08 jul 2015

ARTIGO: Bem-estar animal e agregação de valor

*Por Fabiana Villa Alves, pesquisadora Embrapa Gado de Corte

Fabiana Villa Alves

Bem-estar animal é a forma como o animal lida com o seu entorno, e aqui estão incluídos sentimentos e comportamento

Várias, hoje, são as definições para o termo “bem-estar animal”, aplicáveis a todos os tipos de animais, dos silvestres aos de cativeiro, passando pelos de companhia, os de produção e de experimentação. Embasado nas preocupações sobre o modo como os animais vivem e são criados, o conceito ganhou força devido a dois fatores: de um lado, as questões morais, éticas e religiosas, ligadas ao respeito aos animais, que se sobressaíram em alguns âmbitos; do outro, questões técnico-comerciais, ligadas ao sistema produtivo e à qualidade final do produto.

Para a Organização Mundial de Saúde Animal, bem-estar animal é a forma como o animal lida com o seu entorno, e aqui estão incluídos sentimentos e comportamento. Para animais de produção, assume-se que há boas condições de bem-estar quando são atendidas as “cinco liberdades”, que procuram incorporar e relacionar padrões mínimos de qualidade de vida para os animais como: i) livres de fome, sede e má nutrição; ii) livres de dor, lesão e doença; iii) livres de medo e angústia; iv) livres de desconforto; e v) livres para manifestar o padrão comportamental da espécie.

No âmbito dos sistemas agroalimentares, a necessidade de remodelação dos modelos produtivos vigentes, com particular foco nos impactos gerados ao ambiente, fez com que o tema “bem-estar” emergisse, nos últimos anos, com grande força nos vários elos da cadeia. A aplicação dos princípios das “cinco liberdades” possibilitou saltos qualitativos em relação: aos sistemas de criação, com adequações do espaço mínimo disponível por animal, fornecimento de dietas balanceadas e disponibilidade de sombra em sistemas extensivos; ao transporte com embarque sem estresse e em veículos apropriados, determinação de tempo e distância máximos, sem interrupção, até o abatedouro e ao abate, sem sofrimento, com atordoamento eficaz.

Exemplo prático da importância do bem-estar animal para a cadeia produtiva de carnes é a possibilidade de exploração e atendimento de mercados consumidores mais exigentes, interessados na chamada “grass-fed beef” (carne produzida sobre pastagens), em que é condição sine qua non tornar tangível (qualidade final do produto) o intangível (bem-estar). Este tipo de produto com qualidades particulares é oriundo, na sua maioria, de regiões tropicais. Sua produção, portanto, deve imprescindivelmente prever práticas de manejo que visem à proteção contra a intensa radiação solar, com vistas ao bem-estar animal. Isto porque, conforme o nível de interação “intensidade de radiação solar x nível de adaptação ao calor do animal”, verifica-se maior ou menor estresse nos animais, com empobrecimento de seu bem-estar e prejuízos ao desempenho.

De fato, animais submetidos ao estresse por calor diminuem o consumo de forragem e aumentam o de água, elevam a frequência respiratória, batimentos cardíacos e taxa de sudação, tornam-se irrequietos ou ficam deitados por longos períodos, entre outros sintomas.

Destaque tem sido dado aos sistemas de produção multifuncionais (integração-lavoura-pecuária-floresta, ou ILPF), que além de possibilitarem a recuperação de áreas e pastagens degradadas, com baixa produtividade, proporcionam benefícios diretos e indiretos aos animais, como o fornecimento de sombra e melhoria das condições microclimáticas e ambientais. Tais aspectos incidem positivamente no bem-estar dos animais e o jargão “colocar o boi na sombra” – usado na bolsa de valores quando o investidor ganha muito dinheiro em uma operação, ao ponto de não precisar mais trabalhar – passa a ser também sinônimo de produto final diferenciado.

