27 jul 2016

ILP recupera pastagens em regiões com escassez de água

Por Embrapa Algodão*

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Recuperar pastagens degradadas mesmo em regiões em que há pouca disponibilidade de água é possível por meio da integração de plantações com a criação animal. Foi o que demonstrou pesquisa realizada pela Embrapa Algodão (PB) na região do Semiárido que testou a integração lavoura-pecuária (ILP). Além de recuperar o campo, os experimentos aumentaram a produtividade de milho ao associá-lo ao plantio de gramíneas as quais comporão a pastagem.

A adoção da prática também mostrou ter forte impacto na preservação da Caatinga. “Hoje o produtor do Semiárido, quando tem uma pastagem degradada, a abandona e vai para outra área porque custa caro recuperar”, observa o coordenador do projeto, João Henrique Zonta, pesquisador da Embrapa Algodão. Essa prática ainda é comum no Brasil, principalmente na região Nordeste, onde a metade dos estabelecimentos agropecuários não utiliza nenhum tipo de prática conservacionista. O resultado são solos degradados e ameaçados de desertificação. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, 15% da área da Caatinga dá sinais extremos de degradação, são os chamados Núcleos de Desertificação.

Segundo o pesquisador, o cultivo de milho consorciado com gramíneas forrageiras para a ILP é uma alternativa para a recuperação de pastagens e de solos degradados e formação de palhada para o plantio direto (SPD) na região do Agreste, área da região Nordeste localizada na faixa de transição entre a Zona da Mata (litoral) e o Sertão, que se estende pelos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, com precipitação média anual de 844 mm, porém com constantes e prolongados períodos de estiagem.

Mais safras

“O plantio convencional permite ao produtor do Semiárido obter no máximo uma safra. Nesse sistema, vamos conseguir pelo menos duas: o grão e a matéria verde para o plantio direto ou para alimentar o gado. Assim há um melhor uso da terra, porque em vez de uma safra, teremos duas, com o mesmo recurso e melhor aproveitamento da água da chuva”, compara. “Aqui onde ocorre pouca chuva, quanto mais água você conseguir transformar em massa verde, melhor”, acrescenta.

Além de permitir ao produtor duas safras por ano na região Semiárida, a ILP melhora a fertilidade do solo, pois aumenta a quantidade de matéria orgânica, a infiltração e retenção de água no solo, permite a ciclagem de nutrientes e ainda o protege da erosão. Outro benefício observado pelo pesquisador é que as plantas de cobertura “afofam” o solo para culturas posteriores.

Os experimentos com plantio direto foram instalados em 2010 e com ILP em 2014, na área experimental da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), no município paraibano de Lagoa Seca. “Nós escolhemos essa área porque ela tinha algumas características típicas do solo do Semiárido como declividade acentuada, problema de erosão, pouquíssima presença de matéria orgânica, solo arenoso, raso, mas uma área que se pode manejar tranquilamente com técnicas de conservação”, relata o pesquisador.

Zonta explica que, para o produtor que já cultiva o milho no sistema convencional, o custo para implementar o sistema requer apenas a compra da semente da gramínea e uma aplicação extra de herbicida. “O saco da braquiária está em torno de R$ 100 e dá para cultivar um hectare”, informa.

A pesquisa mostra quais espécies de gramíneas forrageiras melhor se adaptam ao sistema ILP nas condições do Semiárido e quais são mais adaptadas à formação de palhada para realização do sistema plantio direto de culturas em rotação. Ao longo do estudo, foram observadas as melhorias no perfil do solo, as espécies mais produtivas e mais resistentes ao estresse hídrico. O projeto é financiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e visa a ampliar a adoção do Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) na região.

Milho com gramíneas

Foram avaliadas diferentes formas de plantio de gramíneas cultivadas em consórcio com milho, entre elas: capins (buffel, andropogon, urochloa e mombaça) e braquiárias (brizantha cv piatã, decumbens e ruziziensis). Os plantios foram realizados a lanço, na entrelinha do milho e o milho solteiro.

