo gestor. Ele é coordenador pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (SEDAP), e conta ainda com representantes do Ministério da Agricultura, Embrapa, Asplan, Banco do Brasil, Emater e Emepa, entre outros. A assessora de programas especiais do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba(SENAR/PB), Vera Figueiredo, explicou que ações como a visita técnica compõem as ações iniciais do grupo na formalização de políticas locais de ABC.

“Foi uma experiência maravilhosa dentro do que a gente está tentando implantar no Estado. Estamos mapeando e identificando essas ações para a partir desse conhecimento poder contribuir com o produtor por meio da capacitação. Nós temos o desafio de conscientizá-lo sobre a importância desse tipo de agricultura, mas por outro lado ela precisa ter viabilidade econômica”, resume Vera.

Floresta plantada com eucalipto, ao lado área com cultivo rotacionado de cana. Terreno havia sido ocupado anteriormente com mamão

Além da floresta plantada, também são previstas pelo plano ABC a prática de fixação biológica de nitrogênio, plantio direto, integração lavoura pecuária floresta, recuperação de pastagens degradadas e tratamento de dejetos animais. Esta última, inclusive, já será objetivo da próxima visita técnica do grupo gestor, no mês de julho.

“Estamos numa fase inicial do plano, tendo em vista que ele foi ativado no Estado no final de 2015. O período seguinte foi de estruturação do plano a partir das premissas nacionais e agora saímos da sequência de reuniões para conhecer na in loco essas práticas. Isso traz para o grupo a possibilidade de passar isso à frente”, explicou o coordenador do Grupo Gestor do Plano ABC PB, Demilson Lemos de Araújo.

Hermes Ferreira e Vera Fernandes

Nesse período foram firmados quatro convênios com o Ministério da Agricultura para implantação de unidades demonstrativas e realização de dias de campo e seminários que auxiliem na divulgação e implantação dessas tecnologias. Segundo o chefe da divisão de política agrícola do ministério na Paraíba, Hermes Ferreira, já foram investidos R$ 750 mil reais nessas ações e a meta é expandir ao longo dos próximos anos.

“O projeto já está em andamento com pesquisas no agreste do Estado. No próximo semestre devemos entrar no sertão, já estão sendo escolhidas áreas para implantação de ILPF e plantio direto. Nos próximos dois anos ingressaremos no curimataú e cariri. O objetivo é fazer com que isso chegue ao produtor, seja ele pequeno, médio ou grande”, afirma Hermes Ferreira.


31 mai 2017

Embrapa e UFG criam banco de dados para a identificação e qualificação espacial das pastagens brasileiras

Por Embrapa Meio Ambiente*

Foto: Sandro Pereira

Em ação inédita no Brasil para levantar informações das pastagens brasileiras, uma missão da Embrapa e Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG) percorreu, entre os dias 3 e 19 de maio, um trecho de aproximadamente 4,3 mil km pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

O Percurso foi especialmente selecionado com base nas áreas de maior número de financiamentos concedidos pelo Plano ABC para a recuperação de pastagens e implantação de sistemas Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) nos últimos anos.

A equipe composta pelos analistas da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Sandro Marschhausen e Tadeu Lana, e do pesquisador associado Sergio Nogueira, do (Lapig). O grupo coletou dados temáticos sobre a distribuição espacial das pastagens, níveis de degradação e grau de integração com Sistemas ILPF, associadas às amostras de solo para análise de carbono. Os dados sobre as condições das pastagens coletados na viagem já compõem um banco de dados baseado na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) e, em breve, também estão disponibilizados em ferramenta Mobile de georreferenciamento que a Plataforma ABC lançará nos próximos dias.

Inicialmente o aplicativo será voltado para um grupo de especialistas da Embrapa e parceiros da Rede ILPF, que agrega as empresas Cocamar, Dow AgroScience, John Deere, Parker, Syngenta e a Embrapa. Pelo caráter colaborativo do software, baseado em sistema Android, os primeiros usuários técnicos continuarão a alimentar o banco de dados para uso comum. Utilizará estrutura orientada a objeto, onde toda ação ocorre em bases georreferenciadas, a partir do ponto de localização do usuário. Após a primeira fase, de validação, o aplicativo estará disponível para o público, como estudantes, profissionais da cadeia produtiva e produtores, dentre outros.

Essa é a primeira iniciativa da Embrapa, por meio da parceria da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Plataforma ABC), Rede de Fomento ILPF e Lapig/UFG, que é coordenado pelo professor Laerte Guimarães.