Pesquisas conduzidas pela Embrapa demonstram que segundo o tipo de árvore (nativa e exótica) e o arranjo utilizado (linha simples, dupla ou tripla) tem-se diminuição de 2°C a 8°C na temperatura ambiente dos sistemas ILPF, em relação a pastagens sem árvores. Como resultados diretos do conforto térmico oferecido melhoram-se os índices produtivos (ganho de peso, produção de leite) e reprodutivos (menor incidência de abortos, aumento nos índices de fertilidade, maior peso ao nascer).

Somadas, as melhorias aportadas pelos sistemas ILPF à ambiência e ao bem-estar animal, cooperam para o seu fortalecimento como ferramenta na otimização do diferencial da bovinocultura brasileira – rebanhos à pasto – e auxiliam na sua consolidação como sustentável no cenário mundial. É verdade, porém, que o conceito “bem-estar” apresenta escalas de valores que variam em função das diferentes óticas éticas, temporais, culturais, socioeconômicas. Mas, não se pode negar que é um caminho sem volta.

Nesse contexto, o bem-estar animal, junto a temas como responsabilidade ambiental, sustentabilidade, segurança alimentar e biodiversidade, ganha destaque, e deixa de ocupar um espaço “filosófico”, embasado na ética pessoal, para se tornar aspecto prático, quantificável e aplicável, passível de ser valorado.


08 jul 2015

Satélites e drones ajudam a monitorar sistemas de ILPF

* Da Embrapa Monitoramento por Satélite

GeoEye
Imagem do satélite GeoEye de áreas com ILPF em Tomé-Açu, PA.

Técnicas inovadoras baseadas em satélites, drones e lasers aerotransportados são as mais recentes ferramentas utilizadas pela ciência para monitorar a implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Cientistas exploram o potencial dessas tecnologias a fim de gerar informações estratégicas para o planejamento, manejo e identificação de novas áreas para a implantação de ILPF, em diferentes escalas. As aplicações vão desde o monitoramento das condições e do desempenho dos cultivos até estimativas de biomassa (quantidade de vegetação) e carbono estocado pelos sistemas.

Os métodos utilizados são semelhantes àqueles empregados para mapear e monitorar as pastagens, culturas agrícolas e florestas de forma isolada. O desafio, no caso da ILPF, é que essas atividades estão concentradas numa mesma área, tornando a análise dos dados mais complexa. De acordo com o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite (SP) Édson Bolfe, especialista na área de geoprocessamento e sensoriamento remoto, as geotecnologias têm evoluído rapidamente. Novos satélites estão permitindo a identificação em detalhe de componentes minerais de solo e de características da vegetação até então inviáveis de serem observados por métodos tradicionais.

“A tendência é que novos sensores ofereçam um maior número de bandas espectrais e possibilitem a extração de informações importantes para a agricultura, com custos cada vez menores”, explica. Ele ressalta ainda a possibilidade de obtenção de imagens por sensores aerotransportados, especialmente os drones ou veículos aéreos não tripulados (Vants). O monitoramento de sistemas de ILPF é uma das linhas prioritárias de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Embrapa, vinculada ao portfólio de projetos de monitoramento da dinâmica de uso e cobertura da terra.

Carbono estocado

Pesquisas conduzidas pela Embrapa estão aplicando geotecnologias para quantificar a biomassa e o carbono de sistemas de ILPF. O estabelecimento de metodologias de cálculo de carbono será importante para contabilizar e monitorar a redução das emissões de gases de efeito estufa alcançada pelo País a partir da adoção do sistema ILPF. A iniciativa é uma das ações previstas pelo projeto GeoSaltus, componente da rede de pesquisa Saltus, da Embrapa, que estuda a dinâmica da emissão de gases de efeito estufa e dos estoques de carbono em florestas naturais e plantadas.