Gráfico com a visão aérea do experimento

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A produtividade de milho para silagem e em grãos não foi prejudicada pelo cultivo em consórcio com as pastagens B. decumbens e B. brizantha cv. Piatã, pois não apresentaram diferenças estatísticas em relação à produtividade do milho solteiro. Os cultivos em consórcio com capins mombaça e urochloa apresentaram menor produtividade se comparados ao milho solteiro, provavelmente devido à competição entre as culturas.

“Apesar das chuvas terem se concentrado somente nos primeiros 60 dias após o plantio, ainda foram alcançados bons rendimentos de milho, tanto para silagem (acima de 30 toneladas por hectare) como em grãos (em torno de 4.200 quilos por hectare) para os cultivos solteiro e em consórcio com B. brizantha cv. Piatã e B. decumbens”, salienta o pesquisador.

A produção média do milho prevista para a Paraíba, segundo dados da Conab na safra 2015/2016, é de apenas 476 quilos por hectare. Além da degradação do solo e da irregularidade das chuvas, outros fatores contribuem para essa baixa produtividade, tais como a não adoção de cultivares produtivas, falta de correção do solo, adubação e o espaçamento inadequado.

Em todos os consórcios houve ganhos de produtividade de massa de forragem. A renda de massa verde (milho + pastagem) foi maior que a produção de massa verde do milho solteiro, com destaque para o consórcio milho + B. brizantha cv. Piatã, que alcançou produtividade média de 60 toneladas por hectare de forragem.

Recomendações de plantio

O pesquisador orienta que o plantio de espécies de gramíneas forrageiras consorciadas com milho deve ser feito a lanço antes do plantio do milho: “Primeiro, deve-se jogar a semente a lanço, depois a semeadora planta o milho. O próprio movimento da semeadora ajuda a enterrar a semente da gramínea e depois a chuva termina o trabalho”.

Ele recomenda o plantio do milho com a braquiária para não perder nenhuma chuva e otimizar o uso do fertilizante. “Isso é fundamental para o sucesso da agricultura no Semiárido porque aqui você não pode perder água de jeito nenhum,” ressalta.

Para reduzir a competição entre as culturas, o produtor pode aplicar uma subdose de herbicida. Ele enfatiza que, se o produtor quer produzir silagem, mesmo competindo um pouco, a produção da gramínea compensa a perda no milho. Se quiser produzir grãos, pode aplicar uma subdose de herbicida (1/5 da dose de nicosulfurom), que não mata a braquiária, mas a enfraquece um pouco e ela não compete com o milho no início, de acordo com o especialista que afirma que depois que o milho cresce, não ocorre mais competição.

As espécies Brachiaria brizantha cv. Piatã e Brachiaria decumbens foram as que menos prejudicaram a produtividade do milho e são as mais indicadas para o Agreste. “A braquiária piatã é bem resistente ao estresse hídrico. Nós tivemos 150 dias sem chuva e ela resistiu bem e ainda conseguiu produzir. Daí a importância da integração: se faltar água na época do enchimento de grãos e comprometer a produtividade do milho, a forragem ainda é viável. Se tivesse plantado só milho poderia ser perda total.”

Os próximos passos do projeto são inserir o sistema nas áreas de produtores do Agreste e identificar espécies de gramíneas forrageiras que melhor se adaptem ao Sertão, onde a disponibilidade de água é ainda menor.

Válido para todo o Brasil

O Plano ABC tem a finalidade de responder aos compromissos assumidos pelo País quanto à redução de emissão de gases de efeito estufa no setor agropecuário por meio da recuperação de pastagens degradadas, da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e do Sistema Plantio Direto. A meta é aumentar a adoção do Sistema ILP em quatro milhões de hectares e do sistema de plantio direto (SPD) em oito milhões de hectares em todo o País, evitando que entre 18 e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalente (que são todos os gases de efeito estufa produzidos na atividade medidos em comparação aos efeitos do gás carbônico) sejam liberadas.