A recuperação de pastagens degradadas e Sistemas Integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF), são alternativas tecnológicas apoiadas pelo Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC) do Governo Federal e parte dos compromissos internacionalmente assumidos pelo Brasil perante a Organização das Nações Unidas (ONU) na COP 15 e revisadas em Paris na COP 21, para reduzir as emissões dos gases causadores do efeito estufa.
Conforme ressaltou o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e  coordenador da Plataforma ABC Celso Manzatto, a missão de realizar o mapeamento para indicar, por Estados da Federação, as áreas de pastagens degradadas e/ou com baixo potencial produtivo é um compromisso da Embrapa, expresso no Plano ABC.

Segundo ele, a Plataforma ABC já estabelece protocolos para monitoramento das áreas recuperadas e agora também associam metodologias de coleta em campo e sensoriamento remoto, visando maior agilidade e exatidão no levantamento. “Também buscamos construir parcerias sólidas junto às instituições e grupos privados, na busca de intensificarmos os esforços na identificação e caracterização do nível de degradação das pastagens,” disse Manzatto.

Paralelamente, o Lapig tem compilado e gerado uma série de dados históricos sobre as pastagens brasileiras, que servem de apoio aos estudos do Observatório ABC da Fundação Getúlio Vargas – FGV e o Centro Estudos em Agronegócio – GVAgro, onde a parceria com a Plataforma ABC e Embrapa pretendem validar a sistematização do protocolo de coleta de dados proposto pela Rede ILPF, automatizar os procedimentos de campo para a caracterização das pastagens, nível de degradação e a identificação e qualificação dos sistemas ILPF adotados pelos produtores rurais no Brasil.

Este esforço marca o início da estratégia da Plataforma ABC em trabalhar de forma multi-institucional,  aperfeiçoando o uso dos recursos financeiros para a realização de validações de campo em larga escala.

Neste sentido, o levantamento de sequestro de carbono em solo de pastagens, com diferentes níveis de degradação dá continuidade à inciativa da própria Embrapa, como uma base de dados inédita e disponível gratuitamente, para os diversos parceiros públicos e privados, interessados no tema.

Ainda segundo Manzatto, que também integra a  Rede de Fomento ILPF, não é possível realizar estimativas de carbono e redução das emissões de Gás Efeito Estufa (GEE), enquanto base de políticas públicas, sem um intenso esforço entre parceiros público-privados.

Esse é um dos principais objetivos da Plataforma, que nasceu multidisciplinar justamente para abrigar diversos atores e suas expertises, ante aos grandes desafios propostos na sua missão.

Conforme ele, para cobrir as dimensões territoriais brasileiras, tem sido vital a especialidade dos profissionais da Plataforma em técnicas de processamento e análise de dados de sensoriamento remoto.

Banco de dados sobre uso da terra
É Objetivo da Plataforma ABC estabelecer um grande banco de dados de acesso livre, política adotada também pelo Lapig, em relação ao uso da terra.

A estratégia visa disponibilizar uma ferramenta com capacidade de apoiar as pesquisas e diminuir os custos de estudos sobre o mapeamento e a dinâmica de uso das terras. O banco permitirá correlacionar os dados coletados em campo, etapa mais dispendiosa de recursos destes estudos, com imagens de satélite,  potencializando a detecção de pastagens degradadas e sua relação com estoques de carbono, demanda que precisa ser quantificada de maneira mais exata em todo território nacional.

Para exemplificar a importância da captação e geração de dados dos sistemas produtivos nacionais de modo mais robusto, o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) Eduardo Assad,  recorda o recente exemplo ocorrido  no levantamento de dados sobre adoção de ILPF no Brasil.

Conforme Assad, o papel da Embrapa na geração de dados desse tipo é de fundamental importância para o posicionamento estratégico do Brasil frente ao mercado consumidor internacional.  “Especialmente no momento em que o Governo Federal estimula a inciativa privada a juntar esforços para o estabelecimento de programas de “compliance” – um conjunto de práticas destinadas ao cumprimento de normas governamentais ou do setor privado, visando comprovar  a qualidade e a sustentabilidade ambiental  da produção agropecuária nacional,” finalizou.


19 mai 2017

Estudos apontam gargalos para avanço da agricultura de baixo carbono no Brasil

Por Observatório ABC*

No próximo dia 30/05, às 14h30, o Observatório ABC lançará dois estudos realizados para analisar a situação do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Criado em 2010, o Programa consiste em uma linha de crédito para dar condições para o produtor rural desenvolver sua atividade com menos impacto ambiental e ajudar o Brasil a cumprir suas metas de redução de emissões de carbono no setor agropecuário. Realizado na Fundação Getúlio Vargas, o evento contará com abertura do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, coordenador do GVAgro.

