27 ago 2015

Seminários de sensibilização do Projeto ABC Cerrado chegam ao Piauí

*Do SENAR

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Depois do Distrito Federal, do Tocantins e de Goiás, o Piauí foi o quarto estado a receber o seminário de sensibilização do Projeto ABC Cerrado realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), no campus da Universidade Federal do Piauí (UFP), no município de Bom Jesus (PI), nesta quinta-feira (27/8). O seminário apresenta o projeto, desmistifica conceitos e demonstra a aplicabilidade de quatro tecnologias de baixa emissão de carbono difundidas – Sistema Plantio Direto (SPD), Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e Floresta Plantada (FP).

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Aproximadamente 100 produtores rurais e estudantes assistiram à palestras de representantes do SENAR, do Ministério da Agricultura, da Embrapa Meio-Norte e do Banco do Brasil. O assessor técnico do SENAR Mateus Tavares, destaca que os seminários são a vitrine para o produtor conhecer as tecnologias. “É o primeiro passo. Inicialmente eram 15 seminários, mas pela importância e para ter uma abrangência maior e chegar regionalmente ao produtor, decidimos ampliar o número. Vamos fazer um cadastro dos produtores interessados em conhecer e adotar as tecnologias e ofereceremos treinamento a eles”.

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Segundo o coordenador do Projeto ABC Cerrado no Piauí, Afonso Ferreira, o estado deverá ter três polos principais de aplicação das técnicas: em Correntes, com foco na recuperação de pastagens degradadas, e em Bom Jesus e Uruçuí, onde existe demanda para plantio direto e ILPF. Ele acredita que  o seminário contribui, principalmente, para que os estudantes e filhos de produtores “comprem” as inovações propostas pelo projeto.

“Esse público é mais aberto para as novas tecnologias. Queremos mostrar que a integração entre pecuaristas e agricultores é possível e que eles podem trabalhar atividades em conjunto e ainda preservar o meio ambiente, como acontece na ILPF”, declara Ferreira. A meta do SENAR Piauí é capacitar 1.200 produtores e técnicos até 2017.

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O pesquisador da Embrapa Meio-Norte e coordenador de projetos de ILPF na região do Matopiba, Marcos Teixeira, diz que o Projeto ABC Cerrado é fundamental para a replicação e implementação das tecnologias desenvolvidas, pois oferece treinamento e assistência técnica para pequenos e médios produtores. De acordo com ele, a iniciativa tem potencial de expansão no Piauí, onde em algumas regiões, como no cerrado, 80% dos sojicultores já utilizam o plantio direto.

“Uma das maiores vantagens do projeto é a diversificação da exploração, saindo da monocultura. É possível ter várias atividades produtivas na mesma área. Outro benefício acontece na parte ambiental com a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo. Além de ajudar na recuperação, mantém o solo produtivo para as futuras gerações”.

Estudantes interessados

Desde o ano passado, a Embrapa e a UFP mantém uma área experimental na fazenda da universidade, no município de Alvorada do Gurguéia, para estudos e pesquisas de sistemas integrados. O professor da UFP, Rafael Felipe Ratke, explica que no local os estudantes podem ver a aplicação de recuperação de pastagens, a ILPF e o consórcio de leguminosas com gramíneas.

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Projetos como o ABC Cerrado são o caminho. Aqui o solo é pouco fértil e arenoso. Para recuperar essas áreas, colocar palhada e fazer a fixação de carbono, só integrando as ações. Uma atividade sozinha não vai fazer isso. Precisamos dessas tecnologias para aumentar o rendimento por área e melhorar a qualidade do solo”, observa.

Acadêmico de Engenharia Agronômica da UFP, Edivaldo Sousa Santana, conta que já conhecia o Projeto ABC Cerrado e ressalta a importância do seminário. Na opinião dele, o trabalho de conscientização é “imprescindível” para que alunos, produtores e técnicos possam entender e depois conseguir colocar em prática as técnicas sustentáveis de baixa emissão de carbono.

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“A região é promissora, mas carente de informações. Da forma como o SENAR vem fazendo, que é sensibilizar, capacitar e oferecer assistência técnica, o projeto tem tudo para dar certo aqui no Estado”, acredita.

Camile Carvalho Lopes, aluna da mesma faculdade e integrante do grupo de pesquisa Solos, Produção Vegetal e Qualidade Ambiental na Região dos Cerrados (Solocer), da UFP, salienta a importância das etapas previstas dentro do ABC Cerrado – divulgação, capacitação e assistência técnica – e reforça os benefícios que a iniciativa poderá trazer para o Piauí.

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“Temos um solo pobre, que precisa de constante adubação. Com essas técnicas, poderemos repor um pouco daquilo que é retirado. Mas o produtor precisa fazer a sua parte e buscar atualização. É moda falar em sustentabilidade, mas é necessidade também. Temos que cuidar para que os próximos possam usar a terra”, alerta.

Projeto ABC Cerrado

Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC Cerrado  difunde e incentiva a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado. O SENAR é responsável pela formação profissional dos produtores nas tecnologias e pela assistência técnica e gerencial de propriedades rurais, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – administrados pelo Banco Mundial, que doou US$ 10,6 milhões para a execução do projeto.

O ABC Cerrado vai atender oito Estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema plantio direto e florestas plantadas. Ao todo, 12 mil produtores rurais vão receber capacitação e, desse total, 1.600 propriedades – nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul – receberão, também, assistência técnica.

Fotos: Gustavo Fröner

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