O coordenador de manejo sustentável dos sistemas produtivos do Mapa, Elvison Nunes Ramos, enfatiza que o sistema ILPF é válido para todo o Brasil, mas requer geração conhecimento para ser adaptado às diferentes regiões. “É preciso ampliar o conhecimento e as opções para o Semiárido porque o clima é bem específico e determina as culturas que deverão ser adotadas e as possibilidades de rotação. É um trabalho de pesquisa local para conhecer o que se pode utilizar para essa região”, afirma.

 


25 jul 2016

SENAR difunde tecnologias sustentáveis no Maranhão

*Do SENAR/MA

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Satisfeita com o resultado dos seminários de sensibilização realizados nos municípios maranhenses que integram o bioma amazônico, a equipe do SENAR encerrou, neste final de semana, em Açailândia, a primeira etapa do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADAM), que também inclui a capacitação de 10 técnicos na metodologia de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).

Os dois seminários trataram especialmente das tecnologias Sistema Plantio Direto, Recuperação de Áreas Degradadas, Florestas Plantadas e Sistemas Agroflorestais, dentre eles a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O gerente de ATeG do SENAR-MA, Epitácio Rocha, comemorou o sucesso do segundo seminário  realizado  na sede do Sindicato dos Produtores Rurais de Açailândia (Sinpra), com a participação de pequenos e médios produtores rurais.

“Tanto o seminário de Santa Inês quanto este, do sul do estado, atingiram a meta desejada”, disse ele referindo-se à intensa participação de produtores, técnicos parceiros, professores, estudantes, lideranças políticas e sindicais que atuam no setor primário da região.

Participação intensa

A conferência foi composta por palestras ministradas pelo superintendente do SENAR-MA, Luiz Figueiredo, que fez a abertura e falou sobre o PRADAM. Houve também a participação do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Mário Frazão; do produtor rural e consultor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcelo Farias de Freitas; do presidente do Sinpra, Paulo Lira; e do consultor da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão (FAEMA), César Viana. Todos apresentaram as tecnologias sustentáveis preconizadas pelo projeto, com o intuito de conscientizar os presentes para o uso correto do solo e a consequente melhoria da produtividade.

O PRADAM é uma parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, (FAO), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, (MAPA), Embrapa e o SENAR e visa difundir práticas tecnológicas de Agricultura com Baixa Emissão de Carbono (ABC), na região Amazônica. Ao SENAR cabe a execução do projeto por meio da capacitação de técnicos que atuarão na elaboração de projetos e na assistência técnica pública e privada dos estados do Maranhão, Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso, nas tecnologias adaptadas ao bioma amazônico, com sua metodologia de ATeG.

De acordo com Luiz Figueiredo, o município de Açailândia foi escolhido para sediar o segundo seminário do PRADAM por concentrar grande parte das áreas degradadas e por estar integrado à região de maior representatividade econômica do estado – região tocantina.

“A região de Açailândia é fundamental porque envolve áreas de relevo muito movimentado onde a erosão atua de forma incisiva e o PRADAM é um dos instrumentos importantes para que isso não aconteça. Além disso, a região tocantina tem uma representatividade bem significativa nas áreas de pastagens degradadas no estado e a parceria entre o SENAR, Embrapa, FAO e MAPA é oportuna darmos continuidade em outras ações previstas no projeto, necessárias para consolidar o PRADAM no Maranhão”, disse ao iniciar a sua palestra.

Para o engenheiro agrônomo e consultor da Embrapa, Marcelo Farias de Freitas, o seminário foi uma excelente oportunidade de difundir as tecnologias alternativas de negócios sustentáveis.