“Alguns especialistas tinham uma percepção de que, pela quantidade de áreas degradadas existentes no Brasil, haveria demanda para investimentos robustos à adoção de tecnologias de baixo uso de carbono. Além disso, o Programa ABC passou por avanços nos últimos anos. Mas, estas informações não se confirmaram na prática, o que fez o programa se enfraquecer e perder recursos que poderiam potencializar a redução de emissões no Brasil”, afirma Angelo Gurgel, coordenador do Observatório do Plano ABC.

Na ocasião, o engenheiro agrônomo e doutor em economia aplicada Alexandre Mendonça de Barros, diretor-sócio da MB Agro, apresentará o estudo que verificou as causas do baixo uso de crédito no Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) pelos agricultores e o critério de seleção das áreas prioritárias. No geral, o estudo constatou que não há restrição de oferta, mas sim de demanda por parte dos produtores nas áreas consideradas prioritárias pelo Programa no Norte e Nordeste (Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins).

Em seguida, será destacado um estudo de caso realizado em Alta Floresta (MT), que analisou alguns dos fatores que impactam no desempenho do Programa, considerando o ponto de vista de seu público-alvo: os produtores rurais. O objetivo principal foi identificar e entender os desafios e restrições percebidos por eles no processo de contratação dessa linha de crédito.

O evento contará com o encerramento de Eumar Novacki, secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Lançamento de estudos do Observatório ABC

Data: 30 de maio de 2017, das 14h30 às 17h30

Local: FGV EESP – Rua Itapeva, 474 – 6º andar – Bela Vista – São Paulo

Mais informações: gvagro@fgv.br

Sobre o Observatório ABC

O Observatório ABC é uma iniciativa voltada a engajar a sociedade no debate sobre a agricultura de baixo carbono, em atividade desde 2013. Coordenado pelo Centro de Estudo de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (GVAgro) e desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVces), tem como foco a implementação do Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), o qual é composto por um conjunto de ações voltadas a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na produção agropecuária, com metas estabelecidas até 2020 e parte da Política Nacional de Mudanças Climáticas e dos compromissos assumidos pelo Brasil na 15ª Conferência das Partes (COP-15), da Convenção do Clima.

O Observatório ABC monitora as ações do Plano e do Programa ABC desenvolvendo estudos técnicos para subsidiar e facilitar o diálogo com stakeholders. Até 2015, foram publicados sete estudos que avaliam a adesão da agricultura de baixo carbono no país, com análises sobre o financiamento do Programa ABC. Outro destaque é o documento com propostas para a revisão do Plano ABC, produzido a partir de consulta a diversas entidades da sociedade civil e entregue, em 2015, a ministros do governo federal.

Além dessas publicações e da promoção de discussões, especialmente sobre os esforços de diferentes setores da sociedade brasileira na transição para uma agricultura de baixo carbono, o Observatório ABC conta com uma plataforma digital como a principal ferramenta de comunicação da iniciativa, voltada a mobilizar o público por meio da produção e troca de dados e informações, estimulando, assim, a transparência e facilitando o acesso a esse tema.


10 mai 2017

ABC Cerrado avança na segunda fase

*Por SENAR Brasil

 

O Projeto ABC Cerrado avançou consideravelmente na segunda fase. Já são 83 turmas em andamento nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí e Tocantins desde abril deste ano quando começaram as capacitações dessa etapa. Além do treinamento em quatro tecnologias de baixa emissão de carbono (Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, Sistema Plantio Direto e Florestas Plantadas), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) leva Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) aos produtores que participam do projeto.

O ABC Cerrado é uma parceria do SENAR com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, com recursos do Banco Mundial, que incentiva a produção agrícola sustentável, focando no aumento da oferta de alimentos, diversificação da atividade rural para geração de renda e preservação ambiental.

O produtor Juarez Noleto, de Porangatu, em Goiás, fez a capacitação em Recuperação de Pastagens Degradadas e agora está recebendo assistência técnica. Ele, que produz gado de leite e de corte, conta que não conhecia o trabalho do SENAR, mas que depois de ver os resultados posteriores à capacitação, planeja fazer outros cursos da entidade. “Já temos resultados positivos na propriedade e a pastagem já apresenta qualidade diferenciada. O curso clareou minhas ideias e a assistência técnica está fazendo a diferença para nós. Tanto é que quero fazer outras capacitações nessa mesma linha e levar os resultados positivos para outra propriedade que tenho no município também”, comemora.

Produtor já colhe resultados com o ABC Cerrado.

