15 set 2016

Mercado de ativos ambientais é uma oportunidade a ser desenvolvida no Brasil

*Do SENAR Brasil

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O painel Serviço Ambiental e Oportunidades encerrou a programação do 1º Seminário Internacional sobre Resiliência Climática e Descarbonização da Economia, realizado pelo Sistema CNA/SENAR, nessa quarta-feira (14/09). Com a mediação do presidente da Comissão de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Justus, os debatedores apresentaram programas de neutralização, mercado voluntário, gestão de fundos e oportunidades de investimentos para as soluções climáticas e melhorias de políticas públicas.

Justine Leigh-Bell

A gerente de Padrões e Sistema de Certificação, da Climate Bounds, Justine Leigh-Bell, explicou que o mercado de capital ambiental atrai investidores da União Europeia.  “Essa é uma oportunidade incrível a ser aproveitada no Brasil, que tem potencial para ser líder no mundo de finanças ambientais. Este País tem tradição e história na agropecuária com a oferta de produtos diversificados. Isso tem de ser considerado”, enfatizou Justine, reforçando que há aproximadamente 100 trilhões de ativos no mundo. “Não há falta de ativos, mas dificuldade para acessá-los”.

Eduardo Delgado Assad

O pesquisador da Embrapa, Eduardo Delgado Assad, falou sobre o mercado potencial fornecedor do serviço ambiental – Ativos Econômicos, no Brasil. Como exemplo, ele citou estudo para apoio à implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que está sendo desenvolvido em algumas áreas dos biomas Cerrado e Mata Atlântica para quantificar o passivo ambiental – obrigações de curto e longo prazo que as empresas assumem para promover o melhoramento ambiental – em Áreas de Proteção Permanente – Hídricas (APP).

Previsto para abril de 2017, o estudo vai analisar 369 milhões de hectares. Já foram analisados 157 milhões de hectares, abrangendo 1.742 municípios, com mapeamento de aproximadamente 5 milhões de passivos de APP que poderão ser transformados em ativos econômicos.  “O estudo apresentará uma perspectiva de pagamento de serviço ambiental que precisa ser recuperado com pelo menos sete modelos de revegetação para a recuperação da APP hídrica, com exemplos de mudas que podem ser plantadas. O sistema indica a latitude e longitude e a espécie que deve ser plantada até o momento do sequestro de carbono”, declara Assad.

Marco Antônio Fujihara

O Diretor da Keyassociados, Marco Antônio Fujihara, explicou o sistema de negociação do ativo econômico do Mercado Formal passando por algumas definições dos serviços ambientais e o mercado financeiro no Brasil. Ele faz parte do Katoomba Group, um grupo de economistas florestais de todo o mundo que discute precificação e ativos ambientais. O grupo estuda formas para juntar ativos ambientais e mecanismos financeiros.

“Existem várias maneiras de monetização do carbono, além do sistema de compra e venda, que, no Brasil, podem ser reguladas pela Cetip – companhia de capital aberto que oferece serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos”, ressaltou Fujihara.

A consultora de sustentabilidade da Klabin, maior empresa produtora e exportadora de papeis do Brasil, também participou do 1º Seminário Internacional sobre Resiliência Climática e Descarbonização da Economia. Ivone Namikawa contou como a empresa contribui com os serviços ambientais e citou exemplos de incentivos à restauração. “Monitoramos a biodiversidade na unidade do Paraná desde a década de 80. O manejo florestal adequado permite a manutenção da fauna dentro da floresta. Em nossa área existem corredores que protegem espécies ameaçadas de extinção, como a jaguatirica e o lobo guará”, declarou Ivone, afirmando que nessa mesma unidade para cada 100 hectares de florestas plantadas, 82 são de mata nativa.

Ao final, o moderador do painel propôs a criação de um grupo para continuar os debates, desenvolver outros trabalhos e apresentar uma proposta de regulação do mercado de ativos ambientais para o governo.