“Como parceiro técnico da Embrapa há um ano, reforço o papel do PRADAM, cujo objetivo é sensibilizar e difundir uma alternativa que hoje é indispensável ao produtor rural, destacando a atitude que permite elevar a renda, conjugada à responsabilidade socioambiental”, ressaltou.

Para o presidente do Centro Brasileiro de Pecuária Sustentável (CBPS), Mauroni Cangussu, o PRADAM é um divisor de águas para o setor agropecuário da região, pois com sua presença, a exploração agrossilvipastoril passa a ser encarada também como responsabilidade ambiental.

“O seminário está denunciando o problema que todo o produtor rural já sabe, mas que não aplica e que acaba gerando menos recursos para ele. O PRADAM vem anunciar essa grande mudança”, destacou o produtor tocantino.


18 jul 2016

Primeiro laboratório de biogás do Brasil torna-se referência na América Latina e no País

Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono*

CIBiogás

O centro de pesquisa foi acreditado neste ano pelo INMETRO, dessa forma os produtores rurais passam a ter mais confiança para instalar tecnologias, gerar energia e trabalhar com o reaproveitamento dos resíduos sólidos dos animais

O CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás) criou o laboratório de pesquisa em Foz do Iguaçu (PR) no ano de 2011 para propagar e estudar os benefícios do biogás. Desde a criação, o instituto incentiva o treinamento dos colaboradores e realiza mudanças estruturais. O resultado desse trabalho levou à acreditação do espaço científico pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), neste ano.

O selo de qualidade foi conseguido graças à parceria com entidades, organizações e universidades que possuem trabalhos voltados para o desenvolvimento e a pesquisa do biogás, entre eles a Usina Hidrelétrica ITAIPU Binacional, a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A base de inspiração para o laboratório foi a Universidade de Recursos Naturais e Ciências Aplicadas à Vida (BOKU), na Áustria.

Segundo o diretor-presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis, os ensaios realizados são necessários para que proprietários rurais e diversas empresas tenham conhecimento da quantidade e da qualidade dos seus dejetos de animais ou resíduos da agricultura para a produção de biogás e, consequentemente, a geração de energia elétrica, térmica e veicular. “A acreditação possibilita mais credibilidade aos resultados, devido aos processos e procedimentos estarem em acordo com padrões mundiais”, pontua.

O laboratório já possibilitou cerca de 19.500 ensaios físico-químicos, microbiológicos e de potencial de produção de biogás. A maioria dos estudos é voltada para a área da suinocultura, mas as pesquisas abrangem também setores como a criação de aves e bovinos, cooperativas e aterros sanitários, além de estudos marítimos e de lagos. O biólogo marinho e estudante de pós-graduação em projetos sustentáveis pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodolfo Palaneck Alvarado, tem analisado os dejetos de Salmão no Chile e atualmente conta com o laboratório para desenvolver a pesquisa da produção de biogás na região.

“O Chile é o segundo maior produtor desse peixe no mundo. Se conseguirmos transformar os excrementos em energia elétrica, térmica ou veicular, isso representará um grande avanço ambiental e econômico para o país”, destaca.

Régis corrobora com os benefícios dessa energia renovável e destaca a sua importância para o futuro. “A cada dia o biogás vem vencendo a escassez de informações e provando sua força e seu potencial econômico, ambiental e social, ao levar competitividade, principalmente, para o agronegócio. Prova disso é que – apesar de um lento crescimento anterior da cadeia de produtos e serviços – agora o biogás aponta para um intenso crescimento, o que eleva – em escala – o fornecimento de equipamentos e tecnologias, diminuindo os custos e tornando-o ainda mais atrativo”, cita Régis.

Sobre o CIBiogás

O CIBiogás é uma instituição científica, tecnológica e de inovação, formada por um conselho, com 16 instituições que desenvolvem e/ou apoiam projetos relacionados às energias renováveis. Sua estrutura conta com um laboratório de biogás, no Parque Tecnológico Itaipu, em Foz do Iguaçu, e com 11 unidades de produção de biogás no Brasil.


