*Do SENAR
Motivados a investir e ampliar a produção de grãos no Tocantins, os produtores rurais do Estado terão à disposição as tecnologias de baixa emissão de carbono difundidas pelo Projeto ABC Cerrado para realizar esse desafio. Nesta quarta-feira o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) iniciou a nova fase de seminários de sensibilização do Projeto ABC Cerrado, em Gurupi. Outros três seminários estão previstos para o Estado: em Porto Nacional (20/8), Pedro Afonso (26/8) e Araguaína (27/8).
Os eventos são realizados nos municípios considerados chave para o Projeto ABC Cerrado. A programação inclui a apresentação do projeto, a desmistificação dos conceitos e a aplicabilidade das tecnologias de baixa emissão de carbono, além das vantagens e resultados dessa aplicação. Nos encontros também são debatidas as tecnologias que serão trabalhadas: Sistema Plantio Direto (SPD), Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD), Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e Floresta Plantada (FP).
“As tecnologias do Projeto ABC Cerrado, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), atendem a tendência do Estado de uma agricultura voltada para a produção de grãos. Elas vão viabilizar a intensificação da produção nas mesmas áreas e a diminuição da pressão sobre as florestas, algo fundamental para o desenvolvimento dessa nova fronteira agrícola do País, onde o Tocantins está localizado”, declara o coordenador técnico do Projeto ABC Cerrado, Igor Orígenes Moreira Borges, que foi um dos palestrantes do evento.
Em Gurupi, o seminário reuniu aproximadamente, 250 produtores rurais, presidentes de sindicatos rurais e associações, técnicos agrícolas e estudantes do Instituto Federal do Tocantins (IFTO). Durante o encontro também foram realizadas palestras sobre o Plano ABC/FIP, com representante do Ministério da Agricultura Sidney Medeiros; Tecnologias do Plano ABC, com o pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida; e o Grupo Gestor do Programa ABC no Tocantins (GGABC/TO), com o coordenador Fernando Fernandes Garcia.
“O ABC Cerrado é uma das ferramentas para auxiliar no cumprimento das metas e na expansão do Plano ABC através da oferta de capacitação e assistência técnica. Os seminários são importantes para informar os produtores sobre a existência do projeto e mobilizar todas as pessoas que têm relação com o setor. Dessa forma, o proprietário de uma revenda de insumos, por exemplo, terá condições de multiplicar o projeto e até de se beneficiar com os seus frutos”, prevê Medeiros.
Apoio na produção de grãos
Segundo o coordenador regional do Projeto ABC Cerrado, Darlúcio Veras Parrião, a previsão é que 1.960 produtores sejam capacitados e 300 recebam assistência técnica, no Tocantins. Segundo ele, três tecnologias de baixo carbono deverão ter grande aceitação e serão essenciais para contribuir com o objetivo de aumentar a produção de grãos no Estado: a ILPF, o sistema plantio direto e a recuperação de pastagens.
“O Estado cresceu muito na produção de soja e a tendência é continuar ampliando a área e a produtividade nos próximos cinco anos. Muitos produtores de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul estão adquirindo terras aqui e estamos completamente inseridos no Matopiba, a nova fronteira agrícola do Brasil”, ressalta.
Fernando Fernandes Garcia, do Grupo Gestor em Tocantins, também acredita que o Projeto vai colaborar para o Estado continuar no ritmo de aumento da produção de grãos que vem alcançando – uma média de 10% – nos últimos anos. Para Garcia, que coordena as 22 instituições integrantes do Grupo, os principais benefícios da iniciativa serão a assistência técnica e o suporte tecnológico que serão oferecidos.
“A assistência técnica ainda é deficiente no Estado. O ABC Cerrado vai qualificar os nossos técnicos para assistir os produtores, que são cada vez mais exigentes, com conhecimento. O Tocantins já é uma referência em ABC no Brasil e queremos continuar sendo exemplo de uma agricultura sustentável”.
Exemplo para motivar
A experiência e os resultados alcançados pela Fazenda Trigueira, localizada no município de Pium (TO), também foram um dos destaques do primeiro seminário realizado no Tocantins. A propriedade, que tem 1.845 hectares e foco na pecuária, começou a implementar a recuperação de áreas degradadas em 2012. A partir deste ano, a fazenda – que é considerada Unidade de Referência Tecnológica (URT) – contará com integração lavoura-pecuária em 93 hectares.
De acordo com o proprietário da fazenda, Gustavo Lima, a motivação para a adesão às tecnologias foi o “encolhimento da atividade” devido a falta de pastagens para o gado. A necessidade de estabelecer um modo sistematizado para aprimorar práticas que eram feitas sem o conhecimento adequado também contribuiu.
“Já conseguimos aumentar o rebanho em 30% apenas com manejo e recuperação de áreas. Contamos com assistência técnica da agência estadual há 3 anos, mas a capacitação é essencial. Precisamos de funcionários qualificados para fazer as atividades na fazenda e o SENAR poderá ajudar nisso”, avalia.
Projeto ABC Cerrado
Ação conjunta do SENAR, do Ministério da Agricultura e da Embrapa, o Projeto ABC Cerrado difunde e incentiva a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico mantendo o meio ambiente preservado. O SENAR é responsável pela formação profissional dos produtores nas tecnologias e pela assistência técnica e gerencial de propriedades rurais, com recursos do Programa de Investimentos em Florestas (FIP, sigla em inglês) – administrados pelo Banco Mundial, que doou US$ 10,6 milhões para a execução do projeto.
O ABC Cerrado vai atender oito Estados do Bioma Cerrado (Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais e o Distrito Federal), num período de três anos, com a promoção de quatro processos tecnológicos: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema plantio direto e florestas plantadas. Ao todo, 12 mil produtores rurais vão receber capacitação e, desse total, 1.600 propriedades – nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul – receberão, também, assistência técnica.