O ILPF representa uma alternativa para a agricultura sustentável. Além de contribuir para a recuperação de áreas degradadas e a conservação do solo, tem grande potencial para a fixação do carbono e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, ao manter pastos cobertos de vegetação de boa qualidade, plantio de florestas comerciais entre outras práticas sustentáveis. Um dos compromissos previstos no Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é o incentivo à adoção de sistemas de ILPF. A meta, até 2020, é de implantar quatro milhões de hectares destes sistemas e atingir um potencial de mitigação em torno de 20 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Mg CO2 eq).

Estudos sobre estoque de carbono, realizados em sistemas agroflorestais da região de Tomé-Açu (PA), chegaram a resultados obtidos por meio de sensoriamento remoto muito próximos aos medidos in loco. Foram considerados sistemas de integração lavoura-floresta de diferentes idades e tipos de vegetação e cultura, e gerados mapas de biomassa e de carbono para cada um dos sistemas conduzidos pelos agricultores. De acordo com Édson Bolfe, os resultados obtidos permitem gerar metodologias eficazes para o mapeamento de sistemas ILPF e a estimativa do carbono fixado na biomassa e, dessa forma, extrapolar medições locais para análises regionais.

Além de imagens de satélite, estão sendo utilizados dados LiDAR (Light Detection and Ranging) para medir o estoque de carbono. Trata-se de um sistema laser embarcado em aviões convencionais que permite avaliar detalhadamente a área de estudo, fornecendo informações da superfície do terreno e também da estrutura da vegetação, e analisar a quantidade de biomassa.

O conhecimento sobre esta tecnologia na Embrapa tem avançado a partir da cooperação técnica estabelecida com o Serviço Florestal Americano para o programa de pesquisa Paisagens Sustentáveis, da Embrapa, que tem compartilhado técnicas e dados LiDAR com foco na contribuição para inventários de emissões de gases de efeito estufa.

Milhões de hectares para expansão da ILPF

A conversão de pastagens degradadas para ILPF é uma das estratégias apontadas pelo Programa ABC para a recuperação dessas áreas e a promoção da sustentabilidade na agricultura. As iniciativas, no entanto, encontram dificuldades de implantação, entre outros motivos, devido à falta de informações atualizadas e detalhadas sobre a localização dessas áreas – dados fundamentais para a implantação de políticas públicas para o setor.

As imagens de satélite também estão contribuindo para o mapeamento de áreas potenciais para a implantação de sistemas de ILPF, como as de pastagens degradadas. Estudo desenvolvido pela Embrapa Monitoramento por Satélite no âmbito do projeto de pesquisa GeoDegrade mostrou que, num cenário considerado realista, mais da metade das pastagens localizadas no Cerrado brasileiro podem estar em algum estágio de degradação. São 32 milhões de hectares em que a qualidade do pasto está abaixo do esperado.

O mapeamento da Embrapa utilizou imagens do satélite Spot Vegetation e aplicou um coeficiente denominado Slope para identificar a ocorrência de pastagens com algum processo de degradação. O coeficiente foi utilizado como um ponto de corte ou referência para a definição de três cenários: muito otimista, otimista e realista. O mapeamento pode auxiliar, por exemplo, no direcionamento de recursos e na orientação de iniciativas de recuperação em regiões prioritárias. “Diante das dimensões do território brasileiro e das diferenças regionais, o desafio é chegar a números cada vez mais precisos. O uso de geotecnologias é uma estratégia fundamental para traçar um mapa das condições das pastagens”, ressalta Bolfe.

Os mapas das pastagens degradadas do Cerrado podem ser acessados na internet por meio do SOMABRASIL.

Congresso Mundial sobre ILPF

De 12 a 17 de julho, Brasília vai sediar o Congresso Mundial sobre Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta. Os maiores especialistas do mundo em intensificação sustentável se reunirão para apresentar trabalhos científicos e debater questões como aumento da produção mundial de alimentos, mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental. Mais informações em:

http://www.wcclf2015.com.br/?lang=pt


06 jul 2015

Crédito rural teve 89,4% dos recursos contratados

*Do Ministério da Agricultura

Stacks of Coins --- Image by © Matthias Kulka/Corbis

Empréstimos foram feitos no período de julho de 2014 a maio deste ano e somam R$ 139,5 bilhões

A contratação de recursos do crédito rural para a agricultura empresarial, destinados às operações de custeio, investimento e comercialização, alcançou R$ 139,5 bilhões, de julho de 2014 a maio deste ano. O montante corresponde a 89,4% do total programado para a safra 2014/2015, de R$ 156 bilhões. O valor consta no Plano Agrícola e Pecuário (PAP) anunciado em maio do ano passado pelo governo federal.

O Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) respondeu por R$ 2,9 bilhões, de um total disponibilizado de R$ 4,5 bilhões.

Confira AQUI a tabela da contratação do crédito rural da safra 2014/2015

* Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Agricultura
(61) 3218-2203
Inez De Podestà
inez.podesta@agricultura.gov.br


03 jul 2015

Missão Mato Grosso: Equipe do projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono percorreu o Estado para pesquisar modelos com foco na produção sustentável de suínos

*Assessoria de Imprensa – Suínos ABC

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A equipe realizou durante toda esta semana, 29 de junho até 03 de julho, visitas técnicas em propriedades e empresas que trabalham com sistemas sustentáveis de produção de suínos em um dos estados referências no agronegócio brasileiro, Mato Grosso. Os consultores passaram por municípios e fazendas nos arredores de Vera, Sorriso, Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde e Tapurah para pesquisar e conhecer de perto os diferentes meios de utilização do biogás, compostagem e o aproveitamento e alternativas dos dejetos animais. Ao todo, foram visitadas cinco propriedades que apresentam casos exitosos nesse processo.

Acompanhe durante este mês, no boletim informativo da Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono, as notícias desta missão, que abordarão temas como a estrutura das propriedades, entrevistas, os meios e as tecnologias utilizadas pelas fazendas voltadas para a suinocultura e a sustentabilidade no estado.

A primeira visita dos consultores foi a Nutribras Alimentos, no município de Vera. A empresa se destaca no estado do Mato Grosso pela utilização de biodigestores para manejo de efluentes e na produção de suínos em sistema autossustentável. A Nutribras possui 15 biodigestores que são 100% utilizados. Ao todo, são gerados 600 Kwa em quatro geradores, com sete quilômetros de gasoduto, produzindo 70 até 80% de energia via biogás. Atualmente, fazem o abate de 1.350 cabeças por dia. Ao todo, são 180 funcionários dedicados especialmente para o trabalho com os suínos. A Nutribras conta também com 14 mil matrizes em duas Unidades de Produção de Leitão (UPL) e planejam a ampliação para 17 mil matrizes.

No segundo dia, os consultores visitaram a BRF, em Lucas do Rio Verde, e por meio desse encontro tiveram a oportunidade de conhecer quatro propriedades integradas à empresa: Seis Amigos (Tapurah), Toledo (Tapurah), São Roque e a Mano Júlio (Ipiranga do Norte).

A Fazenda Seis Amigos possui uma área de 1.374 hectares e contempla 13.500 matrizes. Em 2014, alcançou a marca de 353.975 leitões viáveis entregues. Todo o dejeto suíno produzido na propriedade passa pelos biodigestores antes de ir até a lavoura. A fazenda também se destaca na suinocultura por distribuir 100% dos dejetos nas pastagens por meio da fertirrigação com malhas ou com aparelhos auto propelidos e os proprietários praticamente não utilizam adubação química.

A Fazenda Toledo foi o cenário visitado pela equipe no terceiro dia da missão (quarta-feira), 1º de julho. A propriedade possui, entre as tecnologias disponíveis, uma fábrica de farinha de carne e biodiesel oriundos de frangos e suínos mortos durante a produção. O processo é feito com o aproveitamento do biogás que é rico em metano e queimado no processo de aquecimento da caldeira. A farinha depois de prensada vira matéria-prima para ração animal, como exemplo, ração de peixe. É uma matéria nobre com 65 a 70% de proteína e 10 a 11% de gordura.