12 jul 2016

Canal do Produtor TV recebe o representante da FAO no Brasil

*Do SENAR Brasil

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O Canal do Produtor TV recebeu o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, para falar sobre o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (PRADAM).

No quadro SENAR Brasil Entrevista, ele contou que a capilaridade do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e a técnica de ensinar conteúdos complexos de maneira efetiva foram determinantes para a cooperação.

Assista à entrevista na íntegra

Para visualizar a agenda de eventos do PRADAM, acesse: http://www.senar.org.br/abcsenar/pradam/

 


08 jul 2016

Série de seminários sobre o PRADAM começa pelo Pará

*Do SENAR Brasil

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Os princípios e tecnologias de produção sustentável no bioma amazônico preconizadas pelo Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia (PRADAM) – parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Brasil), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa – começaram a ser apresentadas para produtores, técnicos e estudantes nesta quarta-feira (6/7).

O primeiro seminário de sensibilização do projeto reuniu, aproximadamente, 200 pessoas, na sede do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá. Representantes do SENAR, da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) e do Mapa falaram sobre as quatro tecnologias oferecidas pelo PRADAM: Recuperação de Pastagens Degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Sistema Plantio Direto (SPD), Florestas Plantadas e Sistemas Agroflorestais (SAFs).

Carlos Xavier

Para o presidente da FAEPA, Carlos Xavier, o bioma amazônico vem sendo explorado nas últimas décadas, mas outras iniciativas do Sistema CNA/SENAR, como o Projeto Biomas, já demonstraram que a região pode servir de vitrine tecnológica para o desenvolvimento de atividades agrícolas com retorno econômico. Ele ressalta que a pecuária é a principal atividade dentro do agronegócio do Pará e que o PRADAM vai contribuir para que se possa fazer recuperação de áreas degradadas e aumentar a capacidade de animais nas pastagens. “Em qualquer atividade econômica você precisa agregar tecnologia e vamos aprender a fazer isso aqui, inclusive para dar resultado para o nosso País. Não tenho dúvidas de que teremos resultados altamente satisfatórios”.

Walter Cardoso

Na opinião do superintendente do SENAR-PA, Walter Cardoso, o PRADAM contribuirá de uma maneira efetiva para correções de situação referentes à proteção do ecossistema e para que os produtores obtenham uma melhor “performance” na sua atividade. “O projeto está exatamente condizente com a proposta do SENAR no estado do Pará e do SENAR Nacional. A nossa grande preocupação, como um todo, é levar aos produtores e trabalhadores rurais os bons ensinamentos para que eles possam desenvolver com sucesso o seu empreendimento agropecuário. Todo projeto que possa realmente contribuir para que o produtor rural tenha um melhor retorno econômico e social não só para si, mas como para a sua família também, nós apoiamos e vestimos a camisa”. Ele também entende que o PRADAM vai contribuir perante as cobranças dos órgãos governamentais, especialmente no que diz respeito às reservas florestais, áreas de conservação permanente, ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e ao Licenciamento Ambiental Rural (LAR).

Durante o seminário, os participantes também puderam aprender ainda mais sobre as práticas do projeto em duas palestras ministradas por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental. “Sistemas agroflorestais: alternativa à diversificação, segurança alimentar e conservação dos recursos naturais” foi o tema abordado por Débora Veiga de Aragão. Já Moacyr Dias Filho falou sobre recuperação de pastagens e iLPF.

