* Do Canal do Produtor
Há 20 anos, Walter Müller é pecuarista no Estado do Pará. Hoje cria aproximadamente 2.500 cabeças de gado. Em 2013, esteve na Fazenda Santa Brígida, em Ipameri, no Estado de Goiás. Ficou impressionado com o sistema de integração entre Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) implantado por lá. Foi quando Walter Müller procurou uma unidade da Embrapa Amazônia Oriental, localizada em Marabá, no Pará.
“Cheguei lá perguntando quem poderia me ajudar a implantar a integração entre lavoura, pecuária e floresta. O técnico me respondeu que a Embrapa estava procurando uma propriedade rural para fazer experimentos do Projeto Biomas na Amazônia. Respondi que aceitaria ceder uma parte da minha propriedade para todos os experimentos, mas que o primeiro deles deveria ser a integração do ILPF”, contou o pecuarista.
Foi assim que o Projeto Biomas instalou suas pesquisas na Fazenda Cristalina, localizada há 100 quilômetros de Marabá, no Pará. “Em dezembro de 2013, nós plantamos o Eucalipto para começar a o experimento com o sistema integrado entre lavoura, pecuária e floresta. Em março e julho de 2014, plantamos o milho. Colhemos entre 50 e 70 sacas por hectare. Em dezembro de 2014, plantamos soja. A colheita foi de 50 sacas por hectare. A venda das colheitas já pagaram todos os custos com a plantação do eucalipto e custos de maquinário e mão-de-obra. A previsão é plantar milho novamente em dezembro de 2015. Juntamente com o milho, colocaremos a semente de capim para vir a pastagem”, explicou Roni de Azevedo, agrônomo e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, que atua no Projeto Biomas e é responsável pelo experimento de integração lavoura-pecuária-floresta na Fazenda Cristalina.
Ele explicou que, com a colheita do milho em abril de 2016 e o pasto pronto, o gado do poderá ser manejado para a área do experimento em maio de 2016. “Aqui na região do Pará, os pecuaristas costumam colocar de 2 a 4 unidades animais por hectare. Com o eucalipto e o preparo da área, esperamos incluir mais de 5 unidades animais por hectare”, fala Roni de Azevedo.
O sistema de integração entre lavoura, pecuária e floresta traz benefícios para o produtor rural. Além de aumentar a quantidade de animais em menor espaço, o gado engorda mais e a sombra da árvore ainda proporciona bem estar animal. “Ou seja, eu ganho com a engorda do gado e ainda faço o reflorestamento da minha área. Além disso, as colheitas já pagaram grande parte do meu investimento nesse sistema ”, diz Walter Müller.
O pecuarista está animado com os resultados e não se arrepende de ter cedido parte da sua fazenda para os pesquisadores do Projeto Biomas. Walter Müller emprestou 35 hectares de sua propriedade rural para o Projeto Biomas, onde foram instalados 22 projetos de pesquisa com árvores. Seis desses projetos foram mostrados no Dia de Campo do Projeto Biomas na Amazônia, realizado na última sexta-feira, 19 de junho.
A utilização do Eucalipto
O Eucalipto é o tipo de árvore mais utilizado nos sistemas de integração entre lavoura-pecuária-floresta em todo o Brasil. “O eucalipto já tem material genético específico. Ele se adapta bem em todos os biomas. Pensamos em utilizar paricá ou outra nativa da Amazônia para implantar o sistema de integração lavoura – pecuária – floresta aqui no Pará, mas o risco era grande”, explica Alexandre Mehl Lunz, Coordenador Regional do Projeto Biomas na Amazônia.
Gustavo Curcio, Coordenador Nacional do Projeto Biomas pela Embrapa, comenta que o sistema de integração-lavoura-pecuária-floresta tende a ser ainda mais utilizado nas propriedades rurais do Brasil devido ao ganho econômico e ambiental que gera aos produtores. “Entretanto, no bioma Caatinga ainda precisamos de mais tempo de pesquisa. Lá os sistemas integrados ainda não estão bem desenvolvidos devido às especificidades da região”, diz o coordenador do Projeto Biomas.
O eucalipto gera renda ao produtor. Sua madeira é responsável pelo abastecimento da maior parte do setor industrial de base florestal. Da madeira de eucalipto, atualmente, se produzem por ano, no setor de celulose, 5,4 milhões de toneladas de celulose, representando mais de 70% da produção nacional. Outro número impressionante é o setor de carvão vegetal, com uma produção anual de 18,8 milhões de m³.
Sobre o Projeto Biomas
O Projeto Biomas, iniciado em 2010, é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições, em um prazo de nove anos.
Os estudos estão sendo desenvolvidos nos 6 biomas brasileiros para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas.
O Projeto Biomas tem o apoio do SENAR, SEBRAE, Monsanto e John Deere. Na Amazônia, o Projeto Biomas conta com o apoio da Embrapa Amazônia Oriental, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA, Instituto Federal de Ciências e Tecnologias do Pará, EMATER-PA, Ideflor-Bio, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Universidade do Estado do Pará.
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