Nos dois últimos dias de visitas os consultores foram às fazendas São Roque e Mano Júlio. A São Roque utiliza o biofertilizante para as pastagens em sistema de pastejo rotacionado na bovinocultura de corte.

A fazenda Mano Júlio é referência em sustentabilidade na agricultura (soja, milho e algodão), avicultura, bovinocultura (gado de corte e leite) e suinocultura. São 35.000 hectares de soja e 490 hectares irrigados por meio de pivô central. Na suinocultura, são 23 núcleos de terminação (300 mil cabeças por ano), quatro motores de geração de energia e sete carretéis de fertilização. A produção de leitões conta com 18 mil matrizes e 500 mil leitões por ano. A fazenda tem 210 funcionários dedicados à suinocultura. Todo o trabalho e a produção da fazenda Mano Júlio são integrados em um sistema linear voltado para a sustentabilidade ambiental: reaproveitamento dos dejetos animais, biodigestores, produção de biofertilizantes, fertirrigação e preservação de APP’s.

Sobre o Projeto
O Projeto Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono, coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), tem o intuito de, ao longo de um ano, avaliar e disseminar alternativas economicamente viáveis para o tratamento de dejetos na suinocultura, tecnologia esta preconizada pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC). Para tanto, serão realizados levantamentos no Brasil e no exterior de modelos de tratamento, seguidos da avaliação econômica de cada um deles. Os modelos viáveis serão difundidos pelo Projeto por meio de Workshops nas principais regiões produtoras do Brasil.

*Assessoria de Imprensa – Suínos ABC
Texto: Bruno Saviotti
(61) 8598-6889
imprensasuinosABC@gmail.com
Coordenação de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos – CMSP
Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade – DEPROS
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo – SDC
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
Fone: (61)3218.2920 / Fax: (61)3223.5350


26 jun 2015

Projeto debate custos de produção e rentabilidade da silvicultura em MS

* Do G1

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Projeto Campo Futuro debateu nesta segunda-feira (22/6), em Campo Grande, os custos de produção e a rentabilidade da silvicultura em Mato Grosso do Sul. A Iniciativa é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Federação de Agricultura e Pecuária do estado (Famasul), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).

O projeto alia a capacitação do produtor rural à geração de informação para a administração de riscos de preços, de custos e de produção na propriedade rural, resultando na criação de painéis com informações oficiais sobre os municípios e estados. Estes painéis têm objetivo de levantar informações sobre os custos de produção e a viabilidade financeira das atividades produtivas desenvolvidas na propriedade rural, permitindo assim orientar produtores rurais sobre o gerenciamento de riscos no preço das culturas e utilização do seguro rural.

O painel foi coordenado pelo professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV e diretor geral da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), Sebastião Renato Valverde. De acordo com ele, um diagnóstico realizado há dois anos no estado, identificou que os produtores de eucalipto que alcançassem uma produtividade 35 metros cúbicos por hectare/ano e comercializassem a madeira por R$ 50 o metro cúbico, teriam um lucro médio de R$ 4 por metro cúbico.

“Considerando o diagnóstico realizado em 2015, comparado com o que realizamos em 2013, percebemos alterações consideráveis nos custos, já que tivemos aumento do salário mínimo, do óleo diesel, dos insumos agrícolas e da energia elétrica. Estes fatores influenciam diretamente na lucratividade dos pequenos e médios produtores florestais, inclusive inviabilizando a atividade. Estes empresários precisam de apoio para se organizarem em grupos, para competirem em volume de produção e preços com as grandes empresas”, analisou.

O engenheiro florestal e consultor, Celso Luiz Medeiros Lima, concorda com as considerações de Valverde e acredita que o primeiro passo a ser tomado é a criação de uma associação. “Temos que nos unir organizadamente para estimular os pequenos produtores a continuar a produção. O sistema de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF) abriu espaço aqui em Mato Grosso do Sul e pode impulsionar outras regiões, além do eixo Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas”, considerou.