O Projeto Rural Sustentável, iniciativa que apoia a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono, selecionou 49 Unidades Demonstrativas (UDs) na sua primeira fase. Foram escolhidas propriedades que já utilizam alguma das práticas apoiadas em quatro Estados: Bahia, Minas Gerais, Pará e Rondônia.
Parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), o Governo do Reino Unido, o Ministério da Agricultura e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Projeto capacita produtores com cursos de Formação Profissional Rural e oferece Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).
As tecnologias difundidas são: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), Recuperação de Áreas Degradadas, Plantio Comercial Florestal e Manejo Sustentável de Florestas Nativas.
O próximo passo é identificar Unidades Multiplicadoras (UMs), onde serão implantas uma ou mais práticas propagadas pelo Rural Sustentável. Também serão promovidas capacitações para técnicos de sete Estados – os quatro anteriores mais Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso.
“A ideia é pegar um exemplo que já existe e mostrar para outros produtores que você consegue produzir e conservar ao mesmo tempo”, declarou o coordenador nacional do Rural Sustentável, Alexandre Gessi.
Benefício inédito – Outro diferencial importante do Rural Sustentável é a bonificação dos produtores que já utilizam ou que pretendem implantar as tecnologias. Até o momento já foi distribuído quase R$ 1 milhão em recursos não-reembolsáveis para os selecionados.
O valor pago é de, aproximadamente, R$ 5 mil por hectare que se enquadre na proposta do Projeto. O limite é quatro hectares por produtor. Segundo Gessi, a grande maioria teve a área máxima permitida incluída, ou seja, receberam em torno de R$ 20 mil. O objetivo é alcançar 400 propriedades por Estado e distribuir R$ 24 milhões.
“Com o recurso, o produtor pode melhorar o que já está fazendo e ainda dissemina esse conceito”, afirmou ele.
Do total de UDs aprovadas pelo projeto, 29 foram na Bahia. Conforme o coordenador do Projeto no Estado, Carlos Rios, com a bonificação recebida por utilizar as tecnologias de baixo carbono, os produtores contemplados estão aplicando os recursos nas propriedades, ampliando ou melhorando suas lavouras.
“É uma ação inédita o produtor receber essa bonificação. Com ampliação e melhorias de suas lavouras, eles produzem mais e, consequentemente, lucram mais”.
No Pará, o efeito foi semelhante. O coordenador do Rural Sustentável no Estado, Dácio Carvalho, conta que a bonificação oferecida aos 18 produtores selecionados fez com que eles se sentissem reconhecidos e orgulhosos por promoverem a sustentabilidade.
“Muitos puderam investir em ampliação da área, implantando novas tecnologias como sistemas de irrigação com o intuito de aumentar a produção”.
Outro ponto importante é a oportunidade de multiplicar conhecimento ao apresentar a possibilidade de aumento de renda com a implantação de tecnologias sustentáveis.
“Assim formamos o tripé da sustentabilidade, embasado no ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável, através de ações eficientes e, principalmente, duradouras”, destacou Carvalho.
ATeG – Produtor de abacaxi e de melância e também piscicultor em Tailândia (PA), Anoir Picin teve quatro hectares da sua propriedade identificados dentro da tecnologia Recuperação de Áreas Degradadas e recebeu R$ 20,8 mil.
Para ele, o recurso oferecido pelo Rural Sustentável é muito importante, mas a ATeG é ainda mais relevante. Picin, que veio do Paraná, explica que a região tem características diferentes – como elevada umidade e incidência de pragas – e o produtor precisa fazer diversas tentativas até obter resultados.
“Levei três anos para começar a produzir abacaxi. Precisamos de acompanhamento e instrução e assistência técnica é primordial. Esse Projeto abriu uma janela de esperança para ver se conseguimos continuar no ramo que a gente gosta”.
José da Conceição cultiva cacau e seringueira em Igrapiúna (BA). Ele teve apenas um hectare classificado como Sistemas Agroflorestais (tecnologia incluída dentro de iLPF), mas afirma que o recurso doado pelo Rural Sustentável – pouco mais de R$ 5 mil – já ajudou em melhorias na propriedade.
“Limpei a área, comprei adubo e paguei a mão-de-obra. Quero melhorar, já que a propriedade será demonstrativa. Se vierem mais recursos é melhor ainda, pois pretendo ampliar. É fundamental cuidar do Meio Ambiente e mostrarmos para mais gente que não podemos degradar”, ressaltou.
Assessoria de Comunicação Sistema CNA/SENAR