*Por Embrapa Meio Ambiente
Um projeto de longa duração para realização de pesquisas e difusão tecnológica na área da Agrishow foi apresentado durante a 23ª edição da Feira, pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A Vitrine Tecnológica Sustentável terá foco no desenvolvimento e transferência de tecnologia em pecuária de corte e recuperação de áreas degradadas, por meio do uso da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
O projeto prevê a implantação do sistema ILPF em uma área de 44 hectares que ficará dentro da Agrishow até 2028 e será de responsabilidade da Agência, por meio de seus polos regionais e do Instituto de Zootecnia (IZ), e da Embrapa Meio Ambiente. O projeto total é estimado em R$ 3 milhões. A Apta e a Embrapa buscam parcerias com instituições privadas para a execução dos trabalhos.
O projeto foi lançado em 28 de abril de 2016, o objetivo da parceria é gerar, consolidar e promover tecnologias para a produção de bovinos de corte nas fases de recria e terminação em sistemas integrados. A expectativa é que na área sejam apresentadas oportunidades de uso eficiente do solo, considerando a recuperação de áreas degradadas ou em degradação e a renovação de áreas canavieiras.
O evento reuniu a organização da Agrishow e empresas participantes da Feira, como a empresa John Deere, que manifestou interesse em participar do projeto.
Os pesquisadores também querem mostrar aos produtores rurais a importância de incluir culturas anuais ou de ciclo longo em áreas exclusivas para pastagem. “A inserção de soja e eucalipto nessas áreas contribuem para a produtividade animal e vegetal, melhoria das condições do solo e sustentabilidade de sistemas de produção de carne. Com o sistema ILPF o produtor também diversifica sua renda. A Vitrine Tecnológica Sustentável servirá como um modelo que possibilitará o conhecimento do agricultor das novidades da pesquisa para melhorar sua produção”, afirma Renata Helena Branco, pesquisadora e diretora-geral do IZ.
De acordo com o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, o lançamento da área, que realizará pesquisa e servirá para difusão tecnológica, é um momento histórico. “Estamos muito confiantes com a realização desse projeto, que terá impactos efetivos na produtividade e sustentabilidade ambiental. As parcerias com o setor produtivo são fundamentais para a concretização desse projeto e temos a pretensão de achar que quem vier para ele, se dará muito bem, pois integraremos os conhecimentos das nossas instituições”, afirmou. Segundo Jardim, uma das diretrizes propostas pelo governador Geraldo Alckmin é aproximar a pesquisa do setor produtivo.
A expectativa é que sejam avaliados na área sistemas de sucessão de culturas que incluirão soja para a produção de grãos e milho consorciado com capim para produção de silagem, inseridas em áreas de plantio de eucalipto e mogno africano.
Os sistemas de ILPF e integração lavoura-pecuária ILP têm como vantagens a melhoria na qualidade da pastagem, o aumento do conforto animal, da conservação do solo e a diversificação da fonte de renda do produtor. O principal benefício é a recuperação de pastagem, essencial para fornecer os nutrientes necessários à alimentação animal e evitar processos de degradação, como a erosão. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo estima que 4,8 milhões de hectares de pastagens estejam em estágio mediano de degradação e outros 1,5 milhão em estágio avançado em todo o Estado de São Paulo.
O IZ iniciou, em 2015, o Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados (Propasi) com o objetivo de desenvolver uma pecuária intensiva, com sustentabilidade ambiental e respeito ao bem-estar animal, nas unidades de Nova Odessa e Sertãozinho, interior paulista. O Programa já contempla alguns projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com o objetivo de avaliar os diversos sistemas existentes, a influência de diferentes tipos de plantios na produção de forragem, bovinos de corte e leite e os impactos no solo e nas emissões de gases de efeito estufa. Também é objeto de estudo avaliar a produção do capim-marandu e o desenvolvimento das árvores de mogno africano em cultivo exclusivo – padrões comerciais – e em sistema ILP.
Parcerias
Durante o evento de lançamento, Paulo Herrmann, presidente da John Deere no Brasil, manifestou interesse em aderir ao projeto. Segundo Herrmann, o sistema ILPF gera a sustentabilidade ambiental, econômica e proporciona mais receita ao agricultor durante todo o ano. “Esse projeto é a grande revolução de recurso, pois possibilita trabalhar de maneira mais intensa as potencialidades dos campos tropicais. Produzir e preservar não são verbos antagônicos. Esta é uma oportunidade de montar um sistema que dê ao agricultor uma tranquilidade maior, para que ele fique mais protegido das intempéries, mitigue os riscos de clima e de mercado e tenha uma sustentabilidade econômica mais assegurada”, afirmou.
O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Francisco Matturro, também aprovou o projeto. Segundo ele, a Vitrine Tecnológica Sustentável estará inserida em um grande centro do agronegócio, a cidade de Ribeirão Preto. “Mas a grande vantagem é a parte técnica envolvida, com os pesquisadores do mais alto nível do IZ, APTA Regional, Instituto Agronômico (IAC) e Embrapa. Temos a oportunidade de transformar esta pequena propriedade, em uma grande vitrine, junto com a Agrishow, em que o público da feira poderá conhecer o programa funcionando, com os custos computados”, explicou.