Matheus Ferreira

O coordenador nacional de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR, Matheus Ferreira, observa que além de disseminar os conceitos das tecnologias de uma forma “aplicável” para os participantes, os seminários têm a finalidade de acabar com a resistência que às vezes existe em relação a esse tipo de práticas e mostrar que elas são viáveis, rentáveis e trazem grandes benefícios para quem as utiliza. Ferreira observa, ainda, que o PRADAM tem outra função relevante: desmistificar a ideia de que a exploração agropecuária na Amazônia desmata e promove o trabalho escravo “Quando se fala em região amazônica como um todo, existe um grande interesse de todos os países do mundo. O que PRADAM também quer mostrar é que existem formas sustentáveis de se produzir sem degradar o meio ambiente e que as áreas estão sendo preservadas, respeitando a legislação e, sobretudo, com ganho para o produtor rural”.

Além dos eventos de sensibilização que acontecerão nos outros estados integrantes da iniciativa (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão e Rondônia), está sendo organizada uma turma de capacitação com 60 técnicos de ATeG (10 de cada estado participante). O primeiro módulo do treinamento vai ocorrer no dia 11 de julho, na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). Com carga horária de 180 horas/aula, a programação prevê conteúdo tecnológico, metodológico e gerencial.

Evento reuniu centenas de pessoas em Marabá

Muitos benefícios com o PRADAM

Josenir Nascimento

O superintendente do Mapa no Pará, Josenir Nascimento, salienta que “cultura de recuperação de áreas degradadas” já é muito forte no Sul e Sudeste e é extremamente importante que o PRADAM traga isso para a região da Amazônia. “O maior patrimônio que é um produtor tem é a sua terra. Quando ele desenvolve um trabalho tecnificado para recuperar as suas áreas, ele está recuperando o seu patrimônio e isso é extremamente importante porque vai gerar mais renda e dar mais qualidade de vida para o produtor”. Outra vantagem que Nascimento enxerga no projeto é atender a uma demanda do mercado internacional, que prefere comprar de áreas certificadas e de origem, onde são conhecidas as práticas ambientais que os produtores utilizam.

Fábio Alves

Fábio Henrique Alves, que atua com técnico no SENAR-PA há mais de 15 anos, avalia que o principal benefício do PRADAM será a recomposição florestal e o alinhamento com as novas tecnologias de baixa emissão de carbono que são preconizadas pelo mundo. Segundo ele, o projeto poderá trazer vantagens tanto para grandes e médios produtores, através da recuperação de pastagens degradadas e do plantio de florestas plantadas, como para pequenos, que por meio da associação com serviços agroflorestais poderão obter uma fonte de renda extra durante todo o ano. Alves alerta que o principal desafio será promover uma mudança de paradigma em relação a uma cultura antiga que ainda existe na região que é a “derruba, queima e planta”. “Estamos trabalhando com algo que é meio ingrato que é a transferência por inveja. Nós vamos numa propriedade, aconselhamos um produtor que tenha um pouco mais de flexibilização, fazemos um trabalho lá e depois de dois ou três anos, quando esse produtor começa a ter retorno, a gente chama os outros pra mostrar que dá certo. Um produtor com outro produtor se entende melhor do que a gente ficar só falando de técnicas”.

Maurício Filho

O produtor rural e diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá, Maurício Fraga Filho, conta que quando a sua família chegou na região vinda de São Paulo, em 1973, era comum abrir áreas e “derrubar mato” para a pecuária. Mas agora isso mudou. Na opinião dele, o PRADAM, além de recuperar áreas degradadas e torná-las mais produtivas, terá o importante papel de evitar com que novas terras se degradem, o que vai estimular ainda mais o potencial produtivo da pecuária na região, que tem ótimas condições climáticas para a atividade o ano todo. “Tanto como pecuarista como diretor do sindicato, nós temos um interesse muito grande nesse projeto, mas o desafio sempre é financiamento. Precisamos de dinheiro para desenvolver esse projeto e reformar pastos. Cada vez os bancos exigem mais documento e isso dificulta um pouco o acesso ao crédito. Dinheiro tem, mas a dificuldade burocrática é o maior problema para a gente hoje”, afirma ele, que trabalha com recria e engorda de gado na região de Marabá.