Em Goiás, o SENAR capacitou 427 produtores na fase I do ABC Cerrado e atendeu 300 com Assistência Técnica e Gerencial. Atualmente está com sete turmas em andamento e a tecnologia mais procurada é a Recuperação de Pastagens Degradadas, seguida de iLPF. “O produtor que participa vê o ABC Cerrado como algo inovador que abre inúmeras possibilidades de alavancar seu negócio”, destaca o gestor do projeto em Goiás, Douglas Vila Verde. “E com a ATeG, o produtor terá mais informações a respeito das tecnologias ABC e poderá definir seu planejamento e escolher o momento correto para fazer o investimento na propriedade”, frisa.

O coordenador do ABC Cerrado no SENAR, Mateus Tavares, acompanhou esta semana, o segundo módulo de Recuperação de Pastagens Degradadas em Porangatu. Tavares avalia que o resultado da segunda fase do projeto, que começou pelas capacitações, está indo muito bem. “Vemos que os resultados positivos da primeira fase serviram de motivação para os produtores que se inscreveram nesta nova etapa. À medida que o ABC Cerrado é executado, mais produtores tomam conhecimento e se interessam pelo Projeto”, comemora. “A expectativa é que tenhamos mais produtores sendo capacitados e recebendo a Assistência Técnica e Gerencial e com resultados tão bons quanto os que estamos observando,” concluiu.

As visitas aos treinamentos continuam em Goiás até o fim da semana. O coordenador do ABC Cerrado segue agora para Rio Verde. No final do mês, será a vez de visitar as turmas do Maranhão.


18 abr 2017

Novo diagnóstico avalia o manejo do solo no sistema plantio direto

Por Embrapa Solos*

A Rede de Pesquisa SoloVivo busca desenvolver ferramentas para a avaliação do sistema plantio direto em propriedades rurais e microbacias hidrográficas. Seguindo este caminho seus pesquisadores desenvolveram um novo método para a avaliação do manejo em plantio direto: o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES).

“O DRES é uma proposta metodológica simples e audaciosa”, conta a pesquisadora Alba Leonor Martins, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ). “Ela é simples porque é de fácil compreensão e audaciosa porque a equipe da Rede de Pesquisa SoloVivo estudou praticamente todo o material que existe nos livros sobre a estrutura do solo”.

O diagnóstico é uma ferramenta de transferência de tecnologia em manejo do solo viável, rápida e sensível às alterações induzidas pelo manejo. Foram estudados em campo métodos em diferentes situações, na tentativa de interpretar o manejo do solo e observar se esses métodos refletiam na prática o que acontecia com o solo.

Concluiu-se que para avaliação do manejo com plantio direto a partir da estrutura do solo, seria necessário um olhar diferenciado, ou seja, uma adaptação baseada em procedimentos adotados em outras técnicas, como a Avaliação Visual da Estrutura do Solo (VESS, da sigla em inglês), o Método do Perfil Cultural (1960) e o próprio Manual de descrição e coleta de solo no campo da Embrapa.

Como funciona

O DRES qualifica a estrutura da camada superficial do solo baseado nas condições gerais da gleba avaliada, relativas à conservação ou degradação do solo e em características detectadas visualmente em amostras dos primeiros 25 cm do solo. São observados: tamanho e forma dos agregados e torrões, presença ou não de feições de compactação ou outra modalidade de degradação do solo, forma e orientação das fissuras, rugosidade das faces de ruptura, resistência à ruptura, distribuição e aspecto do sistema radicular e de evidências de atividade biológica. A partir desses critérios, atribui-se uma pontuação de 1 a 6, onde a maior nota significa a melhor condição da estrutura.

Próximos passos

A equipe continua o trabalho para consolidar a validação do método que já foi testado em experimentos de longa duração da Embrapa, e também junto aos produtores nas microbacias estudadas pela Rede de Pesquisa SoloVivo, relacionando o DRES com a infiltração da água no solo, enzimas, fertilidade, densidade entre outros indicadores de qualidade do solo. A ideia é favorecer a identificação de manejos mais adequados em longo prazo.

“A aceitação tem sido boa”, revela Alba. ”Técnicos de cooperativas do Paraná e Mato Grosso do Sul foram capacitados e já pedem novos cursos”.

O DRES é fruto de um trabalho em equipe que envolve a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP), a Embrapa Solos, Embrapa Soja (Londrina-PR), Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS) e Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), com apoio da Itaipu Binacional.

Ainda em 2017 será editada uma publicação técnica sobre o DRES, pretende-se também produzir vídeos que orientarão o passo a passo do diagnóstico.